Os Excêntricos Tenenbaums (The Royal Tenenbaums) - 2001. Dirigido por Wes Anderson. Roteiro de Wes Anderson & Owen Wilson. Fotografia de Robert D. Yeoman. Música de Mark Mothersbaught. Produzido por Wes Anderson; Barry Mendel & Scott Rudin. American Empirical; Touchstone / EUA.
Eu nunca tinha assistido nenhum filme do diretor Wes Anderson, quando uma amiga sugeriu que víssemos O Fantástico Sr. Raposo (2009). Confesso que não tive a princípio muita curiosidade em relação ao longa em Stop Motion, mas ao procurar mais informações sobre a animação que me foi sugerida, fui conhecendo um pouquinho mais sobre fama de Wes Anderson de fazer filmes estranhos. Talvez pelas críticas que tenho postado aqui no Sublime Irrealidade, já fique claro que eu tenho uma queda por produções que fujam dos clichês, das convenções e modelos pré-estabelecidos. Comecei então a procurar por algum filme do diretor e foi assim que Os Excêntricos Tenenbaums (2001) chegou em minhas mãos, digo ao meu computador.
Eu nunca tinha assistido nenhum filme do diretor Wes Anderson, quando uma amiga sugeriu que víssemos O Fantástico Sr. Raposo (2009). Confesso que não tive a princípio muita curiosidade em relação ao longa em Stop Motion, mas ao procurar mais informações sobre a animação que me foi sugerida, fui conhecendo um pouquinho mais sobre fama de Wes Anderson de fazer filmes estranhos. Talvez pelas críticas que tenho postado aqui no Sublime Irrealidade, já fique claro que eu tenho uma queda por produções que fujam dos clichês, das convenções e modelos pré-estabelecidos. Comecei então a procurar por algum filme do diretor e foi assim que Os Excêntricos Tenenbaums (2001) chegou em minhas mãos, digo ao meu computador.
Os Excêntricos Tenenbaums é um daqueles filmes difícil de conceituar, é excêntrico demais (com o perdão do trocadilho), dramático demais para ser uma comédia e cômico demais para ser um drama. A trama, sobre uma família desajustada, poderia ser construída sobre uma série de lugares comuns, dos quais já estamos mais do que saturados. Já existem por ai um bom número filmes moralistas, ou mesmo subversivos, no tocante ao conceito da família nuclear. Felizmente este é no mínimo diferente de todos os outros, nele você não encontrará lugares comuns, nem nenhum tipo de clichê. Um ótima fotografia, uma belíssima direção de arte (que fazem o filme parecer “de época” mesmo se passando nos dias atuais), e uma trilha sonora, que quase me levou ao êxtase em algumas sequências, ajudam a compor o estranho contexto estético de onde são tirados personagens bizarros e situações que beiram ao surrealismo.
O prólogo do filme, narrado por Alec Baldwin ao som de uma versão orquestrada de Hey Jude dos Beatles, apresenta cada um dos integrantes da família Tenenbaum, destacando suas características mais marcantes, características estas que definirão as suas atitudes ao longo da história. Já nesta bela introdução, que lembra a de O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (2001), conseguimos compreender que aquela família, tida como modelo por ter gerado três crianças superdotadas, nunca foi de fato um exemplo a ser seguido. A Gênese das habilidades desenvolvidas pelos irmãos está justamente na fragmentação daquele lar. Quando o patriarca abandona a casa, deixando a esposa e os filhos, estes são obrigados a se virarem sozinhos. É a pressão exercida pela mãe a partir de então que transforma os meninos em pequenos prodígios, da ciência da arte e do esporte.
O mote do filme é a volta de Royal Tenenbaun (Gene Hackman) para casa depois de anos. O retorno é motivado pela falta de dinheiro e pela ameaça de perder a esposa, Etheline Tenenbaum (Anjelica Huston), para o contador Henry Sherman (Danny Glover), que a pedira em casamento... Pare ser novamente aceito pela ex-mulher e pelos filhos, Royal conta que tem um câncer terminal e muito pouco tempo de vida, o que deixa Etheline sensibilizada e acaba atraindo também os filhos de volta para o casarão onde cresceram. Ao contrário do que poderíamos imaginar, os pequenos gênios se tornaram adultos problemáticos, reclusos em seus próprios mundos e de certa forma solitários. Chas Tenenbaun (Ben Stiller), ao contrário dos irmãos, não consegue perdoar o pai e não se sensibiliza com a proximidade de sua morte. Chas, que fora um gênio das finanças, se tornou meio psicótico depois da morte da esposa em um trágico acidente aéreo, ele vive com os dois filhos (que se vestem identicamente a ele), a quem ele cerca de proteção e cuidados excessivos.
Margot Tenenbaum (Gwyneth Paltrow) foi adotada aos dois anos de idade e durante toda a vida teve que suportar o fato de que o pai a tratava como se fosse uma estranha, ou uma intrusa na família. Ela, que fora uma grande escritora na infância, agora é casada com o psiquiatra Raleigh St. Clair (Bill Murray) com quem não tem um bom relacionamento. Ela passa a maior parte do tempo trancada em seu quarto, vendo TV e fumando escondida. O vício que mantém desde os 12 anos é apenas um dos muitos segredos que ela guarda sobre sua vida aparentemente monótona. Richie Tenenbaum (Luke Wilson), o terceiro filho de Royal, fora um grande tenista, mas depois de um fracasso ele abandonou o esporte e se refugiou em um barco no oceano aberto, mantendo contato com a família a partir de então apenas por carta. Richie também guarda um grande segredo, ele tenta esconder aquilo que o teria feito perder a última partida de tênis e se tornar uma espécie de hippie solitário e melancólico.
Eli Cash (Owen Wilson) era o melhor amigo de Richie e vizinho da família desde a infância. Seu sonho sempre foi ser parte da família Tenenbaum, o que nunca conseguira de fato, agora ele está viciado em drogas e não consegue reconhecer que precisa de ajuda. De certa forma Eli também foi afetado pela crise que arruinava os Tenenbaums. Num dos melhores diálogos do filme Eli diz: “Sempre quis ser um Tenenbaum”, Royal reflexivo responde “Eu também, eu também...”. Royal é sempre acompanhado por seu criado pouco confiável, Pagoda (Kumar Pallana), que no passado salvara sua vida em condições no mínimo absurdas. Pagoga, que sempre colabora com as picaretagens de Royal, é o melhor dentre os personagens secundários, ele protagoniza algumas das melhores sequências, dentre elas a cena de um estranho esfaqueamento que dá a dimensão precisa da surrealidade deste filme.
Este grandioso elenco não deixa a peteca cair em nenhum momento e dão todo o suporte às extravagâncias do do roteiro e às gags visuais que estão presentes do início ao fim do longa. Gwyneth Paltrow, por exemplo, consegue personalizar e expressar de forma singular todo o tédio no qual sua personagem está imersa e Gene Hackman dá um show à parte, o que no caso dele não é nenhuma novidade. Os Excêntricos Tenenbaums, como eu já disse, não é de forma alguma um filme clichê, nem tão pouco um daqueles feitos apenas para parecer estranho, sem a naturalidade da livre criação. É um filme que consegue ser mágico sem a necessidade do apelo à espetacularidade hollywoodiana. Estou certo de que não me esquecerei tão cedo de sequências como a que Royal sai para “passear” com os filhes de Chas ou aquela na qual os segredos de Margot são revelados cronologicamente ao som de Judy is a Punk, clássico dos Ramones.
Ao menor deslize, eu poderia me perder ao tentar comentar cada um de qualidades deste ótimo filme, poderia neste texto aprofundar em cada um destes aspectos, mas prefiro fazer apenas um panorama geral e deixar que você tire suas próprias conclusões ao assisti-lo. O fato, indubitável, é que se trata de um dos filmes mais originais do presente século. Assista!
Os Excêntricos Tenenbaums foi indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original.
(clique no link)
Analise muito boa de um dos meus diretores preferidos ! Wes Anderson é muito minucioso e isso faz com que os filmes sejam tão legais.
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