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quarta-feira, 6 de abril de 2011

Quem Tem Medo de Virginia Woolf?

Quem Tem Medo de Virginia Woolf? (Who`s Afraid of Virginia Woolf?) - 1967. Dirigido por Mike Nichols. Roteiro de Ernest Lehman, baseado na peça de Edward Albee. Música de Alex North. Produzido por Esnerst Lehman. Chenault; Warner Bros / EUA.


No último dia 23 de março, o cinema perdia mais uma de suas grandes divas. Elizabeth Taylor faleceu na manhã daquele dia, aos 79 anos de idade, após uma cirurgia no coração. Quando recebi a notícia a primeira coisa que me veio em mente, foi tentar lembrar cada um dos filmes que tinha assistido com ela, foi decepcionante chegar à conclusão de que só me recordava do clássico Gata em Teto de Zinco Quente (1958). Veio-me então a ideia de conferir alguma dentre as suas melhores performances para assim poder postar uma resenha, em tons de homenagem, aqui no Sublime Irrealidade. Quem Tem Medo de Virginia Woolf ? (1966), que dera a ela o Oscar de Melhor Atriz, pareceu ser uma boa escolha. Encontrei o filme, mas só agora consegui assisti-lo.

O filme transcorre basicamente entre os diálogos afiados entre os dois casais que compõem o elenco. Toda a história se passa apenas em um final de noite. Na trama, que fora adaptada da peça homônima de Edward Albee, temos o casal de meia idade formado por George (Richard Burton) e Martha (Elizabeth Taylor – gorda como nunca se tinha visto, porém com a mesma exuberância), ele é professor universitário de história, ela filha do dono da universidade. Naquela madrugada eles voltavam para a casa após uma festa, ambos já estavam bem altos e ainda assim decidem tomar algumas saideiras (!). É neste momento que começa a lavação de roupas sujas do casal. No meio da discussão chegam os convidados, que eles mal conheciam, são eles Nick (George Segal), o novo professor de biologia da universidade e sua esposa Honey (Sandy Dennis). O jovem casal vinha da mesma festa, e por morarem longe foram aconselhados pelo pai de Martha a pernoitarem na casa dela. Eles também já estão bem alcoolizados.


Nick e Honey se tornam à princípio uma platéia para o circo formado pelo casal anfitrião, que continuam a trocar farpas na frente dos convidados. Induzidos por George, todos mergulham no que parece jogo de verdades e confissões, onde à cada declaração suas vidas vão sendo expostas. À medida que o teor alcoólico dos personagens aumenta, deixamos de distingir o que é verdade, mentira ou mero devaneio. As acusações e injuriais vão se intensificando e nos induz à previsão de que antes do amanhecer uma tragédia pode acontecer. O final, que nos surpreende e ajuda a encaixar algumas das declarações dadas pelos personagens durante a história, é também o que, na minha opinião, faz o filme valer a pena e ser digno de uma reassistida.


Confesso que a primeira hora do filme (que tem pouco mais de 2 horas) foi bem arrastada, compensada apenas pelas ótimas atuações de todo o elenco. Porém à partir de determinado momento a trama parece ganhar um impulso, que é salientado pelas indagação que vão surgindo em torno de algumas questões que vêm à tona. Lembro que cheguei a ler em uma resenha, que o filme é ótimo para quem está solteiro e quer confirmar a premissa que diz que “antes só que mal casado” e na verdade é mais ou menos isso que acontece. Ao retratar dois casais da classe média alta americana, o filme reproduz bem a hipocrisia e a conveniência que sustentam muitos destes matrimônios, que seriam fruto apenas de um jogo de interesses dos envolvidos. A surpresa que o final nos revela deixa bem claro a que nível chegou as ilusões e as aparências na vida do casal principal, o que, resguardada as devidas proporções, acontece o tempo todo na vida de muitos casais reais.


Ao meu modo de ver, Quem Tem Medo de Virginia Woolf? vale muito mais pelas atuações formidáveis, que pela história em si. O ritmo rápido dos diálogos, apesar de nos confundir em alguns momentos, não cansa, mas também não nos permite refletir sobre o que está acontecendo. No fim das contas fica apenas uma sensação estranha de ter presenciado mais de duas horas de uma discussão de relação, uma daquelas bem chatas. A impressão que também fica é a de que a típica linguagem teatral não funcionou bem ao ser adaptada e que o roteiro realmente deve causar mais impacto nos palcos do que nas telas. Nunca é fácil fazer uma resenha negativa de um clássico, talvez eu tenha que reconhecer que o filme tem lá seus méritos e que estes não são poucos. Além das atuações, a fotografia, a direção de arte e os movimentos de câmera, que produzem tomadas marcantes e ousadas, merecem o devido destaque. No entanto o filme não extrapolou minhas espectativas...


O título Quem Tem Medo de Virgina Woolf? é uma referência, feita, com jogos de palavras, à canção “Quem Tem Medo do Lobo Mau” (Who’s afraid of the bad Wolf no original), famosa pelo filme Os Três Porquinhos (1933) da Disney, e não tem nenhuma relação direta com a obra ou a vida da escritora inglesa. 

Na época que o filme foi produzido, Elizabeth Taylor ainda era casada com Richard Burton, a parceria do casal nas telas já tinha sido vista em Cleopatra (1963). Na vida real, tal como em Quem Tem Medo de Virginia Wolf?, o relacionamento deles foi marcado pelos problemas de ambos (principalmente dele) com o alcoolismo. Este foi apenas um dos oito casamentos da atriz.

Quem Tem Medo de Virginia Woolf? ganhou os Oscars de Melhor Atriz (Elizabeth Taylor), Atriz Coadjuvante (Sandy Dennis), Fotografia Preto-e-branco (último vencedor dessa categoria), Figurino Preto-e-branco e Direção de Arte Preto-e-branco. O filme ainda foi indicado nas categorias de Melhor Filme, Diretor, Roteiro Adaptado, Ator (Richard Burton), Ator Coadjuvante (George Segal), Montagem, Som e Trilha Sonora.
 
Assista ao trailer de Quem Tem Medo de Virginia Woolf? no You Tube !
(clique no link)


Elizabeth Taylor
"Tenho o corpo de uma mulher e os sentimentos de uma criança."
*27/02/1932     + 23/03/2011
 

6 comentários:

  1. Assiti esse filme e gostei. Mas não saquei direito o final, que parece ter algo surpreendente a revellar. Vou assistir de novo!

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  2. De fato o filme tem interpretações magníficas, mas o tom teatral e o excesso de duração me incomodou em alguns momentos, mas no geral o resultado é sólido - e o final é ótimo!

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  3. Albee, Taylor e Burton sâo uma combinação perfeita para uma noite mais chegada ã v.woolf do que ao bad wolf.

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  4. Excesso de duração? Vcs precisam assistir Longa Jornada Noite Adentro.3 horas intermináveis de pura linguagem teatral. Um tédio.

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