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domingo, 29 de maio de 2011

Além da Vida

Além da Vida (Hereafter) - 2010. Dirigido por Clint Eastwood. Roteiro de Peter Morgan . Direção de Fotografia de Tom Stern. Música de Clint Eastwood. Produzido por Clint Eastwood; Kathleen Kennedy & Robert Lorenz. Warner Bros. Pictures / EUA.


Além da Vida (2010) começa com um plano aberto que mostra uma bela vista de uma praia na Tailândia (não há nenhuma indicação de data ou lugar), após um corte somos levados para um tipico quarto de hotel. No aposento, uma mulher, que já estava acordada, levanta da cama, acorda o homem e o lembra que ele tem de comprar presentes para seus filhos antes de partirem. Ele pede para dormir mais um pouco, ela então decide ir ela mesma comprar os presentes. Outro corte e agora ela já está em frente a uma barraca, num mercado local a céu aberto, neste mesmo momento, ele, que ainda não tinha levantado, escuta um forte barulho de água e ao chegar da janela do quarto, que dá vista para o mar, vê uma grande onda que avança contra o litoral arrastando consigo banhistas e barracas e destruindo tudo que está em seu caminho. Mais um corte e estamos novamente no mercado, a mulher estava perguntando sobre alguns produtos do stand quando também ouve o forte barulho e logo em seguida enxerga a onda que vem em sua direção. As pessoas no mercado não têm nem tempo de ter alguma reação, num piscar de olhos a água já inundou e arrasou todo aquele espaço.


Esta sequência inicial, que dura pouco mais de cinco minutos, é a que mais marca em todo o filme e não é para menos, os efeitos, que reconstroem o tsunami que atingiu aquele país em 2004, colocam no chinelo a grande maioria dos filmes de catástrofes naturais. O efeito que esta sequência nos provoca, eu creio que deva ao fato de que as imagens daquele fenômeno devastador ainda estejam bem vivas em nossa memória. Ver toda aquela destruição nos tira o folego, mas quem espera que o filme mantenha este ritmo até o final terminará a sessão totalmente decepcionado. O brilhantismo dos efeitos especiais param por ai, mas dão lugar a uma fotografia quase impecável, que consegue beirar a perfeição tanto nas cenas mais intimistas quanto nos planos abertos, que reproduzem lindas paisagens.


Comecei a assistir ao filme com um pé atrás, não acreditava que iria muito além da sequência inicial, que já despertava minha curiosidade desde as primeiras críticas que li do longa. Pelo nome do filme percebe-se o cunho de seu roteiro, que tende para o espiritismo e para a crença na comunicação com os mortos. Definitivamente filmes com esta temática, tão em voga ultimamente no Brasil, despertam em quase nada meu interesse. Não compartilho das mesmas crenças desta corrente religiosa e o meu maior receio ao assistir Além da Vida era de que o filme fosse dogmático, o que felizmente ele não é. A maior prova de que o filme não foi produzido para tentar converter ninguém é que este mostra a crença “espírita” por diversos ângulos, sem tomar um destes como verdade absoluta, tocando até mesmo na questão polêmica do charlatanismo.


A trama gira em torno de três personagens: Marie Lelay (Cécile de France - a mulher da primeira sequência), uma jornalista francesa que teve uma experiência de “quase morte” durante o tsunami; George Lonegam (Matt Damon), um médium de São Francisco que está atormentado pela “maldição” que carrega consigo, a de ser o canal de comunicação com o além, ele não quer mais fazer “leituras” e descarta a possibilidade de ganhar dinheiro atendendo pessoas; e Marcus (George McLarem), um menino londrino, que perdeu o irmão gêmeo, Jason (Frankie McLarem) em um acidente e em seguida foi afastado da mãe, por esta ser dependente química, ele não consegue lidar com a solidão, nem superar a perda do irmão. Como dá para perceber o fio que entrelaça as histórias dos três personagens é a morte e o medo e a dor que esta lhes causa.



O roteiro chega a ser um tanto clichê em alguns momentos e algumas situações são um tanto absurdas, mas no fim das contas o filme acaba valendo a pena. As atuações são boas e conseguem tornar cada um dos personagens convincentes em seus dramas pessoais, não dá para duvidar por exemplo da dor que Marcus sente ou da negação de Lonegam ao seu dom. Apesar de ser uma história sobre a relação dos vivos com o além, o que fica mais evidente é na verdade as relações dos vivos com os vivos (sic), independente da conotação religiosa que ganham na trama, seus temores e dores são comuns e mais que isso são universais, afinal de contas, a morte continua a nos intrigar, independente de qual credo cada um professe ou deixe de professar. A conclusão mais certa a que cheguei ao final do filme é a de que o que realmente valeu no fim das contas foi o peso de uma direção habilidosa e precisa. O realizador foi ninguém menos que Clint Eastwoody, este imprimiu seu estilo de direção em cada sequência do longa, amenizando os riscos que este corria de se bandiar para o gênero religioso piegas.

Ao assistir Além da Vida preste atenção também na trilha sonora e em uma das sequências que acontecem em um curso de culinária. Não é um filme maravilhoso mas eu recomendo!

Assistam ao trailer de Além da Vida no You Tube, clique AQUI !

Confiram também, aqui no Sublime Irrealidade, a resenha crítica de
Os Imperdoáveis , um dos clássicos dirigidos por Clint Eastwood
(clique no link) !

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