Prometheus - 2012. Dirigido por Ridley Scott Escrito por Jon Spaihts e Damon Lindelof, baseado nos personagens criados por Dan O'Bannon e Ronald Shusett. Direção de Fotografia de Dariusz Wolski. Música Original de Marc Streitenfeld . Produzido por David Giler, Walter Hill e Ridley Scott. Twentieth Century Fox, Scott Free Productions e Brandywine Productions / USA | UK.
Prometheus (2012) acabou se tornando vítima de dois problemas, um deles inocente. O longa dirigido por Ridley Scott se autoproclamou um prequel de Alien – O Oitavo Passageiro (1979) e esta pretensão lhe rendeu seu primeiro tropeço, o involuntário, afinal todos esperavam que o cineasta iria entregar uma obra no mesmo nível de qualidade atingido no primeiro filme do alienígena, que também fora dirigido por ele, no entanto o caminho trilhado nesta nova empreitada segue uma direção bem diferente daquela escolhida em 79. Neste novo filme o suspense foi praticamente descartado e o pouco que se tem do gênero simplesmente não funciona. Prometheus não consegue meter medo e tão pouco provocar em nós espectadores a sensação de claustrofobia outrora experimentada. Preciso deixar claro que não vejo isso como um problema, afinal o diretor não assumiu nenhum compromisso de rezar novamente pela mesma cartilha e é natural que este filme esteja dramaticamente e estilisticamente mais próximo de suas produções recentes do que de uma que ele realizou há mais de trinta anos.
A franquia de Alien, como um todo, sempre foi caracterizada pela apelo sensorial de seus filmes, as quatro produções que a compõem buscam, através da trama e do aparato técnico, despertar sensações em nós espectadores. Este fenômeno, no entanto, não se repete em Prometheus, simplesmente porque este não e o objetivo dele, nota-se que ele se propõe a ser mais reflexivo e filosófico do que sensorial e neste aspecto está o seu segundo tropeço. Em uma clara tentativa de parecer grandioso, ele constrói sua trama tendo como alicerces questionamentos complexos acerca da origem do universo e da existência de Deus. Esta angulação, se tivesse sido bem explorada, poderia realmente tê-lo tornado um clássico contemporâneo, mas não é o que acontece. Personagens rasos e uma trama que passa rápido demais por determinados pontos não proporcionam uma abertura maior para a reflexão e as perguntas levantadas nos primeiros atos acabam se perdendo durante o desenvolvimento do filme ou sendo respondidas de forma simplória.
Um outro aspeto que esteve presente na franquia de Alien, principalmente em Aliens, O Resgate de James Cameron, é a questão da maternidade, em Prometheus esta metáfora é novamente revisitada, sendo personificada na trama pela cientista Elizabeth Shaw (Noomi Rapace), ela é a personagem feminina aparentemente destinada a substituir a tenente Ellen Ripley, interpretada pela Sigourney Weaver nos outros filmes. Naquele que seria o início de toda a história contada pela franquia, Elizabeth e Charlie (Marshall-Green), ambos arqueólogos, descobrem uma ligação entre pinturas rupestres de diversas épocas diferentes, encontradas em pontos distintos do globo. Nas gravuras analisadas por eles, homens apontam para algo semelhante à uma constelação, o que poderia ser, de acordo com a interpretação deles, um mapa. Seguindo esta trilha improvável, os cientistas embarcam em uma missão, idealizada e financiada por uma excêntrico milionário, que os leva ao planeta LV-223, o local para onde teoricamente as pinturas nas cavernas os guiavam.
A nave, chamada de Prometheus, em uma referência ao titã da mitologia grega que desafiou os deuses, parte com a missão de desvendar alguns dos segredos sobre a origem da humanidade, uma motivação que sempre guiou o trabalho de Elizabeth e Charlie. Além do casal de arqueólogos, estão a bordo a coordenadora da missão, Meredith Vickers (Charlize Theron), o capitão Janek (Idris Elba), o androide David (Michael Fassbender), além de outros cientistas, mecânicos, pilotos e técnicos. Para boa parte dos tripulantes a missão não tem sentido algum, eles estão lá apenas pelo dinheiro que lhes fora prometido e isto acaba determinando suas ações e reações após a aterrissagem no planeta até então desconhecido...
O roteiro constitui cada um dos personagens de acordo com suas motivações e com o sentido que eles vêm ou não em tudo que os cerca, o problema é que tal constituição se torna falha à medida que as aspirações deles passam a não fazer sentido para nós expectadores. O contentamento da personagem principal com as respostas que ela dá a si mesma, por exemplo, é um tanto incondizente com sua curiosidade e a postura questionadora que a trama lhe atribui.
Ditos os pontos negativos, vamos agora aos positivos, aqueles que fazem a experiência de assistir o filme ser no fim das contas compensadora, ainda que frustrante em diversos aspectos. O ritmo da narrativa até que é bem conduzido, mas por ser rápido ele acaba sendo prejudicial à reflexão para a qual o roteiro tenta nos direcionar em alguns momentos, contudo ele faz com que a experiência de assistir ao longa seja agradável e isto faz com que o filme acabe funcionando ao menos como um bom entretenimento, o que não deixa de ser uma de suas propostas, vide o apelo à tecnologias como o 3D e o IMAX.
A aparato técnico de Prometheus é muito bem realizado, sua fotografia e efeitos visuais produzem cenas belas, que salientam nos espaços abertos a grandiosidade do todo ao redor dos personagens, reforçando assim a ideia da insignificância do ser humano diante da imensidão do universo (aspecto que por sua vez não tão bem explorado pelo roteiro) e nos espaços fechados a sensação de encurralamento (que como eu disse, não chega a ser claustrofóbica, por não depender só da mise en scène). A direção de arte é outro aspecto que não deixa nada a desejar, a composição dos ambientes, principalmente a do interior da nave, é muito bem feita e possui diversas referências ao filme de 79.
O elenco, composto em boa parte por nomes de peso, também não deixa nada a desejar. Noomi Rapace e Michael Fassbender acabam se destacando dos demais, apesar de não apresentarem nada de tão extraordinário, eles estão bem e conseguem dar credibilidade para seus personagens, que no fundo é o que importa, principalmente tendo-se em vista que são personagens rasos e mau construídos, como eu já disse.
Concluo portanto que Prometheus peca por tentar funcionar ao mesmo tempo como brokebuster e como objeto de reflexão, é esta pretensão que o torna irregular e incapaz de agradar plenamente tanto um público mais exigente, que provavelmente considerará sua tentativa de ser filosófico uma farsa, quanto o público médio que tenderá a se dispersar nos momentos em que ele tenta parecer complexo... Mas, quando tento olhá-lo por uma outra perspectiva, quase me convenço de que quem pecou de fato fomos nós que acreditamos, mesmo contrariando todas as evidências, que o Ridley Scott produziria uma obra que superaria a mediocridade de boa parte de seus últimos filmes, como fomos tolos...
Se você ainda não o assistiu e se dispuser a fazê-lo, recomendo então que se tente desvinculá-lo da franquia de Alien, principalmente do primeiro filme, uma vez que há pouca relação entre os tipos de abordagem que vemos neste e nos anteriores. Recomendo também que seja feita uma redução das expectativas previamente alimentadas, pois assisti-lo sem esperar muito o tornará bem melhor (eu sou testemunha disso). Não é um filme ruim, eu estaria sendo injusto se o classificasse como tal, ele apenas parece ter sido escrito por um daqueles tripulantes da nave Prometheus, para quem as perguntas existencialistas e suas possíveis respostas têm pouca ou nenhuma importância .. Contudo, recomendo!
A revelação das passagens aqui comentadas não compromete a apreciação da obra.
Confiram também aqui no Sublime Irrealidade as críticas de Alien, o Oitavo Passageiro, Aliens, o Resgate, Alien³ e Alien - A Ressurreição.
Olá, José Bruno.
ResponderExcluirAinda não vi este filme que, assim como TDKR, acabou saindo muito mais fraco do que se imaginava.
Trama pseudo filosófica meia boca (especialidade do Damon Lindelof), personagens fazendo burradas a torto e a direito e situações que ofendem a inteligência do espectador.
Ao que parece, dificilmente Ridley Scot conseguirá voltar a velha forma.
Uma pena.
Abraço.
J. Bruninho, lembro quando este filme foi lançado e meu marido ficou louco pra assistir. Mas, não curti e nem tive o mínimo interesse em ver. Quem sabe um dia... um dia!
ResponderExcluirbjks JoicySorciere => CLIQUE => Blog Umas e outras...
Eu particularmente não gostei.Esperava mais do filme,embora em matéria de efeitos e imagens seja muito bom.Mais infelizmente o desenrolar do filme é muito fraco e confuso!!!Abração a todos!!!
ResponderExcluirAchei ótimo este filme, pela ação, às circunstâncias, mas que falha um tanto ao explicar a origem do Alien. Mesmo discordando de poucos pontos de sua resenha, certamente confesso, jamais se compara ao Alien de 1979 e achei também algumas situações muito forçadas do roteiro. Mas assim ainda Prometheus é um ótimo passatempo.
ResponderExcluirAbraço.
http://www.leituradecinema.com.br/2012/10/rec-3-genesis.html
http://www.leituradecinema.com.br/2012/10/dancando-no-escuro.html
Olá, selecionei seu blog para receber o selo Versatile Blogger. Para ter direito a ele você deve falar em seu blog quem lhe concedeu e escrever um texto com sete coisas sobre você. Vá lá no Gilberto Cinema e pegue o seu selo.
ResponderExcluirOi Bruno!
ResponderExcluirEu não fiquei nem um pouco satisfeito com esse filme,ao meu ver ele nem ao menos deveria ter sido feito...foi desnecessário.
Ridley Scott quis que mergulhássemos no universo da série Alien e acabou morrendo na praia...uma pena.
Abraço!
Bruno
http://oexploradorcultural.blogspot.com
Belo visualmente, mas oco. Fiquei decepcionado.
ResponderExcluirO Falcão Maltês
Oi Bruno
ResponderExcluirEu não assisti esse filme, mas vc mais uma vez conseguiu fazer uma ótima crítica, e deixar uma vontade de assisti-lo, pois não deu dica nenhuma do final. Você é o melhor!
Bjão. Fique com Deus!
Grande, talvez a maior decepção do ano para mim. Não esperava um novo Alien, o oitavo passageiro, tampouco um Blade Runner, mas pelo menos um filme que atingisse o mínimo do nível destas obras clássicas da ficção-científica. Ridley tropeçou,e muito!
ResponderExcluirAbs.
Sempre assisto aos filmes de Ridley Scott com muita expectativa. Desta vez não foi diferente.Esperei este filme com grande entusiamo, mas fiquei extremamente decepcionada com o resultado. Infelizmente acho muito fácil um diretor acabar com uma carreira prodigiosa. É só vacilar num tema como este.Scott conseguiu cair no ridículo, coisa que até então eu achava impossível para um diretor com o peso dele.
ResponderExcluirCautela de agora em diante para assistir seus filmes. Uma pena!!