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terça-feira, 17 de abril de 2012

O Palhaço

O Palhaço - 2011. Dirigido por Selton Mello. Escrito por Selton Mello e Marcelo Vindicato. Direção de Fotografia de Adrian Teijido. Trilha Sonora Original de Plínio Profeta. Produzido por Vânia Catani e Carlos Eduardo Rodrigues. Bananeira Filmes / Brasil.


Sinto um prazer enorme quando me deparo com um filme nacional capaz de reascender em mim a esperança de que nosso cinema possa um dia se libertar por completo de suas fórmulas manjadas e da influência negativa da linguagem televisiva. O Palhaço (2011), segundo filme dirigido por Selton Mello, é quase uma preciosidade neste sentido, ele não escapa de reproduzir alguns dos estereótipos já saturados, contudo ele cumpre de forma excelente a sua proposta. Felizmente não vemos nele o pseudorrealismo característico de produções que travestem suas tramas de crítica social e tão pouco somos agredidos pela enxurrada de palavrões de fitas que exploram uma veia cômica pressupostamente mais popularesca. É este aspecto que o torna diferenciado de boa parte dos filmes nacionais que atingem o grande circuíto e as principais salas de cinema.

Selton Mello parece ter bebido bastante da fonte de Federico Fellini, ainda que inconscientemente, a influência do cineasta italiano é nítida em O Palhaço. No filme o burlesco se mistura à reflexões de cunho intelectualizado e a ambientação mescla o tom carnavalesco do espetáculo circense aos olhares melancólicos e às marcas de expressão de um povo visivelmente sofrido. A cultura popular, a religiosidade e o onírico se misturam em uma atmosfera tipicamente Felliniana, onde o lúdico e o surreal parecem estar entrelaçados à própria percepção da realidade. Na trama acompanhamos o pequeno circo Esperança que viaja por cidades pobres do interior de Minas Gerais levando alegria e entretenimento com seu espetáculo simples, porém encantador. Em cada lugarejo onde a lona é erguida há uma pausa no sofrimento, o povo se reúne diante do picadeiro e se permite rir e se emocionar com cada uma uma das apresentações,   principalmente com as piadas e estrepolias da dupla de palhaços. 


Benjamim (Selton Mello) nasceu e foi criado no circo, a vida que ele sempre levou nunca lhe permitiu criar raízes. Vivendo sempre na estrada, viajando de uma cidade para outra, ele nunca teve tanto tempo para si, a rotina nunca lhe deu a chance de se aventurar em outro tipo de vida na qual ele podesse se sentir realizado, isto então o tornou melancólico. Seu pai, Valdemar (Paulo José), é o dono do circo, ele é um homem lutador que sempre batalhou para conseguir manter sua trupe atuante e satisfeita em suas necessidades, contudo ele representa tudo aquilo que seu filho não quer se tornar, Benjamim quer ser diferente, ele quer se autoafirmar e trilhar seus próprios caminhos. O atrito do jovem consigo mesmo o conduz à uma tristeza cada vez mais profunda, que coloca em risco a apresentação do número mais bem sucedido do circo, que ele apresenta ao lado do pai, eles são respectivamente os palhaços Pangaré e Puro Sangue.


Benjamim consegue com facilidade colocar um sorriso nos rostos de crianças e adultos dos lugares por onde o circo passa, no entanto ele não tem ninguém que lhe faça sorrir. Em uma das cenas do filme um policial o aborda e o pede o alvará que concede o circo a licença para se apresentar e os documentos pessoais dele, o palhaço retruca dizendo que o circo ainda não tem a licença e que o único documento que ele trás consigo é a sua certidão de nascimento. Esta passagem é emblemática e ela diz muito sobre o personagem, a certidão de nascimento que ele tem prova a sua existência, mas não quem ele é. Em outro momento ele pondera: "preciso resolver este problema de identidade...", é nesta passagem que fica ainda mais claro que o problema ao qual ele se refere não se resume tão somente à burocracia de tirar um documento... Seguindo a cartilha dos road movies, no filme o trajeto percorrido pelo personagem alegoriza o amadurecimento e a mudança de paradigmas que ele experimenta, se tornando para ele uma espécie de rito de passagem.


A reflexão proposta pelo roteiro do filme aborda a busca do indivíduo por algo que ele ainda não tem, que não lhe é ainda familiar, é nesta procura, que às vezes demora anos, que ele passa a conhecer a si mesmo, quais são suas aspirações e reais necessidades. Benjamim está vivendo este processo, ele procura por algo que lhe é estranho - que na verdade ele ainda nem conhece - e isso lhe leva a questionar sua vocação. Ser palhaço é até então algo que o define, mas não algo que ele é, explico, ele se apresenta junto com o pai no picadeiro simplesmente por ter sido criado para tal, sua vivência no circo o conduziu a este caminho, que ele traçou movido pelas circunstâncias e não por um propósito; esta é a sua vida e ele não se reconhece mais nela. Encontrar um propósito que seja realmente seu significa para ele encontrar a si mesmo e assim se tornar alguém. Valdemar o exorta a ter calma para não colocar risco o espetáculo, mas sua frustração só se faz aumentar e isso começa a ser percebido por todos à sua volta, principalmente depois que o show começa a perder a qualidade e a naturalidade...


Em Feliz Natal (2008), seu filme de estreia (que eu ainda não assisti), Selton Mello já havia abordado a temática da autodescoberta, sua volta ao assunto neste segundo trabalho aparentemente não indica repetição e isso pode estar mais relacionado à uma marca autoral, que ele como cineasta quer deixar impressa em seus trabalhos, do que à uma questão de limitação de criatividade. Ao assistirmos  O Palhaço é possível perceber o cuidado com que Selton apara cada uma das arestas do filme, deixando-o com ritmo lento, porém impregnado por uma poética, que nos conquista já desde as primeiras sequências. O longa no entanto peca um pouco em pelo menos dois aspectos, um deles são as atuações de uma pequena parte do elenco secundário, que simplesmente não consegue convencer, não há verdade nem naturalidade em suas interpretações, o que gera um contraponto com desempenhos formidáveis de Selton, de Paulo José e de outros renomados atores que aparecem em pequenas pontas, como Jackson Antunes e Moacyr Franco. Outro problema são algumas piadas que surgem totalmente deslocadas em determinados momentos da trama, penso se algumas delas tivessem sido deixadas de fora com certeza o resultado final seria ainda melhor.


No fim das contas, os problemas se tornam irrelevantes diante de tantos aspectos positivos que o filme tem  e este podem ser notados não só no roteiro e nas reflexões propostas pela trama, O Palhaço também merece aplausos de pé pela sua excelente qualidade técnica. A belíssima fotografia é um de seus aspectos que mais chama a atenção, ela valoriza a beleza natural das locações e o perfil psicológico dos personagem em cada enquadramento e iluminação. O esmero também podem ser observado nos figurinos, na direção de arte e na escolha das locações, este aspectos como um todo compõem o visual belo e fantástico que o filme tem. 


O filme teve um retorno considerável, ele conseguiu ser um grande sucesso de bilheteria, o que por si só já é um bom sinal, todavia este é um fato no mínimo curioso, uma vez que não é o tipo de filme que tende a agradar plenamente a todos os públicos. A sensibilidade e a serenidade que conferem lentidão à condução da trama não tende a ser vista com bons olhos pelo público médio, o que faz com que comentários do tipo: "que filme ruim, não acontece nada nele, quase dormi", não sejam exceções. A minha conclusão no entanto é a de que o longa foi muito bem sucedido ao inverter a história do menino que foge do circo para abordar a temática da autodescoberta, este é sem dúvidas um dos melhores filmes nacionais dos últimos tempos, que merece ser visto e apreciado por todos que nutrem a mesma esperança que eu em relação ao nosso cinema...


O Palhaço ganhou na edição do ano passado do Festival de Paulínia (que não acontecerá neste ano) os Prêmios de Melhor Direção, Roteiro, Figurino e Ator Coadjuvante (Moacyr Franco).

Assistam ao trailer de O Palhaço no You Tube, clique AQUI !

A revelação das passagens aqui comentadas não compromete a apreciação da obra, 


37 comentários:

  1. Puxa que legal Brunão! Agora sim vou assistir ao filme. Tem um amigo que me falou tão mal, mas tão mal que eu estava até triste, hahahahahahahahha.

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    1. Um colega de trabalho também odiou o filme, mas eu achei isso até normal, porquê o filme acaba fugindo daquele padrão de produções que caem fácil no gosto popular... Assista sim Andre e volte aqui para comentar suas impressões sobre ele...

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  2. Assisti esse filme, realmente é maravilhoso não esperava muito por ser brasileiro... mas me surpreendi. beijinhos!

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    1. O cinema brasileiro tem produzido muitas obras de excelente qualidade, uma pena que a maioria delas, por questão de distribuição, ficam restritas ao pequeno circuítos de festivais e mostras...

      Infelizmente "O Palhaço" ainda é uma exceções, quando se trata de filme de qualidade transitando pelo circuíto mainstream...

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  3. Pois eu há muito tenho admirado e me alegrado com as produções brasileiras. Não todas, é claro. Ainda existe uma grande influência da linguagem e trejeitos novelescos nas mentes dos produtores e diretores do cinema nacional, mas já brilha a estrela na criatividade das mentes jovens , como a de Selton Mello pra arejar o nosso cinema, com produções diferenciadas sofisticadas, apesar de fazer uma leitura circence do interior.

    Gostei Bruno, como sempre!

    Beijinhos da Lu...

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    1. Concordo plenamente contigo, o nosso cinema precisa sim de mais mentes novas que possam dar um revigorada na cena, mas infelizmente o problema neste contexto é que ainda existe pouco ou nenhum espaço para os iniciantes (na verdade continua difícil até mesmo para aqueles que já se afirmaram), o Selton por exemplo teve ao seu favor o fato de já ter um bom trâmite pelo meio e uma carreira consolidada e elogiada como ator, o que já lhe abriu algumas portas...

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  4. Oi Bruno,

    Tudo bem? Se eu tivesse lido uma crítica desse nível teria com certeza me convencido do esmero do filme. Mateus foi ao filme e tentou a minha presença, mas o que tinha lido não tinha me convencido. Sua crítica apresenta outro olhar que na época não me foi apresentada por outros críticos. Sem dúvida, a busca do eu, da sua manifestação real fora d o picadeiro, permite um olhar diferenciado para esse cenário que pode ser um tanto bucal, mas que permite aprender com a inquietação do outro.

    Parabéns! Sempre o melhor!

    Beijos.

    Lu

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    1. Eu também cheguei a ler algumas críticas antes de assisti-lo que suprimiram totalmente este viés da autodescoberta, o que me é parece bem estranho, vez que é o aspecto da trama que mais nos chama a atenção...

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  5. Olá Bruno,
    maravilhoso esse teu olhar sobre mais este filme.
    Na realidade, ultimamente tem sido muito pouco o tempo disponível que nem para um cinema dá!
    Abraço

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    1. A falta de tempo cada vez tem se tornado um problema maior para mim também, com tantas responsabilidades com trabalho e a família sobra pouco tempo para outras coisas que nos trazem prazer... sei bem como é!

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  6. Por muito carreguei negativamente a imagem do Cinema Nacional. Confesso que com muita mais tristeza do que preconceito.
    Portanto, compartilho da alegria de vê-lo crescer, amadurecer tanto em seus roteiros quanto em sua produção, e mudar conceitos ruins sobre si, ganhando o espaço que há tanto esperávamos ser merecedor.
    Certamente colocarei na lista de filmes pra assistir.

    Obrigada pela dica,
    Thamy.

    @ThamiresLyrio
    http://tocadathamy.blogspot.com

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    1. Coloque sim Thamires, afinal ele é um filme muito bonito que merece ser assistido, o efeito dele sobre você será ainda maior se você permitir que ele lhe toque com a singeleza de seu roteiro...

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  7. Olá, José Bruno.
    Excelente análise, como de hábito.
    Acho Selton Melo um excelente ator (O Cheiro do Ralo é um de meus filmes preferidos) e parece que aqui ele consegue passar a ideia de que seu personagem busca o auto-conhecimento e a felicidade.
    Agradeço tua passada lá no blog, e no meu texto, quando citei que s diretores procuram fazer filmes divertidos, me referi a James Cameron que atualmente só faz blockbusters, por dinheiro e nada mais.
    Diretores sérios fazem cinema.
    Abraço, José Bruno.

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    1. Obrigado Jacques!
      Na minha opinião o ápice da carreira do Selton como ator está em "Lavoura Arcaica", filme que é na minha opinião uma das maiores obras primas de toda a história de nosso cinema!

      Entendi a citação e a ironia que ela trazia consigo, até por isso me referi a ela no meu comentário lá no seu post como sendo uma citação de seu personagem e não sua...

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  8. Eu achei um bom filme.O Cenário do filme é belo e Selton Mello está muito bem.Eu poderia dar uma nota altíssima para o filme,e até poderia considerar o filme como o melhor filme do cinema nacional de 2011 ,mas o seu roteiro fraco e sua trilha sonora também fraca impediram isso.Tudo no filme está belo,menos esses dois aspectos.O Palhaço não deixa de ser um bom filme, e deve ser assistido por todos.
    Ótima Crítica
    Nota 7

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    1. Confesso que a trilha sonora também não chamou a minha atenção, mas não chego a considerar um aspecto negativo no filme, já o roteiro eu considero um dos melhores aspectos do longa, pelos motivos que eu comentei no meu texto... mas você não foi o único de quem ouvi comentários negativos sobre o roteiro Mateus, alguns colegas de trabalho que o assistiram fizeram a mesma reclamação...

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  9. Grande Bruno, faz um tempinho que não piso aqui, mas gostei da dica novamente, ainda não vi o filme, mas pelo roteiro, vale a pena conferir, esta semana fui ao cinema e conferi Xingu, gostei bastante, e me impressionei com a saga dos irmãos Villas-boas, ótimo filme, e sai de lá com um respeito maior pelos índios.

    Abração pra ti.

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    1. Estou ansioso demais para conferir "Xingu" Paulo, a minha expectativa é a de que ele seja o melhor filme nacional do ano. Também estou curioso para assistir "Heleno"...

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  10. Também achei o filme muito bom, Bruno! Como você diz, sem ser uma obra prima ele sinaliza para um caminho bem saudável de cinema nacional, sem as firulas televisivas, paradoxalmente fazendo bastante uso dela. Ao contrário de você, achei que o elenco todo deu conta do recado bastante bem. Me diverti com o aparecimento, no filme, de ídolos televisivos como o Zé Bonitinho e o Moacyr Franco. Você reparou também que dele participa o Danton Mello, num papel bem de ponta? Achei o filme uma graciosa brincadeira com o mundo da TV. Dos programas de auditório aos programas humorísticos, passando pela telenovela, gente de todos os cantos dá as caras nele. É uma bela homenagem à arte de massa misturá-la ao circo, que é sua versão em que a faceta de "entretenimento" esconde como nenhuma outra a amargura.

    Bjs. Gostei muito da sua resenha!
    Dani

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    1. Concordo plenamente com seu ponto de vista Danielle, eu também gostei muitos das participações especiais que você citou em seu comentário, as atuações que me incomodaram foi a de alguns dos personagens secundários que fazem parte da trupe do Esperança, principalmente a do rapaz que tenta se passar por russo na trama...

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  11. Ola Bruno,

    Ainda não vi o filme mas estou louco para ver, principalmente agora que li seu roteiro. Sabe, eu adoro esse caminho "saudável" que o cinema nacional vem conquistando nos últimos anos, pois sempre tivemos grandes atores, faltava investimento em produção que agora parece ocorrer!

    Obrigado pela dica.


    Abraços, Flávio.
    --> Blog Telinha Crítica <--

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    1. Na verdade penso que o problema de nosso cinema vem de um conjunto de fatores, que incluem a falta de uma linguagem própria e amadurecida, monopólio de poucas produtores, concentração de recursos de incentivos nas mãos de poucos e saturação temática... Ver um filme que se destaca positivamente em meio a este contexto tão adverso já é por si um alívio...

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  12. Li agora esse texto, muito delicado por sinal, parabéns! Estou com este filme há algum tempo em casa para assistir e fiquei agora empolgada. Vou assistir ele ainda essa semana, se tudo der certo. Um abraço!

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    1. Assista Sintia!
      já estou ansioso para conferir seus comentários sobre ele!

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  13. Gostei muito da sua crítica, do que disse sobre a temática da autodescoberta...Me fez ver que eu não sou a única que se encantou pelo filme. Quando o vi no cinema, o grupo de amigos que estava comigo criticou muito e debocharam dizendo que eu escolhi o pior filme pra gente assistir...Pelo nome "O Palhaço", eles esperavam uma comédia... Mas penso que é um filme pra quem tem sensibilidade e pra quem tem mente aberta para absorver o sentido de filmes diferentes daqueles mais vendáveis, dos que, como você disse, reproduzem a linguagem televisiva...os clichês! Gostei muito do blog e, a propósito, AMO cinema.
    Espero que goste do meu :)
    Abs,

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    1. Este equívoco de esperar do filme uma comédia foi quase generalizado, meus colegas de trabalho que o assistiram simplesmente o odiaram... Mas é como você disse Renata, para apreciá-lo em sua plenitude é preciso sensibilidade e isto nem todos estão dispostos a oferecer...

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  14. Oi Bruno
    Eu perdi esse filme, pior que eu tinha até ganho o ingresso, que mancada! E eu gosto do Selton Melo, agora depois de sua dica eu vou alugá-lo, com certeza.
    Bjão. queridão.

    http://ashistoriasdeumabipolar.blogspot.com.br/

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    1. Imagino que ele deva ser ainda mais belo no cinema, a qualidade de sua fotografia rendeu imagens fantásticas que devem ficar ainda mais belas quando vistas na tela grande...

      Não deixe de assisti-lo, é um filme super sensível, do tipo que não agrada a todo mundo, mas tenho quase certeza de que você irá gostar!

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  15. Bruno, como de praxe, um excelente texto. Teu blog tá cada dia melhor. Fico muito feliz com a evolução. Vc merece. Qt ao Palhaço, vi no cinema ano passado e não me agradou muito, apesar de achar um filme muito bonito. Aquele travelling final é lindo, mas a história não me pegou como deveria. Provavelmente deve ser um problema meu mesmo, até pq a maioria adoro o filme. Fico feliz, pelo menos, pq amo o cinema nacional.

    Grande Abraço!

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    1. Já teve alguns filmes, que eu não gostei quando assisti pela primeira vez e que me conquistaram quando eu os revi tempos depois, quem sabe este não seja o caso...

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  16. O que tenho pelo cinema nacional já passou de esperança e se concretizou. Como já disse inúmeras vezes, dizer que a produção nacional é cheia de filmes novelescos é bobeira. Isto é, há sim, alguns, durante o ano. Porém, há uma quantidade muito maior de filmes bons, que, infelizmente, por uma baixar divulgação, são pouco assistidos - e não costumam fazer questão de ir atrás. Esse ano mesmo, dois filmes nacionais que já vi e irão estrear (um já estreou), mas poucos verão: Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios e Mãe e Filha. E, obviamente, produzimos filmes ruins, na mesma proporção que a França, Estados Unidos, Japão, Korea e por aí vai. Só idealizamos o cinema francês, por exemplo, porque só é exportado o que é bom! Quando a O Palhaço, é um filme feito com muito coração e que gosto muito. A direção de arte é belíssima, atuações excepcionais (especialmente o genial Paulo José), direção segura do Selton Mello - que, pra mim, destoa muito do Fellini e beira o Wes Anderson, tanto nos personagens quanto nos enquadramentos simétricos. É uma pena que a sua jornada de autodescoberta seja apressada demais e pouco desenvolvida (ele sai do circo e volta em pouco tempo). Fica a sensação - nesse caso, ruim - de que poderia durar mais!

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    1. O Júlio, quando falei das amarras de nosso cinema eu me referia ao mainstrean, aquilo que chega nas salas de cinema e transita pelo circuíto principal. Não me referia às obras que ficam, em sua maior parte, restritas à mostras e festivais. E em parte das vezes, cito meu caso como exemplo, o problema não é falta de disposição de ir atrás, é simplesmente não ter aonde ir para encontrá-los, convenhamos que mesma na internet a maioria destes filmas são difíceis de serem encontrados... O mesmo não acontece nos países que você citou, por estes já terem um mercado bem mais estruturado...

      Visualmente e tecnicamente o filme lembra sim a obra de Wes Anderson, mas o aspecto que citei no texto é remete muito mais a Fellini...

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  17. Olá Bruno... excelente crítica. Fico muito feliz quando me deparo coma argumentos com conteúdo, bom gosto e esperança em nosso cinema nacional! Gostaria de lhe pedir um favor: dicas sobre filmes brasileiros que seguem esta linha (alternativa, simples, com belas fotografias, boas atuações... enfim: produções que deram certo por ideias geniais e não por grandes produções! hehe)

    Obrigada e parabéns por expor opiniões tão válidas,
    Mariana.

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