Cinema Paradiso (Nuovo Cinema Paradiso) - 1988. Dirigido por Giuseppe Tornatore. Escrito por Giuseppe Tornatore, com a colaboração de Vanna Paoli. Direção de Fotografia de Blasco Giurato. Música Original de Ennio Morricone. Produzido por Franco Cristaldi e Giovanna Romagnoli. Cristaldifilm / Itália.
Alguns filmes definitivamente foram feitos para serem vistos e apreciados mais com o coração do que com a razão, Cinema Paradiso (1988) de Giuseppe Tornatore é um destes. Este não é um filme com um forte apelo melodramático e é desprovido de qualquer atrativo típico dos hollywoodianos, mas de alguma forma maravilhosa, ele vai aos poucos quebrando a nossa resistência e nos cativando, e quando menos percebemos, já estamos completamente envolvidos com a linda história contada. E as lágrimas jorram, quase involuntariamente, mas não são lágrimas de tristeza, é como se algo fosse tocado dentro de nós, que nos despertasse para o valor daquilo que perdemos ou que corremos o risco de perder... Sem dúvidas trata-se de um filme único, por funcionar ao mesmo tempo como uma ode à vida simples, uma homenagem ao cinema clássico e uma despedida às grandes e luxuosas salas de cinema, que já pareciam estar com os dias contados.
Salvatore Di Vita, o personagem principal pode ser analisado como uma espécie de alter-ego do diretor, uma vez que este constrói a história embasada em memórias de sua própria infância. Acredito que deia para traçar um paralelo entre este longa e Amarcord (1973) de Fellini, um dos maiores clássicos do cinema italiano, e que as semelhanças que podem ser observada entre ambos se deva a uma homenagem de Tornatore ao “maestro”. Os dois filmes remontam a uma meninice idealizada e a um tempo de inocência, como forma de misturar a realidade e o sonho, que se entrelaçam na narrativa. Ambos retratam a vida cotidiana de cidades sicilianas, com enfoque sobre a vida de pessoas simples e seus ritos, manifestações e festividades. No tocante aos personagens, assim como Fellini, Tornatore direciona seu olhar é para o tipo não cinematográfico, para a gente comum e para o tipos excêntricos e esquisitos.
Salvatore (interpretado por Jacques Perrin na meia idade) é um cineasta bem sucedido que vive em Roma. Em uma noite, depois de voltar atrasado para casa, ele recebe de sua namorada o comunicado de que sua mãe ligara, dizendo que um tal Alfredo (Philippe Noiret) morrera. A notícia deixa ele completamente desestabilizado, ele então perde o sono e imerge em lembranças de quando ainda era menino em Giancaldo, uma cidade interiorana, em meados dos anos 40. Como era comum na ocasião, longe dos grandes centros, o único entretenimento para os moradores da cidade era o cinema. O Cinema Paradiso era uma espécie de microcosmo, em torno do qual a cidade girava, sendo o palco para o surgimento de romances e confusões e uma projeção da realidade local, evidenciando até as acentuadas diferenças de classes. O Paradiso insurge como um antagonismo profano da religiosidade do povo do lugarejo. Adelfio (Leopoldo Trieste), o padre local inspecionava cada uma das películas que iriam estrear, ele ordenava o corte de qualquer cena de beijo ou outro tipo de “imoralidade”, que possa atentar contra o pudor e os bons costumes.
Salvatore (vivido por Salvatore Cascio na infância e por Marco Leonardi na adolescência), também conhecido como Totó, era o coroinha da igreja e vivia com a sua mãe em condições bem humildes. Ele, mais que nenhum outro, era apaixonado pelo cinema e sempre estava arrumando algum jeito de escapar e fugir para a sala de exibição. Frequentemente ele conseguia se esconder e assistir até mesmo as versões sem cortes, enquanto o padre perplexo as assistia tocando um sino nas cenas que considerava impróprias. Devido a sua insistência, Totó consegue conquistar a amizade e a confiança de Alfredo, o carrancudo projecionista do cinema. Alfredo ao contrário do que aparenta no início do filme, é um homem sensível e de um grande coração, ele se preocupa muito com Salvatore e acaba substituindo a figura paterna para o menino, cujo o pai não voltara da guerra, entre eles surge uma grande amizade.
No decorrer do filme é que vamos compreendendo os motivos que levaram Salvatore a ficar 30 anos sem voltar a sua cidade natal, o que para muitos seria simplesmente injustificável. Numa das mais belas sequências Alfredo aconselha Totó a ir embora de Giancaldo para nunca mais voltar, lhe explicando que se ele regressasse com pouco tempo poderia encontrar um lugar totalmente diferente e que apenas se passasse muito tempo fora, poderia um dia, se decidisse voltar, encontrar ainda um pouco daquilo que deixou. Para bom entendedor, neste diálogo fica claro o que o projecionista queria que Totó valorizasse. Ele seguiu firmemente o conselho e no final fica evidente que Alfredo guardara para ele muito mais do que uma caixinha com “lembranças”. É como se já na fase adulta, Salvatore (que como já disse, seria um alter ego do diretor) redescobrisse os sonhos perdidos da infância através da magia do cinema tal como um dia conhecera... Mais belo impossível!
Cinema Paradiso é amparado por ótimas atuações de todo o elenco. Salvatore Cascio, que interpreta Totó quando menino, foi escolhido por Tornatore em um teste realizado na região onde o filme foi rodado, reza a lenda que ele teria chamado a atenção do diretor por ter o mesmo nome do protagonista, mas teria ganho o papel ao decorar com precisão o texto e as marcações durante as provas. O mestre Ennio Morricone também dá o seu toque de gênio à obra, compondo uma trilha sonora tão bela e cativante quanto a história contada. A fotografia, as belíssimas locações são outros destaques desta verdadeira obra prima do cinema italiano. Cinema Paradiso também faz belíssimas referências em tom de homenagem a Charlie Charplin, Greta Garbo, Jhon Wayne, Clark Gable, Buster Keaton, Jean Renoir e tantos outros nomes da época de ouro do cinema clássico. Simplesmente imperdível, um prato cheio para os amantes da sétima arte! Ultra recomendado!
Salvatore (interpretado por Jacques Perrin na meia idade) é um cineasta bem sucedido que vive em Roma. Em uma noite, depois de voltar atrasado para casa, ele recebe de sua namorada o comunicado de que sua mãe ligara, dizendo que um tal Alfredo (Philippe Noiret) morrera. A notícia deixa ele completamente desestabilizado, ele então perde o sono e imerge em lembranças de quando ainda era menino em Giancaldo, uma cidade interiorana, em meados dos anos 40. Como era comum na ocasião, longe dos grandes centros, o único entretenimento para os moradores da cidade era o cinema. O Cinema Paradiso era uma espécie de microcosmo, em torno do qual a cidade girava, sendo o palco para o surgimento de romances e confusões e uma projeção da realidade local, evidenciando até as acentuadas diferenças de classes. O Paradiso insurge como um antagonismo profano da religiosidade do povo do lugarejo. Adelfio (Leopoldo Trieste), o padre local inspecionava cada uma das películas que iriam estrear, ele ordenava o corte de qualquer cena de beijo ou outro tipo de “imoralidade”, que possa atentar contra o pudor e os bons costumes.
Salvatore (vivido por Salvatore Cascio na infância e por Marco Leonardi na adolescência), também conhecido como Totó, era o coroinha da igreja e vivia com a sua mãe em condições bem humildes. Ele, mais que nenhum outro, era apaixonado pelo cinema e sempre estava arrumando algum jeito de escapar e fugir para a sala de exibição. Frequentemente ele conseguia se esconder e assistir até mesmo as versões sem cortes, enquanto o padre perplexo as assistia tocando um sino nas cenas que considerava impróprias. Devido a sua insistência, Totó consegue conquistar a amizade e a confiança de Alfredo, o carrancudo projecionista do cinema. Alfredo ao contrário do que aparenta no início do filme, é um homem sensível e de um grande coração, ele se preocupa muito com Salvatore e acaba substituindo a figura paterna para o menino, cujo o pai não voltara da guerra, entre eles surge uma grande amizade.
No decorrer do filme é que vamos compreendendo os motivos que levaram Salvatore a ficar 30 anos sem voltar a sua cidade natal, o que para muitos seria simplesmente injustificável. Numa das mais belas sequências Alfredo aconselha Totó a ir embora de Giancaldo para nunca mais voltar, lhe explicando que se ele regressasse com pouco tempo poderia encontrar um lugar totalmente diferente e que apenas se passasse muito tempo fora, poderia um dia, se decidisse voltar, encontrar ainda um pouco daquilo que deixou. Para bom entendedor, neste diálogo fica claro o que o projecionista queria que Totó valorizasse. Ele seguiu firmemente o conselho e no final fica evidente que Alfredo guardara para ele muito mais do que uma caixinha com “lembranças”. É como se já na fase adulta, Salvatore (que como já disse, seria um alter ego do diretor) redescobrisse os sonhos perdidos da infância através da magia do cinema tal como um dia conhecera... Mais belo impossível!
Cinema Paradiso é amparado por ótimas atuações de todo o elenco. Salvatore Cascio, que interpreta Totó quando menino, foi escolhido por Tornatore em um teste realizado na região onde o filme foi rodado, reza a lenda que ele teria chamado a atenção do diretor por ter o mesmo nome do protagonista, mas teria ganho o papel ao decorar com precisão o texto e as marcações durante as provas. O mestre Ennio Morricone também dá o seu toque de gênio à obra, compondo uma trilha sonora tão bela e cativante quanto a história contada. A fotografia, as belíssimas locações são outros destaques desta verdadeira obra prima do cinema italiano. Cinema Paradiso também faz belíssimas referências em tom de homenagem a Charlie Charplin, Greta Garbo, Jhon Wayne, Clark Gable, Buster Keaton, Jean Renoir e tantos outros nomes da época de ouro do cinema clássico. Simplesmente imperdível, um prato cheio para os amantes da sétima arte! Ultra recomendado!
Cinema Paradiso ganhou o Oscar e o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro. No Festival de Cannes recebeu o Grande Prêmio do Juri, tendo sido um dos indicados à Palma de Ouro naquele ano.
esse filme é genial
ResponderExcluirmuuuuito lindo
vale a pena comprar e rever 10000 vezes
abçs
http://meninos-cor-de-rosa.blogspot.com/
Concordo! amooo! ainda mais com a trilha..ennio morricone eh tuudo
ResponderExcluirMeu filme favorito. De uma sinceridade delicada e reconfortante. A vida pelos olhos de uma criança, vista pelos olhos de um jovem e, finalmente, pelos olhos de um adulto que para e olha para trás. O personagem Alfredo com sua bondade tão desinteressada, firme, inabalável e visceral me emociona muito e sempre.
ResponderExcluirÓtimo texto para um belíssimo filme.
ResponderExcluirAbraço
Esse filme é maravilhoso!Tem tantas qualidades que é até difícil descrever. Com certeza é um dos meus filmes favoritos.Recomendo!
ResponderExcluirEsse filme me trás de volta a minha infância, não sei bem explicar, mas tenho uma saudade imensa de algo que ficou perdido no tempo, é um espetáculo esse filme, já assisti umas 6 vezes e sempre choro, lindo e comovente demais, pra mim o melhor filme que já assisti
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