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quinta-feira, 13 de abril de 2017

[Escrito em 13/04/2017] - Por quanto tempo a gente consegue ir acumulando e silenciando sentimentos, dores, angústias. Por quanto tempo conseguimos calar o nosso corpo. Os sapos que engolimos, os desaforos não respondidos, os ataques suportados e as dores aparentemente aplacadas, pra onde vai tudo isso? Seguimos, crentes de que tudo está bem, mas a ferida continua aberta. Fingimos que ela não existe, até que ela reaparece enorme e, assustados, não sabemos lidar com ela. Ansiedade é isso, é o corpo que grita, que pede socorro e clama por reação.

Convivi com a ansiedade por muito tempo, até o momento que eu acreditei que ela estava vencida e que não voltaria mais a atingir níveis tão incômodos. Superei ela mudando a perspectiva sobre as coisas à minha volta, com atividades que durante muito tempo eu usei como terapia (o blog, por exemplo), mas nunca cheguei fazer acompanhamento profissional ou qualquer tipo de intervenção medicamentosa.

Aplaquei a ansiedade adotando um ritmo de vida extremamente acelerado: trabalho, ativismos, estudos, leitura, mais trabalho, mais estudos, correria ensandecida. Foi bem enquanto o ritmo foi mantido, ou eu consegui me enganar que estava indo bem. Mesmo nas minhas últimas férias a correria foi mantida. Nesta, eu resolvi diminuir o ritmo, estranhamente foi pior.

Situações que estão fora do meu controle e que têm me causado apreensão e angústia trouxeram novamente à tona a sensação de medo constante, a vontade de chorar sem motivo aparente (mesmo sem qualquer tipo de tristeza), a vontade de fugir e algo que eu não tinha experimentado até então: uma barreira com relacionamentos, erguida pelo medo, por uma estranha expectativa que paira no ar de que em algum momento algo muito ruim irá acontecer, de novo.

O medo tem me paralisado e eu não estou sabendo lidar com ele. Fisicamente, reapareceram outros sintomas, com uma intensidade muito maior, as crises de gastrite, as cólicas intestinais, sensação de fadiga, mãos suando o tempo todo, problemas na pele. C'est la vi, companheiros, ela não está fácil, mas a gente vai levando...