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domingo, 23 de janeiro de 2011

Desabilitado V

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A última aula, feita antes do exame foi um desastre, estava muito mais nervoso que de costume. Não conseguiu fazer corretamente a baliza e suas mãos e pés suavam intensamente. A ansiedade, pela quarta vez, lhe tiraria a chance de conseguir a cobiçada habilitação para dirigir. Esquecer um “sinal de braço”, para sinalizar uma parada, lhe impedia de chegar ao fim do exame. Faltava apenas a baliza para que a carteira estive dentro de alguns dias em sua mãos. A reprovação como já era de se esperar deixou-o muito mal, se sentia um idiota e nem sequer conseguia tocar no assunto sem ter que se abater com a culpa de ter esquecido algo tão básico. Era como se tudo conspirasse para impedi-lo de fazer uma exame bem sucedido. Chegou, em momento de intensa raiva, a questionar a ajuda de Deus, talvez nem fosse certo esperar Dele este tipo de ajuda... Apesar de mais uma tentativa fracassada decidiu tentar alguma outra vez. E se a sua pauta vencesse, azar! Lembrou então da canção que dizia: “quando eu tiver dinheiro, eu prometo a mim mesmo que eu só vou andar de taxi”, talvez fosse a sua sina...
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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Desabilitado IV

A terceira e quarta aula aconteceram sem muitas novidades, ele parecia estar um pouco melhor com relação às duas anteriores. Chegara então o dia do exame, naquele noite ele não conseguiu dormir bem, e acordou com uma intensa dor de cabeça. Ainda estava conseguindo manter a postura de não falar com ninguém sobre seus planos, ele acreditava que talvez assim o peso sobre si seria menor, afinal não teria de prestar contas a ninguém. Seu sucesso ou possível fracasso só diria respeito a ele. Mesmo depois de tantas tentativas e tantas aulas, ele não conseguia ter autoconfiança, preferia confiar que Deus pela Sua graça tivesse misericórdia, mesmo não se considerando digno de merecimento... Faria ainda naquele dia, antes da prova, a última aula. Temia que sua ansiedade viesse a lhe atrapalhar, mas estava disposto a tentar. Dentro de algumas horas já teria alguma resposta...

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Desabilitado III

Sua segunda aula lhe deixou um pouco menos otimista, talvez fosse preciso mais prática do que ele tinha imaginado. O exame (seu 4°) seria já na próxima sexta-feira e ele ainda não estava muito confiante. Na aula fez apenas o mesmo de sempre, baliza, controle de embreagem, conversões, etc. Para que possamos nos ambientar, talvez seja interessante registrar aqui que na cidade onde mora nosso personagem, diferente da maioria das cidades de médio e grande porte, o exame não acontece em uma área específica, e sim em ruas de um bairro residencial, o que dificulta muito, em parte devido ao constante transito de crianças e ciclistas que não respeitam nenhuma das normas de trânsito. Além disso, ele tinha ainda uma grande bronca com o fato de que durante a prova os condutores eram induzidos a praticar uma modelo de direção corretiva, ao invés da defensiva, fazendo assim o oposto do que haviam aprendido nas aulas teóricas. Cesta vez questionou junto ao seu instrutor: "Ou vão me dizer que alguém sai de casa com o carro sem saber qual o trajeto vai fazer, e em cima de um cruzamento decide: 'vou para a direita!'". Apesar de seus questionamentos os exames continuariam como sempre foi... 

Qualquer espécie de afago

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Naquela noite ele estava abatido, uma intermitente dor de cabeça o deixava ainda mais nervoso. Era um aperto tal como se o seu mundo estivesse se convertido em um ambiente sombrio e claustrofóbico. Já há muito ele sentia que suas possibilidades ali estavam escassas e que a fuga poderia ser a sua melhor dentre as possíveis soluções, se não a melhor, ao menos a mais, aparentemente aceitável. Lhe atormentava o fardo de escolhas e erros que não eram seus, queria ele poder colher os frutos de sua própria vontade. Mas no fundo ele temia; temia a si mesmo, temia a sua inércia e a sua visível degradação. Poderia ele estar se tornando mais um vítima do mal deste século: a depressão. Mesmo naqueles momentos mais desconfortáveis ele nem sequer cogitava procurar ajuda de um profissional, afinal não queria ter que pagar para alguém lhe dizer tudo aquilo que já sabia, que já estava cansado de saber. Como ninguém ele conhecia cada uma das causas do estado em que se encontrava. Mas isso em nada lhe ajudava... Quem sabe se ele escrevesse como costumava fazer? Talvez assim a raiva passasse... E a cefaléia, continuaria o incomodar? Ele questionava consigo: seriam as dores a causa ou só mais uma consequência de um problema maior? Talvez não se conhece tão bem como pensava, talvez nem sequer compreendesse mais o que era causa nem o que era efeito. Mas ele não estava louco, só estava cansado... Era a estafa mental quem o colocara diante do computador no meio da madrugada a digitar baboseiras sem sentido. Talvez ele ainda achasse que ao publicar aquilo, como num passe de mágica , tudo que sentia fosse desaparecer. Porém a realidade era mais cruel. Talvez ainda precisasse mendigar, para que um desconhecido qualquer se prestasse a ler (ou a fingir que leu) e postar algum comentário sobre seus desabafos. Isto, junto com as estatísticas de visitas de seu Blog, quem sabe, mesmo que só por alguns instantes não lhe trouxesse alguma espécie de afago...

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Desabilitado II

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Ontem foi a 1° aula de direção depois de alguns meses parado. Ainda estava apreensivo e a sensação de ter jogado dinheiro fora com novas aulas ainda não lhe abandonara. Decidiu não contar para ninguém sobre seus planos, mas como era de costume em breve já estaria todo mundo sabendo. Ao final da aula ele se avaliou, concluiu que não tinha sido de todo ruim, é certo que precisaria de um pouco mais de prática antes da temida prova. Ao menos ele não tinha esquecido tudo que aprendera... Seria hoje, dentro de algumas horas a segunda aula, ele ainda não estava confiante, porém o medo já estava passando. Teria ele coragem de enfrentar cara-a-cara o trauma provocado pelo último exame? Só as próximas aulas diriam...
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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Desabilitado

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Hoje foi oficialmente o primeiro dia de suas férias, acordou tarde e mesmo com um pouco de desânimo, causado pelo intenso calor, foi ao centro da cidade. Já tinha alguns meses que tinha planejado de tentar mais uma vez a prova de direção na auto-escola. Apesar de já ter refletido inúmeras vezes sobre o assunto, ainda teve dúvidas na hora de agendar o teste e marcar novas aulas. A expectativa já era bem inferior que a inicial, quando começou sua odisséia a cerca de nove meses. Já nem sabia se queria um carro, nem mais o que fazer quando já estivesse de posse de sua habilitação. As provas práticas ainda lhe causavam um certo arrepio e definitivamente não queria ter que reviver o trauma de sua última tentativa. No entanto a proximidade do vencimento de sua pauta, e uma certa pressão social o fez tomar um decisão, ainda insegura, de ao menos tentar mais uma vez.
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domingo, 21 de fevereiro de 2010

A ANTITESE - Paradigmas em CheqUe (Mate)

.Era ainda o segundo semestre do primeiro ano de faculdade, ainda nutríamos a ilusão de seríamos algo mais que meros reprodutores de mensagem guiados por editores e donos de jornais comprometidos com interesses alheios. Neste período cursávamos a disciplina de antropologia cultural, as disciplinas de basa do curso, como esta, reforçavam em mim o gosto pela comunicação como ciência social, já de início eu começava a perder o gosto pelo jornalismo. Foi para esta disciplina que foi pedido uma atividade extra-classe que me encheu os olhos... deveríamos fazer um “etnografia”, baseada na observação de um grupo, de uma “tribo” ou de como as pessoas se comportam em determinada situação.

Minha primeira idéia foi de acompanhar um velório de um desconhecido (por nós) na capela municipal... Já era um pouco tarde quando percebemos (o trabalho seria realizado em dupla) que a disponibilidade de tempo e a imprevisibilidade do evento relacionado oa tema impediria o intento. Uma outra colega, com intuitos evangelísticos, nos convidou para um evento em sua igreja, nesta ocasião eu já estava sensibilizado por muita coisa que dizia respeito à essência da fé cristã... juntamos o útil ao agradável... No dia do evento partimos para a cidade vizinha onde tudo aconteceria. Vale ressaltar que o trabalho seria um fiasco. Eu não consegui manter o distanciamento necessário, tudo aquilo já tinha me cativado, o outro colega já trazia alguns conceitos pré-estabelecidos que também dificultariam a observação...

Definitivamente não conseguiríamos fazer um trabalho de qualidade como esperávamos, mas para os padrões da faculdade o que entregamos mereceu 23 pontos em 25. O ano letiva na faculdade acabou, mas minha relação com a igreja só estava começando. A partir daí muita coisa em minha vida também mudaria, o contato com novas pessoas e com uma nova visão, tanto no meio acadêmico quanto na igreja me libertariam de antigos pré-conceitos e abririam meus olhos para muitas possibilidades, que até então eu não havia contemplado. Depois disso o movimento punk, que embalara meus últimos anos, foi ficando pequeno demais. Eu queria me expandir, ir além... fiz concursos e acabei me tornando bancário...

O tempo passou, o curso superior de jornalismo foi concluído com um “q” de arrependimento. Definitivamente eu não me identificaria com uma rotina de redação de jornal de interior, tão pouco com a de um dos “jornalões”. Meu interesse começou já no final do curso a se voltar para a comunicação empresarial. Este acabou sendo o tema de meu trabalho de conclusão de curso que também ficou bem aquém do que eu pretendia, principalmente pela desmotivação que se abateu sobre mim e pela péssima orientação que recebi (ou que deixei de receber) durante o processo de conclusão.
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Foi neste contexto que envolvia o tumultuado último semestre da faculdade e uma fase de intensa ansiedade, que decidi eliminar pela raiz alguns de meus fatores de estresse. É este o momento em que coloco em prática a teoria etnográfica que deveria ter usado lá no já longinquo ano de 2006, como citei no princípio deste texto. Desta vez não cometeria o mesmo erro, eu precisaria ter distanciamento, para não comprometer minha observação. Sabia que não seria fácil pois a situação a ser analisada era minha própria vida com toda sua complicação. Começava ai mais um processo dialético, eu criei minha própria antítese.
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O primeiro tópico a ser analisado/questionado, seria, talvez por ironia do destino, minha relação com a igreja, tive que tomar coragem para isso, pois ao mesmo tempo que me parecia necessário, também me parecia uma questão de fé, era como se eu tivesse colocando minha relação com Deus em cheque, isso me assustava, neste período eu me distanciei da igreja como instituição, me tornei menos frequente nos cultos por quase 2 meses. O afastamento possibilitaria repensar as experiências vividas em quase 3 anos. Assim pude perceber que em grande parte a minha angústia vinha de tentar ser o mais parecido com um determinado modelo e de tentar sem sucesso me enquadrar em um padrão de vida com o qual eu pouco me identificava.

Percebi que eu tentava fazer coisas pra agradar a Deus, quando isso, todo cristão, deveria saber é algo totalmente impossível, pela nossa total imperfeição, na condição de meros humanos. Não pretendo entrar neste texto em questões teológicas, talvez em um próximo, mas biblicamente o que nos torna aceitáveis diante de Deus é o sacrifício feito por Jesus na cruz e não nossos próprios atos. Isso parece fácil de assimilar, mas não o é, pois sempre queremos sentir que estamos no controlo, quando quem realmente deveria estar é Deus. A minha observação da vida na igreja como instituição me levou a algumas conclusões, que listarei a seguir.

Percebi que o medo de não agradar a Deus tem levado muita gente a negar seus próprios sentimentos e a não se abrir com pessoas ao seu redor, na maioria das vezes por medo que o outro conclua que o sofrimento descrito seja indício de uma vida em pecado ou em desconformidade com as normas e preceitos da instituição;

As pessoas se tornam superficiais pois não são o que realmente são, e se envolvem em um conjunto de aparências que visam provar aos demais o quanto se é espiritual. Os comprimentos na chegada e ao final de cada culto são exemplo claro disso. Salda-se não por se ter uma boa relação com a outra pessoa mas pelo pedido do pastor que geralmente diz: “abrace pelo menos x pessoas antes de sair”, todos estes ritos, acabam tornando o ambiente familiar e agradável à primeira vista, mas com o tempo tudo se torna demasiadamente robotizado, e em dado momento a necessidade de relacionamento verdadeiro fala mais alto;

A igreja, como instituição muitas vezes reproduz a ética do sistema vigente, no que diz respeito à sua estrutura e à busca pela realização material e social, o que motiva muitos de seus membros. A busca incessante por metas, objetivos materiais e santidade, seria a principal causa da quantidade e casos de pessoas se sentindo não realizadas e até com depressão e outras doenças psicológicas dentro da igreja;

A ética da vitória e do triunfalismo também têm sido equívocos das instituições religiosas, prega-se, na maioria das vezes para ganhar fiéis, a idéia de que a vida à luz do evangelho é uma vida sem problemas ou dificuldades, quando na verdade a “vida nova” oferecida pelo evangelho vai muito além de nossas mazelas e nossas vaidades. Entende-se Jesus como uma espécie de “seguro” que garante o sucesso de nossos planos pessoais, profissionais e espirituais;

A noção de certo e errado e tolerável e intolerável ira mudar de instituição para instituição. Existirão congregações onde os homens só usam calças, outras onde vícios são tolerados, aquelas que condenam televisão e outras que compram canais. Os princípios adotados por cada “igreja” são acatados tendo em vista o tipo de público que se quer atingir, segmentação. Entretanto cada uma denominação terá algo pra condenar e um inimigo palpável e visível a quem apontar, enquanto uma repudia certo grupo outras os aceita mas repudia os demais;

A pior conclusão a que cheguei é a de que tais fenômenos observados acabam distanciando as pessoas de Deus e de Seu amor Verdadeiro. E esta aproximação, na verdade, é a única coisa da qual precisamos... Só o que devemos fazer é confiar Nele, pois como diz a palavra “o mais Ele fará”. É Ele quem nos transforma, é Ele quem nos conduz e não nossa vontade... Mas às vezes é tão difícil compreender a Graça, e só por isso sofremos tanto....

Sinto que desta vez, apesar de ainda não tê-lo concluído, o trabalho me trouxe uma grande satisfação, pois sinto que ele foi permitido por Deus apenas para que eu possa reconhecer o Seu Amor infinito, incondicionalmente. Independente se estou frequente nos cultos, ou se tenho um ministério bem sucedido aos olhos das pessoas, Jesus será sempre o mesmo e Seu amor por mim, terá a mesma intensidade. Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas... Estou saindo do controle...
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FRUSTRAÇÕES


De repente percebe-se que todo o caminho andado, as noites de sono perdidas em onirismos e devaneios a lugar nenhum levaram. De volta ao ponto de partida sem nada a mais, a não ser a dor da experiência. E ainda subtraída a habilidade de acreditar em novas investidas... Bom seria se pudesse ao menos transformar frustrações e dor em arte, em poesia, mas tudo é tão sombrio tão sem sentido... Em meio a um turbilhão de mensagens, de códigos, de pessoas vãs indo e vindo, ouve se um pedido pra parar, um pedido não atendido, que talvez pudesse levar pra longe a amargura das horas vazias, que tiraria da alma todo e qualquer querer, qualquer vontade que de tão utópica a fizesse sofrer... mas no final das contas são só sentimentos

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Pensando bem, diários são como cartas de suicídio que são escritas aos poucos...
com um agridoce sabor de poesia barata...

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Pedaços de mim

Sou eu, me partindo em pedaços e me espalhando por ai... pra tentar ser o que sou em plenitude.
Dia desses eu criei um perfil novo no orkut... não é falso, são só pedaços de mim...


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domingo, 24 de agosto de 2008

RAZÃO (sem sensibilidade)...

O brilho do sol na rua vazia, a música triste que ressoa, morte tudo cheira à morte, a minha morte. As pessoas em volta... nenhuma delas pensam nenhuma delas sentem o quão triste é não ser humano, não ter sonhos... Ah, o quão mediocre é ser tão somente máquinas. Nada além de ouro de tolo: Dinheiro, trabalho... Podre capitalismo! Confronto a saudade de um tempo que não era bom, um tempo hoje romantizado em memórias tortas, em vãs reminicencias... Tornei me ranzinsa, sinto raiva, raiva do simples decorrer do tempo que me arrasta para o ciclo de morrer eternamente, pra depois reviver. E então levantar, mas ainda carregando as dores da morte lenta, da agonia que se arrastara por dias. Pra no final, mais um vez renunciar, renunciar à vida à felicidade... Morrer! Perco meu tempo tentando ser poético, tentando ser humano. Roubaram de mim o amor, levaram minha coragem. Me restou apenas a razão, a robotização, estou me tornando niilista... Um insensível niilista!

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Saudades...

"Quando seus amigos

Te surpreendem

Deixando a vida de repente

E não se quer acreditar...


Mas essa vida é passageira

Chorar eu sei que é besteira

Mas meu amigo!

Não dá prá segurar..."


(versos da música vida passageira - IRA)



(Desenhado há cerca de 4 anos por um amigo que me "surpreendeu"...
às vezes as pistas são tão claras, mas parecemos não compreender...)

Valeu por todos os abraços, sorrisos e por todos momentos de alegria...
desculpe qualquer coisa... Sempre lembrarei das rodas de violão... dos shows...

Rock`n`roll can´t never die! (nem seus verdadeiros representantes...)


segunda-feira, 2 de junho de 2008

Sobre a nostálgica época em que, ao menos pra mim, amigos não se compravam...


Às vezes bate um tristeza e ai vem uma saudade...
Penso nos meus amigos. Penso naquela época em que tudo era ao menos um pouco mais simples. Não precisava estourar meu cartão de crédito pra me sentir bem entre as pessoas de quem gostava. Pouco importavam a camisa, a calça ou qualquer outro bem material, o que valia era o que se sentia, o que se fazia uns pelos outros. Éramos poucos, uma ilha, tinhamos problemas, discussões, mas estávamos unidos,.. erámos amigos. Independente do bolso vazio, da estética pobre, independente da hipocrisia e da mediocridade dos valores capitalistas, éramos amigos... O saudade!!!

sexta-feira, 30 de maio de 2008

O Ninguém Poeta

É como se eu tentasse fazer de minha vida uma canção
é como se quisesse extrair dela tudo de belo, toda a poesia,
cada dia como um enorme quadro que se pinta
detalhe por detalhe, numa angustiante ânsia de perfeição.
É assim a cada dia, a cada hora... a cada instante
Delírios, sonhos, devaneios perdidos na imaginação
É como se tentasse em vão consertar o que não posso
reformular o que foi perdido e organizar o que desconheço.

Um enorme ferimento fustiga meu peito.
Meu fraco coração comprimido contra o vazio,
o vazio da alma, dos sentimentos transviados
Ah meu coração entorpecido de loucura vil
desprezível o ser em que me transmuto.
O asco, o horror, de minha triste figura
A auto-piedade,.. da auto critica à auto destruição
Dispersos entre lamentos de ninguém tentando ser poeta.

TARDE DE DOMINGO


Naquele dia, após um raro momento de descanso, tão levemente me sentia despertar, alguns raios de sol adentravam a janela, já poucos o que denotava um final de tarde. Uma leve brisa soprava sobre mim. Tudo isso me trazia de volta uma já esquecida sensação de paz, tão perdida a cada nova alvorada.

Vários sons em tom de calmaria pareciam me hipnotizar, o som da liberdade, do amor, tão puro na voz de uma criança, tudo seguia tão bem numa perfeita harmonia. Sentia-me tão bem, em uma infinita paz comigo mesmo.

Fazia parte de um universo imenso, com tantas possibilidades, uma força descomunal brotava de meu interior. E mais uma vez senti o frio soprar da brisa que invadia o quarto, a casa a rua, o mundo talvez... a brisa que antes correra o infinito, pra ela sem fronteiras, um mundo de paz e liberdade.

Respirei fundo e tomei força pra me levantar, mas antes senti mais antes senti mais uma vez o sabor da liberdade pura como ela é, nos sons, nas formas, nas sensações. Após levantar o pequeno mundo desabou. Tão superficial e passageiro quanto tinha sido a doce sensação de harmonia, foi a angústia de me deparar com uma típica tarde de domingo.

Voltando a realidade tinha força e inspiração para lutar por um sonho, um sonho que me dava razão de viver...

(Texto escrito em 2005, publicado no punk-zine ROTTEN, do amigo Leandro Cavalcante de Terra Rica/PR.)