Toy Story 3 - 2010. Dirigido por Lee Unkrich. Roteiro de Michael Arndt. Música de Randy Newman. Criação original de John Lasseter, Andrew Stanton and Lee Unkrich. Produzido por John Lasseter. Pixar Animation Studio; Walt Disney Pictures / EUA.
15 anos se passaram desde que Toy Story (a primeira parte do que viria ser uma trilogia) ganhou as telas, muita coisa mudou desde então. Naquela ocasião eu ainda era uma criança, a animação computadorizada ainda engatinhava e aquele era ainda o primeiro filme da Pixar. Na primeira vez que assisti à esta primeira parte, confesso que senti um pouco de estranheza, era a falta de costume com a nova tecnologia de animação. Voltaria a assistir o filme algumas outras vezes mais tarde e a minha reação seria então bem diferente. O lançamento do filme em 1995 é um verdadeiro marco na história do cinema, sem nenhum exagero, aquela animação, que reproduzia em personagens brinquedos os arquétipos do universo ficcional infantil, se tornaria um clássico absoluto do sub-gênero que ajudou a criar. O segundo longa da série (que me lembro de ter assistido apenas uma vez), terceiro da Pixar, ajudou a consolidar com similar grandiosidade tudo o que o primeiro representou na ocasião de seu lançamento.
15 anos se passaram desde que Toy Story (a primeira parte do que viria ser uma trilogia) ganhou as telas, muita coisa mudou desde então. Naquela ocasião eu ainda era uma criança, a animação computadorizada ainda engatinhava e aquele era ainda o primeiro filme da Pixar. Na primeira vez que assisti à esta primeira parte, confesso que senti um pouco de estranheza, era a falta de costume com a nova tecnologia de animação. Voltaria a assistir o filme algumas outras vezes mais tarde e a minha reação seria então bem diferente. O lançamento do filme em 1995 é um verdadeiro marco na história do cinema, sem nenhum exagero, aquela animação, que reproduzia em personagens brinquedos os arquétipos do universo ficcional infantil, se tornaria um clássico absoluto do sub-gênero que ajudou a criar. O segundo longa da série (que me lembro de ter assistido apenas uma vez), terceiro da Pixar, ajudou a consolidar com similar grandiosidade tudo o que o primeiro representou na ocasião de seu lançamento.
Mas desde então o mundo mudou, nós que éramos crianças na época, amadurecemos (uns nem tanto), as animações computadorizadas evoluíram (e muito) e a Pixar se tornou, como braço da Walt Disney Pictures, uma das empresas mais bem sucedidas do ramo cinematográfico. A companhia produziu, dentre outras, três das animações que figuram honrosamente na minha lista (!) de filmes essenciais da década, são eles Ratatouille (2007), Wall-E (2008) e Up (2009). Em um contexto de tantas evoluções e mudanças, não é de se estranhar que o lançamento de mais uma sequência de uma franquia de sucesso possa vir acompanhado de incertezas e de boas e más expectativas. Toy Story 3 (2010) poderia ser apenas mais uma continuação, sem muitas novidades a acrescentar à história original, ainda assim, creio eu, poderia ser uma grande sucesso de público, motivado principalmente pelo status conquistado pelos 2 anteriores e pelo fato de funcionar como uma novidade para as crianças de hoje, que não conheceram o auge de badalação de outrora em torno dos personagens animados.
Mas diferente do que eu poderia ter esperado, Toy Story também amadureceu. Assistindo ao filme pela primeira vez, há alguns meses atrás, percebei que amadurecemos juntos. O que senti não foi algo singular ou pessoal, boa parte de minha geração e um bom número de marmanjos de gerações anteriores se emocionaram ao assistir ao filme. Tais reações, que se materializaram em ótimas críticas e num grande sucesso de bilheteria, comprovam o quão bem sucedida foi a angulação deste longa, que preferiu direcionar o roteiro para quem era criança na ocasião do lançamento dos dois primeiros, ao invés da meninada de hoje em dia, que parece dar menos importância para os brinquedos, que são substituídos por games e outras atividades precoces. Em diversos momentos do filme, que aborda temas fortes como o abandono e a separação, fiquei imaginando qual seria minha reação ao assisti-lo se tivesse hoje a mesma idade que tinha quando assisti o primeiro. Acredito que talvez nem teria compreendido a força que algumas daquelas sequências têm no imaginário de um adulto saudosista. O filme tem momentos divertidos e alegres que funcionam como apelo para as crianças de hoje, mas no geral a mensagem principal que está sendo transmitida só tem efeitos mais significativos sobre nós, que em algum momento, sem que dessemos conta, estivemos na mesma posição do garoto Andy (que neste filme já é um jovem de 17 anos).
O mote de Toy Story 3 é a ida de Andy, o dono dos brinquedos, para a faculdade e o “abandono” dos brinquedos. Woody, Buzz e os outros não conseguem entender que o menino cresceu e que já não dá mais a mesma importância que dava para eles. A mudança do garoto traz à tona as ameaças de serem levados para o sótão, doados ou o pior, jogados no lixo. Mesmo estando na dúvida sobre o que fazer com os brinquedos, Andy tem certeza do que não quer se desfazer de nenhum deles (ele decide levar apenas o Woody para a faculdade), mas por acidente todos eles acabam sendo levados para o lixo, de onde conseguem escapar. Desconfiados das intenções de Andy eles decidem que é melhor se esconderem junto com os outros donativos, que seriam levados para uma creche que não fica muito longe da casa de Andy. A creche Sunny Side é o local onde maior parte do filme se passa e também onde conhecemos alguns dos novos e interessantes personagens, que completam o “elenco” da melhor e mais dramática de todas as aventuras da turma. O lugar lembra bem um asilo, para onde os brinquedos vão depois que seus donos originais não os querem mais. Ao contrário do que nos parece à primeira vista, o lugar é tomado por sentimentos de abandono e rancor, que se materializam principalmente no personagem Lutzo, um ursinho de pelúcia com cheiro de morango, que comanda o lugar com a manutenção de um regime opressivo e ditatorial.
Ao focar a história de Andy e seus brinquedos, Toy Story 3 também toca na questão sobre os relacionamentos, tema que também não é nem um pouco infantil. A história mostra o quão duras podem ser as mudança que acontecem em nossas vidas, e que a elas não estão imunes nem as coisas que mais valorizamos, como amigos e lembranças que consideramos importantes. Toy Story 3 pode ser considerado um filme sobre o rito de passagem, não o que deixa para trás a infância, mas aquele a que somos acometidos cada vez que somos obrigados a encarar o novo que se esperita em nossas vidas. É também uma história sobre a transitoriedade de relacionamentos e de valores, tão acentuada em tempos pós modernos, com a qual estamos ainda tão desacostumados a lidar. É um filme sobre tantas coisas e de uma profundidade poucas vezes vista. De uma forma mágica, Toy Story 3 nos ensina a recomeçar após perdas e ensina ainda que o distanciamento não significa o fim de uma amizade ou dos sentimentos que a motivaram.
Não tem como assistir Toy Story 3 sem se sentir transportado para o mundo mágico de brinquedos e brincadeiras da infância, já na primeira cena percebemos isso, este breve mergulho no passado (recente e ao mesmo tempo tão distante) é maravilhoso e impagável. Só que, como tudo passa muito rápido, o passado se torna, em um piscar de olhos, apenas passado e a incerteza quanto ao futuro é o que passa a atormentar os personagens e a nós que os acompanhamos em sua trajetória desde o início, há 15 anos. Compartilhamos a partir daí os seus medos de não terem os sentimentos de amizade e afeto correspondidos e de serem descartados ou deixados em um canto qualquer. Após uma série de “desencontros” e um tanto de situações extremas, chegamos ao desfecho. O final é catártico e nos emociona com um encerramento digno da grandiosidade da trilogia. A sequência anterior aos créditos e de uma beleza indescritível, na minha opinião uma das melhores e mais emblemáticas da década, que provavelmente permanecerá em nosso imaginário por um longo tempo. O filme acaba, deixando apenas uma forte nostalgia e questões não resolvidas sobre a nossa própria meninice... Onde foram parar nossos brinquedos? Onde foram parar alguns de nossos amigos de outrora? Onde foi parar a nossa infância? Sem mais comentários...
Mas diferente do que eu poderia ter esperado, Toy Story também amadureceu. Assistindo ao filme pela primeira vez, há alguns meses atrás, percebei que amadurecemos juntos. O que senti não foi algo singular ou pessoal, boa parte de minha geração e um bom número de marmanjos de gerações anteriores se emocionaram ao assistir ao filme. Tais reações, que se materializaram em ótimas críticas e num grande sucesso de bilheteria, comprovam o quão bem sucedida foi a angulação deste longa, que preferiu direcionar o roteiro para quem era criança na ocasião do lançamento dos dois primeiros, ao invés da meninada de hoje em dia, que parece dar menos importância para os brinquedos, que são substituídos por games e outras atividades precoces. Em diversos momentos do filme, que aborda temas fortes como o abandono e a separação, fiquei imaginando qual seria minha reação ao assisti-lo se tivesse hoje a mesma idade que tinha quando assisti o primeiro. Acredito que talvez nem teria compreendido a força que algumas daquelas sequências têm no imaginário de um adulto saudosista. O filme tem momentos divertidos e alegres que funcionam como apelo para as crianças de hoje, mas no geral a mensagem principal que está sendo transmitida só tem efeitos mais significativos sobre nós, que em algum momento, sem que dessemos conta, estivemos na mesma posição do garoto Andy (que neste filme já é um jovem de 17 anos).
O mote de Toy Story 3 é a ida de Andy, o dono dos brinquedos, para a faculdade e o “abandono” dos brinquedos. Woody, Buzz e os outros não conseguem entender que o menino cresceu e que já não dá mais a mesma importância que dava para eles. A mudança do garoto traz à tona as ameaças de serem levados para o sótão, doados ou o pior, jogados no lixo. Mesmo estando na dúvida sobre o que fazer com os brinquedos, Andy tem certeza do que não quer se desfazer de nenhum deles (ele decide levar apenas o Woody para a faculdade), mas por acidente todos eles acabam sendo levados para o lixo, de onde conseguem escapar. Desconfiados das intenções de Andy eles decidem que é melhor se esconderem junto com os outros donativos, que seriam levados para uma creche que não fica muito longe da casa de Andy. A creche Sunny Side é o local onde maior parte do filme se passa e também onde conhecemos alguns dos novos e interessantes personagens, que completam o “elenco” da melhor e mais dramática de todas as aventuras da turma. O lugar lembra bem um asilo, para onde os brinquedos vão depois que seus donos originais não os querem mais. Ao contrário do que nos parece à primeira vista, o lugar é tomado por sentimentos de abandono e rancor, que se materializam principalmente no personagem Lutzo, um ursinho de pelúcia com cheiro de morango, que comanda o lugar com a manutenção de um regime opressivo e ditatorial.
Ao focar a história de Andy e seus brinquedos, Toy Story 3 também toca na questão sobre os relacionamentos, tema que também não é nem um pouco infantil. A história mostra o quão duras podem ser as mudança que acontecem em nossas vidas, e que a elas não estão imunes nem as coisas que mais valorizamos, como amigos e lembranças que consideramos importantes. Toy Story 3 pode ser considerado um filme sobre o rito de passagem, não o que deixa para trás a infância, mas aquele a que somos acometidos cada vez que somos obrigados a encarar o novo que se esperita em nossas vidas. É também uma história sobre a transitoriedade de relacionamentos e de valores, tão acentuada em tempos pós modernos, com a qual estamos ainda tão desacostumados a lidar. É um filme sobre tantas coisas e de uma profundidade poucas vezes vista. De uma forma mágica, Toy Story 3 nos ensina a recomeçar após perdas e ensina ainda que o distanciamento não significa o fim de uma amizade ou dos sentimentos que a motivaram.
Não tem como assistir Toy Story 3 sem se sentir transportado para o mundo mágico de brinquedos e brincadeiras da infância, já na primeira cena percebemos isso, este breve mergulho no passado (recente e ao mesmo tempo tão distante) é maravilhoso e impagável. Só que, como tudo passa muito rápido, o passado se torna, em um piscar de olhos, apenas passado e a incerteza quanto ao futuro é o que passa a atormentar os personagens e a nós que os acompanhamos em sua trajetória desde o início, há 15 anos. Compartilhamos a partir daí os seus medos de não terem os sentimentos de amizade e afeto correspondidos e de serem descartados ou deixados em um canto qualquer. Após uma série de “desencontros” e um tanto de situações extremas, chegamos ao desfecho. O final é catártico e nos emociona com um encerramento digno da grandiosidade da trilogia. A sequência anterior aos créditos e de uma beleza indescritível, na minha opinião uma das melhores e mais emblemáticas da década, que provavelmente permanecerá em nosso imaginário por um longo tempo. O filme acaba, deixando apenas uma forte nostalgia e questões não resolvidas sobre a nossa própria meninice... Onde foram parar nossos brinquedos? Onde foram parar alguns de nossos amigos de outrora? Onde foi parar a nossa infância? Sem mais comentários...
Toy Story 3 ganhou os Oscars de Melhor Animação e Canção Original (We Belong Togheter), tendo sido indicado também nas categorias de Melhor Filme, Roteiro Adaptado e Edição de Som.
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Assista ao trailer de Toy Story 3 no You Tube ! (clique no link)
Confiram aqui no Blog SUBLIME IRREALIDADE a resenha dos outros longas que concorreram ao Oscar de Melhor Filme em 2011:
O Discurso do Rei (The King`s Speech) - Vencedor
A Rede Social (The Social Network) - Indicado
Minhas Mães e Meu Pai (The Kids are All Right) - Indicado
O Inverno da Alma (Winter`s Bone) - Indicado
Bravura Indômita (True Grit) - Indicado
Cisne Negro (Black Swan) - Indicado
O Vencedor (The Fighter) - Indicado
A Origem (Inception) - Indicado
127 Horas (127 Hour`s) - Indicado
Adorei o texto José Bruno, senti a mesma sensação de nostalgia que vc no final. Não tem como não pensarmos na nossa própria infância e brinquedos...Bjo!
ResponderExcluirPra mim é sem dúvidas a melhor animação dos últimos tempos, cheio de nostalgia e sensibilidade! Excelente!
ExcluirDevo dizer que 10 anos de idade gostei, minha pequena gostei e tenho certeza que assim como milhões de pessoas. Para mim, foi inesquecível e maravilhoso, acho que a espera valeu a pena, sem dúvida que Toy Story 3 é um dos filmes infantis que marcaram jovens e velhos, uma mistura com alguma emoção foram a combinação perfeita para não apenas entreter o público, mas também para cativar. Ótimo, ótimo filme que não me canso de dizer isso.
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