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terça-feira, 8 de março de 2011

Minhas Mães e Meu Pai

Minhas Mães e Meu Pai (The Kids are All Right) - 2010. Dirigido por Lisa Cholodenko. Roteiro de Lisa Cholodenko & Stuart Blumberg. Fografia de Igor Jadue-Lillo. Música de Carter Burwell, Nathan Larson & Craig Wedren. Produzido por Gary Gilbert, Celine Rattray, Daniela Taplin Lundberg & Jeffrey Levy-Hinte. Imagem Filmes / EUA.


Continuo em minha heróica e mesopotâmica missão (como bem diria o colunista José Simão) de assistir cada uma das produções que foram indicadas ao Oscar de Melhor Filme neste ano. Acabei a pouco de assistir o sétimo da lista: Minhas Mães e Meu Pai (2010). Confesso que nos primeiros minutos o filme me pareceu ser uma daquelas baita decepções, mas a medida que a trama vai se desenrolando, vai ficando mais perceptível cada um dos motivos que justificaram as indicações e premiações que o longa recebeu. O roteiro, que à primeira vista pode parecer ousado, na realidade é bem simples e cheio de sensibilidade, o que torna o filme delicioso de se assistir. A jogada de mestre, que evitou que o filme se tornasse um possível fracasso, também pode ser analisada através da constituição de cada um dos personagens, que são humanos e não meros estereótipos construídos sobre clichês e preconceitos.

No centro da trama está um casal de lésbicas, o que por si só já é motivo de sobra para inflamar os ânimos de determinados setores da sociedade. Por outro lado, alguns já atribuem o filme a alcunha de “um retrato da família pós moderna” Certa vez alguém me disse que alguns filmes que abordavam o tema homossexualismo, geralmente pretendiam convencer a nós espectadores da banalidade do tema, o que seria negativo para uns e positivo para outros. O fato é que Minhas Mães e Meu Pai não levanta nenhuma bandeira, não é um filme panfletário e sim um sensível olhar sobre uma família não convencional, que como qualquer outra passa por problemas e crises conjugais. As duas personagens que compõem o casal, como já disse, não tendem para a ideia comum que se tem sobre o tema, elas não são masculinizadas e não possuem os trejeitos, que geralmente a dramaturgia imprime nestes personagens.

Um sensível olhar sobre a família pós moderna

Nic (Annette Bening) e Jules (Julianne Moore) formam o casal de lésbicas, elas vivem em aparente harmonia e têm um casal de filhos, cada um gerado por uma delas, através de inseminação artificial. Joni (Mia Wasikowska) tem 18 anos e está prestes a ir para a faculdade, ela é sensível e inteligente, ao contrário do irmão mais novo, Laser (Josh Hutcherson), que é mais largado e prefere praticar esportes a estudar. É Laser quem convence a irmã a entrar em contato com a clínica de inseminação para tentar localizar o doador do sêmen, o pai biológico deles. Eles conseguem entrar em contato com o pai, Paul (Mark Ruffalo), ele é um solteirão dono de um restaurante, que no passado abandonou a faculdade para se dedicar ao empreendimento que começava. Paul é o mais cativante de todos os personagens, ele também escapa do ser retratado à luz do estereótipo do pai que abandonou os filhos e que agora tenta consertar o passado. É incrível a naturalidade que o ator imprime em cada diálogo e em cada gesto e olhar de seu personagem.

Annette Bening e Julianne Moore - um casal de lésbicas sem estereótipos
Joni e Laser acabam criando laços com Paul, com quem se identificam já no primeiro encontro, e Paul vislumbra a possibilidade de estar cada vez mais próximo dos filhos, que nem sabia que tinha. Mas a inserção de Paul no seio daquela família irá trazer à tona alguns dos conflitos que até então pareciam estar encobertos. É ai que percebemos que a relação de Nic e Jules já não estava mais a todo vapor e que a família não era tão “perfeitinha” quanto parecia ser.

 

Ah, vale mencionar aqui, que este filme funcionou, para mim, como uma espécie de redenção com Julianne Moore. Confesso que tinha ficado decepcionado depois de sua horrível performance no filme Pecados Inocentes (2007último filme que tinha assistido com a atriz), tanto ela quanto Annette Bening e principalmente Mark Ruffalo, nos presenteiam com atuações primorosas neste filme. Minhas Mães e Meu Pai não chega a ser, nem de longe, o meu preferido dentre os que concorreram ao Oscar de Melhor Filme, mas com certeza é um ótima produção que merece ser apreciada. E tal como na enologia é melhor se desfazer dos sabores amargos que vem cultivando (leia-se preconceitos), para degustar ao máximo esta deliciosa comédia de costumes.

Minhas Mães e Meu Pai foi indicado aos Oscars de Melhor Filme, Roteiro Original, Atriz (Annette Bening) e Ator Coadjuvante (Mark Rufalo). Ganhou o Globo de Ouro de Melhor Filme Comédia/Musical e Melhor Atriz Comédia/Musical (Annette Bening), tendo sido indicado também na categoria de Melhor Roteiro e uma segunda indicação para Melhor Atriz Comédia/Musical (Julianne Moore).


Assista ao trailer de Minhas Mães e Meus Pai no You Tube ! (clique no link)


Confiram aqui no Blog SUBLIME IRREALIDADE a resenha de outros longas que concorreram ao Oscar de Melhor Filme 2011:
 
O Discurso do Rei (The King`s Speech) - Vencedor
A Rede Social (The Social Network) - Indicado
Cisne Negro (Black Swan) - Indicado
O Vencedor (The Fighter) - Indicado
A Origem (Inception) - Indicado
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2 comentários:

  1. Assisti As Horas sim, e com certeza está entre meus favoritos. O final é genial tanto quanto o livro de Michael Conninghan que li pouco depois de assistir pela primeira vez.

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  2. Eu adorei o roteiro de Minhas Mães e Meu Pai, e é bem meu estilo.

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