Foi difícil tomar a decisão de não ter mais que acreditar, e de eliminar cada uma das causas, pelas quais poderia valer a pena lutar. Esta foi a decisão que tomou em meados do segundo semestre do ano passado (2009). Seria para não mais sofrer. Aquele tinha sido um ano angustiante, foi frustrante no tocante a todos os seus projetos, sufocante em todos os compromissos de trabalho e estudos, sua auto-cobrança crescia e ele ainda se afundava em um sofrer que chamava de amor.
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À primeira vista a anomia lhe pareceu ser o posicionamento mais inteligente, talvez fosse, mas naquele momento não pode imaginar o que mudanças tão profundas em sua forma de interagir com as circunstâncias poderiam trazer consequências que lhe marcariam e que lhe trariam um novo modelo de aprendizado, um tanto menos dolorido que a frustração.
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O que estava por vir parecia ser uma nova fase caracterizada pelo anseio que brotava dentro de si, uma vontade enlouquecida de se divertir a qualquer custo, sem metas, sem rumos e sem nenhum objetivo final. Seria a partir de agora cada dia de uma vez. Mas teria ele coragem para viver em cada um de seus limites?
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Ele queria estar ao mesmo tempo nas ruas de Manhattam, em um café em Paris ou em qualquer outro lugar onde o fôlego lhe faltasse pelo fascínio da beleza estonteante do novo. No entanto continuava preso em sua vida medíocre, amargurado pelo tédio dos finais de semana ou pela rotina dos dias de trabalho.
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Os sonhos que descartou lhe furtaram a esperança, ele teve medo de assumir riscos e os custos do divertimento poderiam ser altos demais. Preferiu então se recolher dentro de seu casulo, alheio ao mundo, indiferente a tudo à sua volta. A falta de objetivos lhe trouxe uma paz descolorida, o que não lhe contentou, a apatia lhe submergiu em melancolia e poderia o levar a mais profunda depressão.
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Tal como o personagem Marcello Rubini em "A doce Vida", ele passou a transitar dentre o mundo que não era o seu e passou a preencher o seu vazio com a velocidade dos acontecimentos desconexos de seus dias, a rapidez não lhe permitia pensar e de certa forma isso lhe era favorável, pois lhe oferecia uma fuga abstrata para tudo o que existia de real em sua vida, realidade que talvez ele já não pudesse ou não tivesse coragem de mudar. Estava tudo morrendo.
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Me identifiquei muito com o texto.
ResponderExcluirInfelizmente. =/
Beijos