Compramos Um Zoológico (We Bought a Zoo) - 2011. Dirigido por Cameron Crowe. Escrito por Cameron Crowe e Aline Brosh McKenna, inspirado na autobiografia de Benjamin Mee. Direção de Fotografia de Rodrigo Prieto. Trilha Sonora Original de Jon Thor Birgisson. Produzido por Julie Yorn. Twentieth Century Fox Film Corporation, LBI Entertainment e Vinyl Films / USA.
Compramos Um Zoológico (2011) é o tipo de filme que deve ser assistido mais com o coração do que com o intelecto. Para que possamos apreciá-lo ao máximo, de acordo com a sua proposta, é necessário que deixemos o olhar crítico e a reflexão para depois dos créditos finais. Aceitando-se que seu intento não ultrapassa a pretenção de ser apenas um bom feel good movie, tornamo-nos capazes de reconhece-lo como uma obra elogiável e até recomendável, afinal de contas esta proposta ele cumpre muito bem. Com personagens cativantes e uma trama que parece saída de uma livro de autoajuda, ele consegue nos emocionar e nos envolver com relativa facilidade nos dramas vividos pelo personagem central e sua família. Ainda que reprovável em determinados aspectos, esta capacidade que ele tem de nos tocar acaba sendo a sua melhor característica.
A história, inspirada em fatos reais, começa quando o jornalista Benjamin Mee (Matt Damon), decide se mudar com os dois filhos para uma casa nova; ele perdera a esposa recentemente e já não aguentava mais conviver com as lembranças que a casa onde viveram juntos continuava lhe trazendo. Outros problemas se somam e reforçam sua decisão de comprar um novo imóvel. Ele e Rosie (Maggie Elizabeth Jones), sua filha caçula, vão juntos tentar encontrar uma nova casa, no entanto nenhuma das propriedades que lhes são recomendadas pelo corretor lhes agradam. Todavia, a última casa que visitam, uma que o corretor dizia ter uma pequena 'complicação', acaba os cativando, principalmente a menina. O problema ao qual o corretor se referia era o fato de que a propriedade à venda não incluía apenas a casa, mas também um zoológico com mais de 50 espécies.
Benjamin decide comprar a propriedade depois de perceber o quanto o lugar fez bem para Rosie. No entanto todos à sua volta consideram a decisão como uma aventura inconsequente. Duncan (Thomas Haden Church), seu irmão, reprova a sua decisão de comprar o zoo e considera a tentativa de administrar o local apenas uma espécie de fuga pós traumática, que poderia levá-lo à falência. Dylan (Colin Ford), seu filho mais velho, também não gosta nada da ideia de ter que se mudar para longe de seus amigos. À despeito da opinião da maioria, Benjamin investe uma grande quantia em dinheiro para revitalizar e adequar o zoo às normas que regulamentam o ramo, para assim poder reinaugurá-lo. Sua determinação é vista com desconfiança até mesmo pelos funcionários do local, dentre eles a bela Kelly Foster (Scarlett Johansson), que desconfia de sua capacidade e boa vontade. Benjamin terá então que provar para todos, inclusive para si mesmo, que é capaz de administrar um negócio que estava fadado a não dar certo.
Mesmo com tantos animais em cena, o foco do filme se encontra é nos relacionamentos humanos e na forma com que cada um dos personagens centrais lidam com a dor da perda e a insegurança em relação ao futuro. O caráter humanista que o roteiro tem fica evidente numa pergunta feita por uma uma personagem à uma outra na última sequência do longa, nesta passagem transparece a crença quase utópica que o filme deposita no ser humano, ao tomá-lo como objeto de análise. O que me incomoda nisso tudo é o fato de que este otimismo não condiz com a realidade, no mundo real as pessoas não são tão unilaterais e a perseverança nem sempre é garantia de sucesso. A ética triunfalista que o roteiro adota se torna se torna perigosa a partir do momento que ela sai das telas para ganhar espaço em programas de aconselhamento, palestras motivacionais e até em púlpitos.
A visão simplória com que o roteiro aborda as relações entre os personagens e as mudanças em suas vidas transmite para nós espectadores a ideia de que as coisas são menos complexas do que aparentam, quando na verdade elas não são, a adoção de tal postura tira do filme todo o realismo que pressupostamente ele deveria ter por ter sido inspirado em fatos reais. É óbvio que esta superficialização da história contada tem como principal objetivo provocar em nós uma sensação agradável de bem estar, que vem através da confirmação de que a vida, tal como desejamos acreditar, é simples e guiada por princípios infalíveis. É preciso lembrar que uma trama com maior profundidade dramática evocaria sensações e sentimentos diversos, que variariam de um expectador para outro, neste caso a sensação agradável não seria alcançada e o longa não poderia ser classificado como um feel good movie.
Todo o elenco do filme está relativamente bem, mas a verdade é que as interpretações não exigem muito deles,
Matt Damon, Thomas Haden Church e Scarlett Johansson entregam atuações 'feijão com arroz' e isso por si só já basta para tornar seus personagens convincentes. No tocante a este aspecto, o grande destaque do filme é a pequena Maggie Elizabeth Jones, que tem um desempenho natural e extremamente cativante. Dentre os aspectos técnicos, o que nos chama mais a atenção é a trilha sonora, que ajuda a conferir ao filme um clima favorável para que ele consiga alcançar os efeitos que ele busca provocar em nós expectadores. Outro aspecto que eu pessoalmente considero positivo é o fato de o longa mostrar um modelo de zoológico diferente daquele ao qual estamos acostumados, no qual o bem estar dos animais também é levado em conta (O Rosemoor, que realmente existe, é um dos poucos zoos no mundo que adotam este modelo)..
Apesar de não ter nada de tão formidável e de ter pouca ou nenhuma relevância como obra de arte, há que se reconhecer que Compramos Um Zoológico cumpre bem aquilo a que se propõe, ainda que sua proposta não seja de fato tão louvável, como comentei acima. Resumindo, eu diria que ele é uma história bonitinha, apesar de bobinha, com crianças adoráveis, animais e sem nenhuma subversão do politicamente correto, é enfim uma boa pedida para uma sessão família, com um público não tão exigente e disposto a se deixar ser tocado pela trama... Recomendo como entretenimento!
P.S. Façam como fiz nesta resenha, tentem esquecer que o filme foi dirigido pelo Cameron Crowe, pois expectativas elevadas poderá ser um entrave para o seu bom funcionamento!
Confiram também aqui no Sublime Irrealidade a crítica de Singles - Vida de Solteiro (1992), também dirigido por Cameron Crowe!
A revelação das passagens aqui comentadas não compromete a apreciação da obra.
Boa tarde, José Bruno.
ResponderExcluirEu já tinha ouvido falar deste filme, mas não cheguei a lhe dar a devida atenção, talvez que por achá-lo água com açúcar demais.
Vou ver se consigo vê-lo sem esperar demais dele, e talvez assim aprecia-lo devidamente.
Abraço.
Não criar expectativas é o segredo Jacques, no fim das contas ele acabará funcionando bem, mas como um bom filme típico da sessão da tarde!
ExcluirVi faz pouco tempo.. e percebi exatamente isto... Um bom entretenimento, para esquecer do mundo e curtir algo bobinho e bonitinho.
ResponderExcluirAh.. eu queria um Zoológico! ehehhehe
;D
kkkk Eu também queria morar em um lugar como aquele Karla, mas não como administrador.
ExcluirÉ mesmo um bom entretenimento!
Deve ser legal, parece um filme para se ver com toda a família!
ResponderExcluirhttp://monteolimpoblog.blogspot.com.br/
É sim Gabriel!
ExcluirEu li bons comentários em revistas sobre cinema.....estou de férias, com a esposa. Vou assistir essa semana.
ResponderExcluirAbraços
Vou querer saber depois o que você achou Renato!
ExcluirAchei um filme mais ou menos. É certo que muitas crianças gostaram do filme, mas eu achei um filme bobinho, que quando chega na melhor parte ( o final ) ele acaba. Como você disse, as atuações são feijão com arroz. Mas o filme serve como um passatempo. De 0 a 10, eu daria uns 5,5.
ResponderExcluirPois é Mateus, ele é realmente bobinho por simplificar demais situações que na vida real seriam complexas, mas esta é a proposta dele, seria pior se fosse assim e se tentasse se passar por um drama sério e complexo...
ExcluirOi Bruno,
ResponderExcluirO meu crítico achou mais oi menos, mas penso como você, pois tem filme que o olhar tem que ser outro, principalmente pela questão da superação, relacionamentos, esperança e recomeço que o filme proporciona. Parabéns pelo olhar e escrito, pois retratou além do que eu percebi.
Beijos.
Olá Luciana, acho que isso é o mais interessante do cinema e de qualquer outra forma de expressão artística, sempre podemos ter uma outra visão que influenciará na forma com que interagiremos com a obra em questão, cada um decodifica um filme, por exemplo, de acordo com seus próprios sentimentos e vivências...
ExcluirEu li sobre esse filme, e, como amo os animais, me deu uma vontade enorme de ver. Só espero que não tenha coisas tristes com os bichinhos, rs.
ResponderExcluirEle tem sim algumas cenas comoventes, mas nada tão exagerado e o seu foco narrativo está mais nas pessoas que nos animais...
ExcluirGrande Bruno, ótima dica, gosto muito do trabalho de Damon, desde Gênio Indomável e O Talentoso Ripley, o filme deve ser muito interessante, pois em meio a tantos efeitos especiais e carros voando por ai, um filme nesse estilo é quase raro,vou procurar assistir,
ResponderExcluirÓtima Resenha, como sempre seus textos nos instigando.
Grande Abraço...
Obrigado Jefferson, este 'naturalismo' do filme acaba sendo um de seus fatores cativantes, ele não tem a velocidade louca da maioria dos filmes de hoje em dia, nem o abuso de efeitos especiais que se torna cansativo. A trama dele é bobinha (simplicista), mas é um bom filme...
ExcluirConcordo, o filme te afasta da realidade e verossimilhança. Duvido que a trajetória que inspirou este doce filme tenha sido assim, mas embarquei no tom fantasioso e otimista da narrativa.
ResponderExcluirBom texto.
Pois é, isto tem em si um lado negativo, que eu comentei no texto, mas não o vejo como um problema para o filme, principalmente quando esta é a proposta do longa, temos que lembrar que o cinema também é escapismo... Acho que o mais importante é ter esta visão que você também teve que nos permite distinguir o que é verossimilhante e o que não é...
ExcluirBruninho, tudo bem?
ResponderExcluirSabe o que me lembrou? Filmes da sessão da tarde.:)
Gostei dessa história de ser um zoológico alternativo, me parece bem positivo mesmo. Não o assisti, mas já tinha visto o trailler, mas como você disse, como uma proposta para a família, me parece válido.
Mas impossível não se criar mais expectativas com Cameron Crowe..., e talvez a decepção seja impossível! rsrs
Obrigada pelos comentários por lá, e teu relato dos cães me colocou em lágrimas, impossível que não.
Beijos e ótima semana!
Olá Cissa, vale a pena assisti sim, ele é muito bom dentro daquilo a que se propõe. Ontem assisti mais um do Cameron Crowe, cuja crítica postarei em breve...
ExcluirDesculpe-me pelo sumiço. Estava enrolado com o lançamento de dois livros.Mas já estou de volta! Creio que não verei esse filme, juntar Damon e Scarlett num mesmo filme é over demais.
ResponderExcluirO Falcão Maltês
Seja bem vindo Antonio, eu gosto muito dos dois e acho que ambos já provaram que são grandes atores, neste eles estão bem, mas sem nada de espetacular... Já estou curioso para conhecer seus livros! Forte abraço meu caro amigo!
ExcluirAmeei essa resenha. Eu realmente adoro filmes assim, bem familiares que dá para rir e e divertir.
ResponderExcluirBeijao, www.spiderwebs.com.br
Então você certamente irá adorar este Sabrina!
ExcluirO início de seu texto já diz que devemos assistir à obra abertos à emoção. Mas, honestamente, olho para o pôster ou para quaisquer cenas e a impressão que tenho é que o filme simplesmente não vale a pena ser visto - me soa extremamente desinteressante. Eventualmente eu o vejo, talvez com alguma vontade, mas decerto não hoje.
ResponderExcluirComo eu disse Luís, ele funciona bem como um feel good movie, que é que transparece pelo poster e pelos trailer, não dá para esperar dele nada que vá além disso, até porquê não é a sua proposta... No fim das contas vale a pena sim!
ExcluirOlá Bruno, sempre com dicas legais de filmes, esse não vi, mas o roteiro é bem legal, e confesso que fiz uma lista de filmes que você postou aqui e que ainda não assisti, tempo que falta, mas vou conferir quando der.
ResponderExcluirUm abração pra ti.
O tempo é sempre um problema Paulo, pra mim também, vai conferindo aos poucos à medida que a oportunidade for aparecendo! Forte abraço cara!
ExcluirUia... eu gosto tanto do Matt... Gosto tanto da Scarlett... e nunca vi esse ae! Anotado!!!!
ResponderExcluirbjks JoicySorciere => CLIQUE => Blog Umas e outras...
O legal é que mesmo estando em papeis que não lhe exige tanto, eles estão muito bem. Não deixe de assistir filme Joicy!
ExcluirEis um filme, pra mim, difícil de escrever por ser tão sem graça. Uma história boba, artificial, que conta com um final absurdamente inverossímil. Claro, a trilha é ótima, como em todos filmes de Cameron Crowe (até um Hunger Strike ele manda ver). Mas, sinceramente, fico em Pearl Jam Twenty, do Crowe, de 2012. E fico indignado como não aproveitam o corpo da Scarlett Johansson. ABSURDO! hahaha
ResponderExcluirNão achei ele sem graça Júlio, como eu disse na resenha, sabemos que a proposta dele era a de ser um feel good movie e isso ele faz bem. A artificialidade e a inverossimilhança são características do gênero, o erro seria tomar tal tipo de trama como realista...
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