.10 anos de silêncio....
Lembro daquele dia, há exatos 10 anos, quando cheguei na sala de aula e um amigo me disse que um dos caras do Ramones tinha morrido. Já fazia alguns meses que eu tinha escutado a banda pela primeira vez e desde então eu não conseguia pensar em outra coisa. Conheci o quarteto através de um primo distante que também era fã e me apresentou ao primeiro CD deles (junto com uma fitinha do Nirvana). Ele tinha quase toda a discografia oficial da banda, no entanto eu tinha pouco contato com ele e a partir daí cada material do Ramones que chegava em minhas mãos era um motivo de euforia. Dez anos atrás, ainda não era comum no meu grupo de amigos ter acesso regular à internet e o pouco de informação que nos chegava sobre o mundo da música vinha através de algumas poucas revistas especializadas (que pouco publicavam sobre a banda). Mais ou menos um mês antes de receber a trágica notícia na sala de aula, eu tinha conseguido comprar, na banca perto da escola, uma revista/poster do Ramones (uma Bizz que guardo até hoje), o texto na publicação não descartava a possibilidade de uma reunião da banda e, consequêntemente, a de que um dia eu pudesse vê-los ao vivo. O sonho acabou naquela manhã, no dia 15 de abril de 2001.
Sem dúvidas era mesmo o fim, quem conhece ao menos um pouco do Ramones sabe que seria inconcebível alguém tomar o lugar de Joey, que falecera vítima de um câncer linfático. Muitos podem até descordar, mas na minha opinião ele era a alma da banda, Dee Dee podia ser o maior compositor e o Johnny o cabeça do grupo, mas o Joey é que era o cara. Pela postura de palco e pelas entrevista ficava bem claro o quanto ele era diferente de qualquer estereótipo de punk ou de rocker que se tem até hoje. Ele tinha a simplicidade e o carisma que o fez ser respeitado por músicos dos mais variados estilos. Bono Vox descreveu isso numa declaração dada logo após a da morte do amigo (que partiu dessa para uma melhor ao som de In a Litle While do U2), na ocasião ele lembrou: “Quando eu assisti Joey no palco pela primeira vez em 1977, em Dublin, percebi que nada era mais importante para ele do que estar ali”. Realmente Joey parecia se entregar de corpo e alma ao que estava fazendo, mesmo que nem ele próprio tivesse a dimensão do que tudo aquilo significava. Muito tempo se passou até que banda se tornasse respeitada pela sua importância e pela revolução que começou no mundo da música. Hoje não se produz praticamente nada na música pop que não tenha sofrido influência direta ou indireta de seu jeito simples e despojado de fazer música, na minha opinião eles devem ser colocados no mesmo patamar de importância em que estão os Stones, Chuck Berry, Beatles, Led, Sabbath e outras bandas lendárias...
Qualquer esperança sobre uma possível reunião dos remenescentes foi definitivamente descartada com as mortes de Dee Dee e Johnny, em 2002 e 2004 respectivamente. Depois que a voz que entoava Gabba Gabba Hey se calou, sobrou apenas o estrago. Nada mais seria como antes, o mundo já não era mais o mesmo, foi provado que apenas 3 acordes (e quatro jaquetas de couro) bastavam. Minha vida também nunca mais seria a mesma, Joey e companhia apresentaram para mim a contestação estética do Punk pré-77 e abriram o caminho para a contra cultura e a reflexão política, nas quais eu mergulharia de cabeça nos anos seguintes. O Ramones ajudou a definir parte daquilo que sou hoje, boa ou má a influência foi profunda e duradoura, através desta influência conheci alguns dos melhores amigos que tenho hoje e vivi algumas das melhores experiências de minha vida. Este breve artigo é, mesmo em sua insignificância, uma forma de agradecimento á banda pelo estrago proporcionado! No entanto não há homenagem melhor que ligar o som no volume máximo e arredar o sofá! 1 – 2 – 3 – 4 ! ! !
muito bom seu post, me lembro deste triste dia tbm, o rock tem o dom de nos dar historias de todos os tipos, parabens msm !!! http://futrockmma.blogspot.com/ passa lá, o ultimo post é sobre o jimi hendrix, vlew !!!!
ResponderExcluir"O Ramones ajudou a definir parte daquilo que sou hoje, boa ou má a influência foi profunda e duradoura, através desta influência conheci alguns dos melhores amigos que tenho hoje e vivi algumas das melhores experiências de minha vida."
ResponderExcluirEsse paragrafo do teu poste diz muito de mim também, compartilho do mesmo amor e admiração pela banda existe o antes e o depois de Ramones na minha vida e com toda certeza o depois mudou tudo e paar melhor, tenho tudo que posso da banda e amigos que partilham desse amor :)valeu por visitar meu blog, o seu é muito bom e organizado