Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras (Sherlock Holmes: A Game of Shadows) - 2011. Dirigido por Guy Ritchie. Escrito por Michele Mulroney e Kieran Mulroney inspirado na obra literária de Arthur Conan Doyle. Direção de Fotografia de Philippe Rousselot. Música Original de Hans Zimmer. Produzido por Susan Downey, Dan Lin, Joel Silver e Lionel Wigram. Warner Bros. Pictures / USA.
Há alguns dias, quando escrevi a resenha de X-Men: Primeira Classe (2011), citei a fórmula sob a qual a maior parte dos filmes de super-heróis têm sido construída, esta que consiste em mesclar efeitos especiais, cenas de ação e um toque de humor à uma trama simplória e superficial. Tal fórmula continua funcionando muito bem com o público médio, ela continua rendendo grandes bilheterias e muito lucro para os produtores, mas a verdade é que para quem procura nos filmes algo que vá além da repetição descarada, ela já não funciona mais como outrora, são poucos os roteiros que conseguem se destacar em meio a tantos iguais e este não é o caso de Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras (2011). A minha expectativa em relação a ele era alta, principalmente pela boa qualidade de seu antecessor, Sherlock Holmes (2009), também dirigido por Guy Ritchie, no entanto ele infelizmente não conseguiu atendê-la. Antes de abordar cada um de seus aspectos, preciso deixar claro que não o considero um filme ruim, ele tem ótimas cenas de ação e um ritmo bem rápido, contudo nada disso o livra de cair na mediocridade, no mais do mesmo fomentado pela indústria cultural.
No filme a dedução e o raciocínio lógico de Sherlock, que sempre foram suas principais características, dão lugar às improváveis cenas de previsão de conflito físicos, que parecem terem sido reaproveitadas do primeiro longa por mera falta de criatividade. Não há no roteiro um mistério real capaz de induzir a nós expectadores a um suspense digno do personagem, o que se tem é apenas o ritmo frenético, que não nos permite pensar. A trama não nos instiga em nenhum momento, não sentimos a urgência de descobrir o mistério, porque simplesmente para nós ele faz pouco ou nenhum sentido, as pistas que são dadas para a resolução do caso investigado são simplórias, o que torna o desfecho do filme altamente previsível. Eu arriscaria dizer que o detetive mostrado no filme é o tipico personagem louvável de nossa época, o público que cultua a superficialidade e repudia a profundidade e a inteligência será capaz de se identificar facilmente com alguém que prefere se valer de esperteza e de disfarces cômicos do que da razão para resolver suas questões.
Na história, que se passa em 1891, atentados terroristas e assassinato misteriosos deixam algumas das principais cidades da Europa em alerta, não se sabe ao certo quem são os responsáveis, o que torna diversos grupos políticos e revolucionários potencialmente suspeitos. É então que Sherlock entre em cena, ele começa a investigar os atos isolados, que formam um enorme teia de ligações que possui apenas um elo em comum, o excêntrico Professor James Moriaty (Jared Harris). Para dar continuidade à investigação o detetive precisará da ajuda de seu fiel escudeiro, o Dr. John Watson (Jude Law), mas este só consegue pensar em seu casamento com a bela Mary Morstan (Kelly Reilly) e em sua viagem de lua de mel. Irene Adler (Rachel McAdams) desaparece misteriosamente e entra em cena uma cigana, chamada Simza (Noomi Rapace), que servirá de ligação entre Sherlock e o caso investigado.
A sensação que experimentei ao ver o filme, pode ser descrita como estranhamento, uma vez que nenhum daqueles personagens me eram de fato familiares, eles foram cruelmente descaracterizados e neste processo sobrou pouco da arrogância e do sarcasmo de Sherlock e da articulosidade e perversidade de Moriaty, estas, características marcantes e determinantes de ambos. O enfrentamento entre eles, que se resume no longa à explosões, lutas e tiros, chega a ser vergonhoso para quem conhece um mínimo dos personagens, este é sem dúvidas o aspecto mais destonante do filme em relação à história original e o que melhor ilustra o quanto a trama teve sua complexidade amenizada para ser melhor entendida pelo grande público.
Mesmo o roteiro pecando pelos excessos e pela superficialidade, o filme poderia ser engrandecido pelas atuações, mas também não é o que acontece. Robert Downey Jr. apresenta um desempenho afetado e por vezes afeminado que nos lembra mais o Capitão Jack Sparrow da franquia Piratas do Caribe, vivido por Johnny Depp, do que o lendário investigador residente na Baker Street 221B. Jude Law e Jared Harris estão bem, mas ambos também são prejudicados pela má construção de seus personagens. Curiosamente, os destaques ficam por conta de dois coadjuvantes, o irmão mais velho de Sherlock, Mycroft Holmes, interpretado por Stephen Fry (l) e a já citada cigana Simza, vivida por Noomi Rapace.
Tecnicamente Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras é quase impecável, a reconstrução, feita de forma digital, das cidades onde a trama se desenvolve é surpreendente, o figurino e a direção de arte também chamam a atenção durante todo o filme, estes aspectos ajudam a compor o belo visual que o longa tem. Os efeitos especiais também são ótimos, as cenas de explosões são bem feitas, o que as torna surpreendentemente impactantes e convincentes. Todavia, ao ser associada a um roteiro tão capenga todo este esmero técnico se torna um glamour medíocre, que só não é um desperdício completo porquê o rendimento da produção, vindo da bilheteria, foi consideravelmente alto. Como eu disse no início desta resenha , O Jogo de Sombras se resume à citada fórmula que tanto tem agradado ao público imediatista ávido por entretenimento, portanto se você procura por um filme do tipo que lhe permita desligar o cérebro durante a sessão este será sem dúvidas uma ótima pedida, caso contrario procure pela série inglesa Sherlock, esta sim uma produção à altura do personagem!
A revelação das passagens aqui comentadas não compromete a apreciação da obra,
Não cheguei a assistir nenhum dos dois, mas vi comentários de quem assistiu e pelo que li, os filmes descaracterizam o lendário Sherlock. Li vários livros sobre suas peripécias, e não gostaria de me decepcionar com os filmes.
ResponderExcluirDesconsiderando-se o que fizeram com o personagem, o primeiro filme até que se torna uma boa pedida, ele funciona bem como entretenimento ao contrário deste...
ExcluirOi José Bruno! Concordo com você, gostei bastante do primeiro filme apesar do Sherlock das telas ser bem diferente do dos livros, mas, me decepcionei com o segundo filme, realmente faltaram dedução e raciocínio lógico que são as principais características da personagem. Não é absolutamente ruim por fatores que vc tão bem descreveu, mas é o que eu chamaria de filme "Nhé"...
ResponderExcluirJá assistiu a série inglesa "Sherlock" que eu comentei no texto Carol? Esta sim é uma obra de excelência sobre o personagem...
ExcluirEu, sinceramente, gostei e me diverti também com o ritmo e atuações do primeiro filme, mas esse segundo todo mundo tem criticado. Lendo seu texto, isso é reforçado. Vou ver sem pressa, tenho outras prioridades.
ResponderExcluirRi muito com isso: "Robert Downey Jr. apresenta um desempenho afetado e por vezes afeminado que nos lembra mais o Capitão Jack Sparrow da franquia Piratas do Caribe, vivido por Johnny Depp.."
abs
kkkk
ExcluirO pior é que lembra mesmo em diversos momentos Cristiano, é mais uma prova de que as fórmulas se repetem...
Oi Bruno,
ResponderExcluirTudo bem? Não gostei desse filme, embora Mateus tenha me relatado que o filme tinha uma dinâmica que minimizava essas outras questões relacionadas ao roteiro e atuação. Hoje assisti os Vingadores e achei a atuação muito boa, independente dos efeitos ou da química entre as grandes estrelas. Concordo que esse filme passa longe do original.
Beijos e bom domingo!
Lu
Se ele ao menos tivesse atingido o nível do primeiro, que não é um filme excelente, mas ao menos um bom pipoca, ele teria realmente valido a pena...
ExcluirNão assisti... pra falar a verdade, nem o primeiro!
ResponderExcluirNão está entre os que me interessaram, apessar de gostar tantão do Robert Downey Jr..
bjks :)
Assista ambos, mas sem pressa Joicy!
ExcluirSó não canso de recomendar: Assista a série!
Olá, querido!
ResponderExcluirAssisti p 1º filme, mas este ainda não tive a oportunidade, e pra variar, tempo lkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Muito boa a sua resenha, e como amo o Robert Downey Jr ( *_*), estou mesmo louca pra ver. Agora é que deu mais vontade ainda. :)
Beijão!
http://vejoporai.blogspot.com.br/
Eu confesso que não sou um grande entusiasta desta nova fase do Robert Downey Jr, eu preferia a época que ele era drogado e prostituído, porém protagonista de obras de grande relevância...
ExcluirBoa noite, José Bruno.
ResponderExcluirAinda não assisti nem esse e nem o primeiro Sherlock.
Gosto dos estilo do Guy Ritchie (que muita gente diz que é imitação do Tarantino, mas acho que dizem isso por despeito), e acho que ele ainda fará excelentes filmes.
Quanto a a Downey Jr., dizem que ele simplesmente arrasa em Os Vingadores, que parece que terá uma arrecadação merecidamente monstruosa, por se tratar de diversão descompromissada de qualidade.
Abraço, José Bruno.
Ao menos nos filmes que assisti do Guy Ritchie, eu vi pouco desta dita influência do Tarantino, talvez ela se resuma à questões técnicas e não à narrativa, uma vez que a do Quentin é muito mais rica que a dele...
ExcluirBruno,
ResponderExcluirO primeiro filme eu assisti e gostei bastante, todavia poucos filmes com II< III< não decepcionam. E pelo jeito esse não fugiu à regra. Bonzinho, mas ordinário.Deixando bem claro que nao vi o II, mas pela sua resenha não estou perdendo muito.
Beijokas doces
Realmente não está perdendo muita coisa Marly, assista-o somente se não tiver nada melhor para fazer...
ExcluirHaha! Ainda não assisti, mas tb acho o primeiro + ou -. Como escutei algumas pessoas falando bem desse, fiquei mais animadinho, mas não muito..hehe
ResponderExcluirConfio bastante nas tuas considerações, verei um tanto desconfiado.
Grande abraço.
No se engane Celo, perto deste o primeiro se torna maravilhoso!
ExcluirBruno,
ResponderExcluirtudo bem?
Considero os dois atores, o Robert Downey Jr. e o Jude Law, excelentes. No entanto, não gosto muito quando desconstroem um personagem clássico, pois o roteiro e tudo que se fixa nele, tem que ser muito bons para viabilizarem que a película seja cinema de verdade, creio que não foi o caso.
Beijos!
Pois é Cissa, infelizmente não foi mesmo. É triste ver os personagens reduzidos à tiradinhas irônicas e piadas insossas...
ExcluirAssisti ao primeiro filme e fiquei meio com o pé atrás, não sei se estou preparado para assistir de novo à saga desses doi personagens que jamais me cativaram, nem mesmo nas narrativas literárias...
ResponderExcluirSério? Eu gosto muito do sherlock, sempre gostei, acho que por isso me decepcionei ainda mais com este filme...
ExcluirOi Bruno
ResponderExcluirEu tenho que confessar que estou me desapegando aos filmes americanizados, é como deixar de fumar (kkkkkk), eu assisti o primeiro, e mesmo que vc disse que quem assistir esse é quem desliga o cérebro durante o filme (eu adoro esse termo), talvez eu seja uma dessas, eu vou assisti-lo.
Bjão e um ótimo resto de semana.
http://ashistoriasdeumabipolar.blogspot.com.br
kkkkkkkk
ExcluirO cinemão americano também tem bons filmes Luciana, não podemos generalizar, se você realmente se dispuser a assistir comece pelo primeiro...
Vi o primeiro quando lançou e até achei divertido, mas não estou muito afim de conferir esta continuação...
ResponderExcluirAbs.
Confira apenas se não tiver outro filme melhor para assistir Alan...
ExcluirAssiti no cinema. Adorei!
ResponderExcluirhttp://monteolimpoblog.blogspot.com/
Acho que a excelência dos efeitos especias deve ser potencializada na tela grande, uma pena que a trama deixa tanto a desejar...
ExcluirO primeiro Sherlock Holmes é divertidíssimo e surpreendente pela sua desconstrução dos personagens literários (vale lembrar: estes filmes não são adaptados de nenhum livro, sim uma HQ!), priorizando a ação. Não me desagrada, até gosto da ideia. Porém, este segunda é uma repetição de fórmulas, não dos blockbusters, mas do primeiro filme e de toda a filmografia do Guy (que, por sinal, não se reinventa nunca), dando a sensação de mesmice. Portanto, sem muito impacto e entretenimento. Morno e meio aborrecido este filme!
ResponderExcluirConcordo Júlio...
ExcluirMas a fórmula não está presente só nos filmes dele, basta dar uma olhada na maior parte dos filmes de super-heróis lançados nos últimos anos...
Desde o primeiro filme eu já achava o personagem Sherlock qualquer coisa menos Sherlock. Uma figura pop qualquer se utilizando de um nome forte para atrair bilheteria. Foi preciso um momento de muito tédio para eu resolver assistir essa contuação e a minha decepção foi idêntica com a que eu tive ao assistir o primeiro filme.
ResponderExcluirAgora a recomendação que você fez é realmente muito boa. A série Sherlock me surpreendeu e estou ansioso pela terceira temporada.
Abraço!
Olá Fernando, seja bem vindo!
ExcluirConcordo plenamente com você sobre o fato de o personagem já ter sido descaracterizado desde o primeiro filme, no entanto aquele ainda funcionava como bom entretenimento, como um filme raso de aventura, infelizmente esta continuação não funciona nem como tal...