Ted - 2012. Dirigido por Seth MacFarlane. Escrito por Seth MacFarlane, Alec Sulkin e Wellesley Wild. Direção de Fotografia de Michael Barrett. Música Original de Walter Murphy. Produzido por Seth MacFarlane, Jason Clark, John Jacobs, Scott Stuber e Wellesley Wild. Universal Pictures e Media Rights Capital / USA.
No dia 24 de setembro deste ano, o deputado Protógenes Queiroz, que ficara famoso por ser o delegado da polícia federal que comandou a Operação Satiagraha, cometeu a burrada de levar o filho de 11 anos para assistir à comédia Ted (2012) no cinema. O parlamentar ignorou o fato de que o longa tinha classificação etária '16 anos' e ficou furioso ao constatar que não se tratava de um filme infantil. Logo após o término da sessão ele deu início à uma enorme polêmica no Twitter com o post: "Fiquei chocado e indignado com esse filme. Ele passa a mensagem de que quem consome drogas, não trabalha e não estuda é feliz". Não contente em chamar a atenção para si, expondo seu próprio equívoco, ele ainda se propôs a começar uma cruzada para alterar a classificação indicativa da obra, no entanto, seu intento de recorrer ao Ministério da Justiça para impor restrições à exibição do filme no Brasil foi abandonado poucos dias depois de iniciada a discussão. O assunto foi um dos mais comentados daquela semana no microblog e fora dele.
Não pretendo analisar a atitude equivocada do deputado, nem rebatê-la (como me sinto tentado a fazer), apenas a citei como forma de contextualizar e dar início à uma breve análise do longa e da recepção que ele teve... Tenho observado, principalmente através das redes sociais, que obras que ficam associadas à determinadas polêmicas, ainda que exteriores à elas, tendem a causar um frisson maior no público, dividindo opiniões e atiçando os ânimos dos mais exaltados. Foi basicamente isso o que aconteceu com o Ted; de uma hora para outra ele se tornou a melhor e mais ousada comédia do ano para uns e um verdadeiro atentado ao pudor para outros. Ambos os pontos de vistas são bastante exagerados em minha opinião. O filme é muito bom, mas não tem nada de tão genial e, desde que respeitada a indicação etária, sua trama é praticamente inofensiva, principalmente se comparada a tantas coisas a que somos expostos até mesmo na TV aberta.
De certa forma o roteiro escrito por Seth MacFarlane (criador da série Family Guy), Alec Sulkin e Wellesley Wild pega carona na onda de remontar contos de fadas com uma nova roupagem, a diferença aqui é que Ted não nasceu de uma história famosa, trata-se uma trama original, todavia, ele constrói em seu primeiro ato uma ambientação típica das histórias do gênero, com direito á uma criança triste e a um desejo realizado que transforma completamente a vida dela. A criança é John Bennett (vivido na fase adulta por Mark Wahlberg), um garotinho solitário, que não tem amigos nem irmãos. O desejo realizado é um pedido feito por ele na noite de natal. Cansado de estar só, ele pede que o ursinho de pelúcia que seus pais lhe deram de presente ganhe vida, na manhã seguinte ele descobre que num passe de mágica seu desejo se tornara realidade. O brinquedo, que passa a falar até pelos cotovelos, se torna uma celebridade nacional, mas mesmo com toda a fama ele continua sendo um amigo fiel do garoto.
27 anos se passam desde o natal mágico e Bennett e o ursinho Ted (voz de Seth MacFarlane) continuam amigos inseparáveis, quem não gosta da situação é Lori Collins (Mila Kunis), a namorada de John, ela não suporta mais vê-lo agindo como uma criança e se comportando de forma irresponsável, é então que ela chega a conclusão de que enquanto ele for um cara que tem um ursinho de pelúcia como amigo, ele nunca será de fato um adulto. O rapaz e o urso passam a maior parte do tempo assistindo TV e fumando maconha e este estilo de vida coloca em risco não só o relacionamento de John, mas também seu emprego e toda sua vida social. Frequentemente ele inventa desculpas para justificar seus atrasos e escapadas do trabalho e em boa parte das vezes as enrascadas nas quais ele se mete são resultantes da péssima influência de Ted.
O filme recorre à um senso de humor ácido e politicamente incorreto, que funciona muito bem e um de seus maiores acertos foi a decisão de não se render a moralismos e outras convenções que poderiam minimizar o impacto de suas piadas. Ao contrário do que muitos disseram, influenciados pela falácia do deputado Protógenes, Ted não faz apologia às drogas nem é uma exaltação do estilo de vida adotado pelos seus personagens, o problema é que muitos expectadores esperavam encontrar nele outros elementos característicos dos contos de fadas, além da magia. Infelizmente, para estes que ainda acreditam que histórias devem obrigatoriamente dar lições de moral e que se elas não o fizerem estarão corrompendo os bons costumes, Ted será no mínimo uma grande decepção, todavia, para aqueles que já cresceram e sabem diferenciar ficção de realidade e que não esperam ensinamentos no final da projeção, o longa certamente será um entretenimento de muito boa qualidade.
O principal destaque de Ted é sem nenhuma sombra de dúvidas o roteiro, que é repleto de tiradas hilárias e de referências à outros filmes e produtos da cultura pop. No tocante às atuações, o destaque não fica por conta de Mark Wahlberg, nem de Mila Kunis, apesar de ambos estarem relativamente bem, mas sim por conta de Seth MacFarlane (que também dirigiu e co-escreveu o longa); a voz que ele empresta ao ursinho traz consigo um dos principais elementos cômicos do filme (pena de quem o assistiu e perdeu a chance de conferir o excelente desempenho dele), sua destreza ma dublagem pode ser observada em diversas passagens, uma delas é uma cena muito legal na qual Ted e John estão em um aquário e o urso começa a dublar a voz dos peixes, como se as expressões destes lembrassem determinados tipos de pessoas.
Em meio a tantas comédias descartáveis e calcadas no politicamente correto, que Hollywood produz aos montes, Ted representa quase um oásis. Provavelmente ele será esquecido em pouco tempo, simplesmente por não ser capaz de nos oferecer nada mais que bom entretenimento, mas assisti-lo é no fim das contas um experiência muito compensadora... Deixe de lado suas noções de politicamente correto, baixe a guarda e prepara-se para rir bastante. Recomendo para todos, menos para os moralistas e seus filhos menores de 16 anos!
A revelação das passagens aqui comentadas não compromete a apreciação da obra.
Realmente, não é tão genial como muitos aponta, mas em comparação as comédias lançadas este ano, (e também em alguns anos anteriores), Ted está entre as melhores comédias politicamente incorretas e nonsenses dos últimos anos.
ResponderExcluirEu quero muuuuuuuuuuito ver esse filme.
ResponderExcluirQuem não busca a informação antes, como esse deputado, é apenas mais um representante desse mundo inculto e despreparado em que vivemos.
Viva a ousadia.
abs
Parece muito engraçado. Já está na fila dos filmes que vou assistir. Abraços.
ResponderExcluirNão vi e não gostei...rs
ResponderExcluirO Falcão Maltês
Olá, José Bruno.
ResponderExcluirEu li os comentários no Filmow sobre o filme e não me animei muito com esse filme.
Pra mim humor escatológico não é humor, mas acho que é uma questão de gosto, mesmo.
Abraço.
Eu acho Ted uma coisa muito overhated, ele é engraçado, porém em um certo ponto ele começa a se tornar repetitivo com piadas parecidas durante todo o filme.
ResponderExcluirabraços
http://dropdeanis.blogspot.com.br/
Um humor violento, grosseiro e repugnante.
ResponderExcluirhttp://eaicinefilocadevoce.blogspot.com.br/