N° de acessos:

sábado, 6 de agosto de 2011

The Walking Dead - A Série


Metáforas sobre a natureza humana em um mundo pós apocalíptico tomado por zumbis


Quando a série The Walking Dead estreou no Brasil em meados do ano passado, eu ainda estava cheio de incertezas quanto a ela. A princípio ela não despertou minha curiosidade e eu achava quase impossível que uma história sobre mortos vivos pudesse se sustentar por diversos capítulos, quiça por diversas temporadas. Acho que dificilmente eu teria tido contato com a série, se não fosse a gentileza de um amigo, que me indicou e me passou a primeira temporada completa... The Walking Dead foi uma das séries mais elogiadas de 2010, o que eu achava impossível aconteceu, a crítica especializada aplaudiu de pé a produção capitaneada pelo cineasta Frank Darabont, que tem no currículo filmes como À Espera de um Milagre (1999) e Um Sonho de Liberdade (1994).

O seriado foi inspirado na HQs homônima, escrita por Robert Kirkman, Tony Moore e Charlie Adlard. Desde o princípio Darabont sabia que esta não seria uma história para o cinema contar e sim para a TV, segundo ele: “Você pode contar um tipo de história nas duas horas de um filme, é um foco mais restrito, que você tem que manter se vai fazer a coisa direito, sem alienar a platéia. Na TV você tem essa maravilha que é o tempo para desenvolver uma trama.” Pelo visto Darabont estava apostando todas as suas cartas nesta aventura pela produção televisiva, em um tom que expressa amargura e frustração, ele chegou a comentar que na televisão é onde estão as oportunidades de contar histórias com temáticas mais adultas e complexas e que o cinema, com raras exceções, estaria substituindo a narrativa pelo abuso de efeitos espetaculares.

 

Por ironia do destino, ou não, justamente na semana em que eu assisti à primeira temporada da série, foi noticiada a decisão de Darabont de abandonar o barco, ele já tinha causado polêmica, quando demitiu todos os roteiristas, alegando que só trabalharia a a partir de então com freelancers. O canal de TV por assinatura AMC, que exibe a série, conseguiu contornar a situação, convencendo o produtor a trabalhar em parceria com roteirista Glen Mazzara. Com o anúncio da saída de Darabont, Mazzara passa a ser o nome mais cotado para assumir a função de produtor-executivo do seriado, cuja a segunda temporada começa em outubro nos Estados Unidos. Entre os motivos que podem tê-lo levado à decisão de abandonar a empreitada está justamente a castração criativa imposta pela emissora e a perda de recursos para outra série, que é a campeã e audiência deste canal. Certamente a TV não era de todo o que ele esperava.

Como eu já disse a primeira temporada do The Walking Dead foi um grande sucesso de crítica e de audiência, eu achava isso um absurdo até que decidi conferir. Tenho que reconhecer que a série é legal, a história é boa, as metáforas melhores ainda e que estou muito curioso para conferir os rumos que serão tomados nos episódios da sequência. No entanto a série ainda não conseguiu me convencer por completo, alguns pequenos deslises me impedem de ovacioná-la junto com a crítica especializada. Para explicar meu ponto de vista vou recorrer a um episódio da excelente série de comédia The Big Bang Theory, neste capítulo os personagens centrais conversam sobre os filmes do Superman, eles aceitam o fato de que ele tenha vindo de outro planeta, de que ele tenha super poderes e possa voar, mas não conseguem aceitar que ele possa salvar a Lois Lane, enquanto ela cai de um helicóptero em um dos filmes, conforme eles explicam o choque entre o encontro deles no ar faria com que ele, que é o “homem de aço”, cortasse o corpo dela em dois.

 

Sou o primeiro a reconhecer que nós como espectadores devamos dar uma “licença poética” às tramas quando se trata de ficções científicas, como já deixei claro na resenha que fiz do filme A Origem (2010), mas o que acho inadmissível são alguns absurdos, que parecem passar despercebidos e que furtam todo o sendo de realidade(!) da história. Penso que uma coisa é aceitarmos que uma epidemia, ainda não explicada, possa levar a “ressurreição” de mortos e a volta destes como zumbis, outra coisa é admitir que um homem possa passar quase um mês em coma, sem água e sem alimentação, e de repente simplesmente se levantar do leito, só um pouquinho desorientado, como se tivesse apenas tomado um porre na noite anterior, ou que pessoas possam sair ilesas de um capotamento de um carro em alta velocidade. Até aceitamos este tipo de coisa em filme de aventura e de fantasia, que têm propostas bem diferentes daquela que Frank Darabont quis dar a The Walking Dead.


Depois de tanta divagação, vamos à trama: O episódio piloto começa com os policias Rick Grimes (Andrew Lincoln) e Shane Walsh (Jon Bernthal) conversando na viatura em um momento de tranquilidade, que é rapidamente quebrado. Eles são chamados pelo rádio para ajudar a interceptar um veículo que era perseguido em uma rodovia por outra viatura. Eles montam uma barreira de contenção na estrada, mas antes de atingi-la, ao passar por garras que furam os pneus, os fugitivos perdem o controle do carro que capota diversas vezes. Absurdamente, os homens que estavam sendo perseguidos saem com pouquíssimos ferimentos e começam uma troca de tiros com os policiais. No tiroteio, os três bandidos são mortos, mas Rick também fica gravemente ferido ao ser atingido duas vezes.


A cena seguinte já mostra Shane entrando no quarto em que Rick está internado no hospital, toda esta sequência é mostrada pela perspectiva deste, que percebe vagamente os movimentos ao seu redor, enxergando-os borrados e fragmentados. Ao tentar conversar com o colega, Rick percebe que ele já não está mais no quarto e que as flores que ele deixara já haviam murchado pelo visto há bastante tempo. Ele percebe que tem algo de muito estranho e tenta pedir socorro, mas ninguém atende ao seu chamado. Ao se levantar com um pouco de dificuldade e sair do quarto, ele percebe que o hospital fora completamente destruído e que está aparentemente abandonado há semanas. Rick não demora muito pra compreender o que aconteceu, ao sair do hospital, ele se depara com o primeiro zumbi e ainda neste episódio ele se encontra com outros personagens que o explicam o que aconteceu. A cidade fora tomada por uma epidemia, que teria levado á zumbificação dos mortos, não sobrou quase ninguém vivo nas redondezas. Rick mantém a esperança de que sua mulher e filho estejam a salvo em algum lugar seguro... Vou parar por aqui para não correr o risco de revelar nada sobre os próximos episódios.


O melhor aspecto da série, na minha opinião, além da parte técnica que é excelente, são as metáforas criadas pela história. Para quem assistiu Ensaio Sobre a Cegueira (2008) de Fernando Meirelles, ou leu a obra que deu origem ao filme, escrita por José Saramago, será ainda mais fácil fazer tal tipo de leitura nas entrelinhas. Tal como nas obras citadas, o contexto pós apocalíptico é o catalizador que faz aflorar o lado mais obscuro da natureza humana, imersos em uma situação extrema os personagens deixam escapar aquilo que sempre tentaram mascarar, o que de fato eles realmente são. Apesar de alguns clichês, a série explora bem temas difíceis como preconceito, machismo e suicídio. Os personagens, mesmo sendo construídos sobre alguns dos estereótipos mais manjados, conseguem a proeza de serem ambíguos e não penderem para o maniqueísmo. 

Por fim, os zumbis seriam de acordo, com o próprio Frank Darabon, uma ótima alegoria da corrupção do homem, eles representariam “a falta de racionalidade da espécie humana, e como somos perigosos, destruidores e estúpidos em grupos…” Tenho que reconhecer também que nenhum filme, ou produção, sobre mortos vivos tinha sido até então, tão intrigante e cheio de significados quanto esta série. Em tempos de vampiros afeminados, isso ai é o que está tendo de melhor quando se trata de criaturas apavorantes. The Walking Dead, apesar das pequenas falhas, é uma das grandes promessas da TV americana, que pode ser ofuscada apenas pela genialidade de uma outra produção da rede de TV AMC, a aclamada série Mad Men... Recomendo!


Assistam ao trailer da série The Walking Dead no You Tube,
clique AQUI !

.

18 comentários:

  1. Eu gosto da série e já estou acompanhando a Segunda Temporada. Sobre a inverossimilhança, neste tipo de gênero eu desligo o cérebro e realmente não me incomodo. Bacana vc apontar a cena clássica de Superman e até a obra de Meirelles e Saramago. Acho mesmo que Darabont queria trabalhar em um projeto diferente na TV - ele vem da televisão - e criar possibilidades com os Zumbis, ele conseguiu. Mas nada em "The Walking Dead" é novidade, aliás, bebe na fonte do clássico do Romero e seria mais clichê querer, como espectador, metáforas mais elaboradas e dramas 'tric tric' com cenário apocalíptico dos Mortos-Vivos. A melhor obra do assunto ( A Noite Dos Mortos-Vivos, 1968) tratou de tudo isso e mostrou um pessimismo real da condição humana frente a uma epidemia macabra. As explicações? Pode ser mesmo uma poluição radioativa...quem sabe?

    Abraço
    Seguindo seu blog.

    ResponderExcluir
  2. Achei o piloto uma obra-prima do mundo das séries, mas os outros cinco episódios são chatos, enrolados, com zumbis como coadjuvantes e pouco terror pra muitos dramas rasos...
    Mas pode melhorar na segunda temporada, vamos ver!

    ResponderExcluir
  3. ESTA MUUUUUUUUITO BOOM!! E JÁ ESTOU ANCIOSA PRA 3ª TEMPORADA!
    Jéssica

    ResponderExcluir
  4. Vim aqui prestigiar a sua postagem sobre TWD e posso te dizer que a sua resenha é magnífica e que eu concordo com todas as suas observaçãoes. Os acertos da série são muito maiores que os erros,o que definitivamente me leva a ignorar qualquer falha.Se eu fosse parte integrande da fundação do seriado eu também ficaria extremamente revoltada com a falta de recursos e o amputamento da criatividade.É por isso que quase nada na tv é aproveitável. É uma máquina muito poderosa,se nós pensarmos bem.Tem o poder de construir mentes,intelectos,mas só é usada de modo errado,para "alienar". A segunda temporada foi toda em torno do desaparecimento de Sophia,a pequena anta e não teve tanta ação assim,foi intimista mas continuou excelente. Quero ver o que nos aguarda em fevereiro!Gostei muito de ter a sua presença no meu blog e gostaria de te dizer que dei uma melhoradinha lá na minha crítica,haviam partes faltantes que não pude corrigir,coisa pouca mas que faz diferença no entendimento final.Crescendo e aprendendo! No aguardo para ver uma postagem sua sobre American Horror History! Beijocas!!!

    ResponderExcluir
  5. éeee 10000000000000000000

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. anonimo do dia 28 de jan vc esqueceu de 000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000

      Excluir
  6. the walking dead é muito bom, as pessoas se identifição com os personagens e as emoções q eles sentem, quando um deles morrem nos sentimos como se tivesimos perdido um amigo ou um membro da familia

    ResponderExcluir
  7. foi uma das melhores series que ja assisti.
    estou ansioso pra 3ª temporada.
    se precisar de ajuda pra mais ação na 3ª temporada tem varias.
    Ação, terror, suspense e muita adrenalina.

    ResponderExcluir
  8. Série excelente...e quanto a sair ileso em capotamentos em alta velocidade, isso pode sim, já houve comigo =]

    ResponderExcluir
  9. me interecei pela série mas ñ sei em q canal que da me ajudem

    ResponderExcluir
  10. Para mim é o que foi feito de melhor sobre zumbi até hoje. Também não acreditei que conseguissem manter, mas gostei do formato que fizeram. Fez jus a todos os jogos do gênero. Já vi as duas temporadas e aguardo ansioso a terceira.

    Abraços

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. adoro esta serie e a melhor coisa que ja vi nao vou perdere nenhum episodio da serie escaldante apesar de lori morrer num dos episodios da terceira temporada nao significa que rick desista das suas capacidades de salvar o grupo t-dog tambem morreu a tentar fechar o portao t-dog foi morto por uma dentada de um um zombi mas mesmo assim nao desistiu deu-lhe uma cotevolada com força e dei-lhe muitos tiros ate acabar as balas da sua pistola uma 9 milimetros...correndo uns metros a frente ja dentro do bloco de celas lori entra em trabalho de parto mas acaba por morrer porque magguie tem de lhe cortar a barriga para tirar a bebe sem asnestejia lori morre.passado um bocado t-dog esta quase a chega a sala para desligar o alarme ativado pelo preto que mais para a frente rick vai matar t-dog apoiado a carol aparecem dos zombies que carol tenta matar com o seu revolver mas nao tem balas nele chagando-se a frente t-dog agarra os zombies e carol passamas esconde-se numa porta....

      Excluir
  11. Gostei da sua critica, e venho lendo criticas sobre a série desde que lançaram a mesma, mas nunca que eu li uma que tenha como fundo a HQ, pois a HQ eu venho seguindo à uns 3-4 anos, e o foco da HQ é ver do que o ser humano é capaz, até onde ele vai, o foco nunca foi os Zumbis, o criador da hq mesmo disse, que poderia ser qualquer coisa, robôs, alienígenas, etc, ele quer mostrar o lado "humano" de cada um!!

    Mas como sempre seguindo o blog, e esta cada vez melhor ^^ Se cuida!!

    ResponderExcluir
  12. muito boa a primeira e segunda temporada
    mais a terceira tinha que mostra mais algumas coisas mais ta bom assim mesmo.

    ResponderExcluir
  13. A primeira temporada foi espetacular (já comprei o box), a segunda inacreditavel. A Terceira vem superando as outras duas. The Walking Dead evolui junto com seus persongens, quem assiste a primeira temporada e assiste ao episodio de domingo verá que o apocalipse está influenciando os personegens principais, mudando-os, incluindo aí o que eles acreditam ser o certo. The Walking Dead é (ao meu ver)a melhor série já feita na TV mundial. Pelo roteiro, pelos efeitos, pelos atores (todos excelentes)e pela evolução narrativa da série.

    ResponderExcluir
  14. Sou tão fã da série que fiz um desenho em homenagem ao Rick Grimes.

    http://alexandredrumond23.blogspot.com.br/2012/11/the-walking-dead.html

    ResponderExcluir