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sábado, 12 de novembro de 2011

Sherlock (Série)

Sherlock - 2010. Dirigido por Paul McGuigan. Escrito por Steven Moffat, Mark Gatiss e Steve Thompson. Direção de Fotografia de Steve Lawes e Fabian Wagner. Música Original de Michael Price e David Arnold. Produzido por Eric Watson. BBC / UK.


Ele continua arrogante, egocêntrico e perfeccionista, porém o contexto de 
suas histórias foi trazido do século XIX para os dias de hoje. 

Sherlock Holmes, criado por Sir Arthur Conan Doyle, é sem dúvidas um dos personagens literários mais lembrados e cultuados em todo o mundo. Suas aventuras já foram adaptados diversas vezes para a televisão e para o cinema (são mais de 200 filmes). Para lembrar apenas os mais recentes, podemos citar a adaptação cinematográfica Sherlock Holmes (2009), na qual Robert Downey Jr interpreta o personagem principal, e o seriado House, que pode ser considerado uma livre adaptação da obra escrita. No ano passado, quando qualquer possibilidade de criatividade em torno do personagem parecia já estar esgotada e a ousadia de renová-lo parecia improvável, a BBC estreou a minissérie Sherlock (2010), produção que transportou Holmes e seu fiel escudeiro, o Dr. John Watson, para os dias atuais e os inseriu em um contexto que surpreendentemente não os descaracterizou nem tão pouco caiu no ridículo, como era bem provável de acontecer.


O Sherlock interpretado por Benedict Cumberbatch mais parece um jovem saído de uma banda de Indie Rock, o visual retro com estilo blasé contrasta com os cabelos desgrenhados e acentua a estranheza daquela figura que dificilmente consegue se relacionar com pessoas “normais”. Ele conserva a astúcia e perícia do personagem original, é incrivelmente inteligente e possui uma alta capacidade de dedução, o que deixa todos à sua volta boquiabertos. Tal como nos livros, ele cultiva o gosto pela música clássica e ainda toca violino. Porém algumas mudanças sutis podem ser percebidas no enredo e no personagem, que seriam decorrentes da influência da época atual, na qual a série foi produzida. Por exemplo: Nos escritos de Conan Doyle, o investigador era viciado em cocaína, droga liberada na Inglaterra do século XIX, na minissérie ele é dependente apenas dos adesivos de nicotina, que compensam a falta do tabaco, que ele abandonara recentemente. Outra “adaptação” diz respeito à personalidade de um dos inimigos de Sherlock, revelada no último capítulo da temporada.


Na série, tal como nas histórias que a originaram, Sherlock se vale de todo aparato tecnológico que tem à sua disposição, mas se na época em que os livros foram escritos a análise de impressões digitais era o que se tinha de mais avançado, hoje se tem muito mais, no entanto a tecnologia à qual ele recorre não possui nada de tão extravagante ou tão avançado, são apenas mensagens de celulares, GPSs, internet e quem diria, a televisão. Outro personagem que sofreu a inevitável influência da época do politicamente correto foi Watson (Martin Freeman), ele é o primeiro personagem a aparecer no primeiro capítulo da produção e, pasmem, o cenário é o da guerra no Iraque. Após ser ferido em combate, o jovem médico do pelotão volta para Londres, onde começa a procurar emprego e um lugar para morar, através de uma indicação ele chega até Sherlock, com quem começa a dividir o lendário apartamento localizado na rua Baker Street 221 B.


Watson fica impressionado com a capacidade de dedução do novo colega e seu interesse por ele só se faz aumentar quando começa a acompanha-lo em suas investigações. Geralmente Sherlock entra em cena quando a Scotland Yard não consegue resolver alguns casos, ele tem seus contatos na polícia e estes recorrem a ele quando se vêm diante de situações estranhas e complexas. Ele não cobra nada pelos serviços prestados, pois de alguma forma, o prazer de ver o caso resolvido compensa toda sua dedicação e esforço. Além do incrível poder de dedução, existe outro fator que torna Sherlock apto a mergulhar fundo nas situações que investiga, ele conhece o tipo de mente que se esconde por trás da maioria dos crimes e a explicação para isso é simples: Ele é um sociopata, um desajustado que possui o mesmo tipo de mente fria e calculista.


A primeira temporada teve apenas três capítulos, cada um deles com uma hora e meia de duração, o que justifica a classificação de minissérie, mesmo que esta tenha sido apenas a primeira temporada. Curiosamente eu só fui me dar conta de que cada episódio tinha mais de uma hora, quando estava assistindo à segunda parte. Sherlock possui um ritmo frenético que não permite que você desgrude os olhos da TV, se trata de suspense e mistério da melhor qualidade. A fotografia, os figurinos e a direção de arte são primorosos e compõem o belíssimo visual da série. Londres é quase uma personagem e as cenas filmadas ao ar livre são um atrativo á parte. Cumberbatch e Freeman estão muito bem em seus respectivos personagens. Sherlock pode deixar a parcela mais radical dos fãs dos escritos de Conan Doyle com uma pulga atrás da orelha, afinal se trata de uma releitura, mas posso garantir uma coisa, a minissérie vale a pena e talvez seja uma das melhores produções já feitas sobre Holmes. Se recomendo? Elementar meus caros leitores!


Assistam o trailer da minissérie Sherlock no You Tube, clique AQUI !



6 comentários:

  1. Você descreveu tão bem esta série que assistindo ao trailer fiquei com gostinho de quero mais.Achei interessante o visual do Sherlock,realmente é uma peça desajustada!Ficaria estranho ver um Sherlock CSI,portanto a BBC mandou muito bem em mantê-lo "básico".

    Adorei!

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  2. Preciso vê-la, gosto dos personagens de Conan Doyle.

    O Falcão Maltês

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  3. Seu texto descreve direitinho a minissérie (que agora é série, aparentemente). Ela é realmente muito bem feita. Só li um livro do detetive, mas eu achei os dois protagonistas muito bem caracterizados, Cumberbatch em especial, fez um Sherlock muito fiel. O seriados da BBC raramente desapontam.

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  4. Muito boa a resenha Zé Bruno!!! A Série é muito boa mesmo!!! ^^

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  5. Perfeita sua resenha, assim como é perfeita esse seriado. Deu uma releitura aos personagens de Doyle, sem perder a essência, como aquele filme podre do Robert D. Júnior e Jude Law, que deveria se chamar detetive bom de briga e não Sherlock Holmes. Mas, o Holmes é um personagem britânico não? Então não teria como os britânicos, sendo refinados, cultos e elegantes, não saberem fazer um bom seriado...

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  6. Concordo com você Lilli, a série é realmente bem superior ao filme, mesmo ao fazer uma transposição dos personagens para os dias atuais ela ainda consegue ser mais fiel à essência do livro de Doyle do que o longa...

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