Brüno - 2009. Dirigido por Larry Charles. Escrito por Sacha Baron Cohen, Anthony Hines, Dan Mazer, Jeff Schaffer e Peter Baynham. Direção de Fotografia de Anthony Hardwick e Wolfgang Held. Trilha Sonora Original de Erran Baron Cohen. Produzido por Sacha Baron Cohen, Monica Levinson, Dan Mazer e Jay Roach. Universal Pictures e Media Rights Capital / USA.
Brüno (2009), o terceiro longa-metragem protagonizado pelo comediante inglês Sacha Baron Cohen, mescla com maestria a comédia burlesca, a de costumes e a de humor negro e o resultado desta mistura é um filme muito engraçado, porém bastante polêmico, principalmente por renegar qualquer noção de politicamente correto ao fazer suas tiradas. A estrutura narrativa do filme, assim como a de Borat - O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América (2006), o segundo longa protagonizado por Sasha, pode ser dividida em dois tipos de situação; na primeira somente atores estão em cena, enquanto na segunda outras pessoas são envolvidas sem que saibam que estão participando de um filme.
Na primeira situação, são lançados aqueles que serão os fundamentos da trama e as motivações do excêntrico personagem central, já na segunda o filme explora a sua veia mais contestadora, disparando críticas em forma de piadas irônicas que são direcionadas à instituições, governos e principalmente a nós espectadores, que também poderíamos ser pegos de calças curtas caso estivéssemos na mesma situação em que se encontram as pessoas desavisadas que interagem com o personagem.
Por não saberem que estão fazendo parte de uma produção que poderia tomar grandes proporções midiáticas, estas pessoas comuns deixam aflorar seus preconceitos e o lado mais reprovável de seus comportamentos. Nos diálogos que se dão entre elas e Brüno ficam evidentes o ódio e a hipocrisia de uma sociedade que não tolera o diferente.
O personagem principal, cujo nome dá título ao filme, foi criado para a elogiada série Da Ali G Show, na qual Sacha interpretava além dele outros dois personagens, o rapper Ali G e o jornalista Borat. Brüno é um jornalista gay que apresenta um programa sobre moda na TV austríaca, o programa vai bem e ele se torna uma pequena celebridade em seu círculo, no entanto, ele coloca tudo a perder ao arruinar um importante desfile. Ele provoca uma enorme confusão com sua falta de jeito e acaba sendo demitido. Depois de perder o emprego e a fama, ele é abandonado pelo namorado, expulso de eventos e ignorado por todos. É então que ele decide ir para os Estados Unidos e se tornar ator em Hollywood. Junto com ele vai Lutz (Gustaf Hammarsten), o assistente de seu ex-assistente, que se torna a partir de então seu novo empresário... Lutz é apaixonado por Brüno, porém este o esnoba por ele ser apenas um mero empregado.
Já nos Estados Unidos, Brüno começa a fazer de tudo para se tornar uma celebridade internacional, ele tenta o cinema e a TV, mas não dá certo. Ele então tenta se engajar em algum programa de caridade e até 'adotar' um criança africana, o que também não dá certo... Ao mostrar cada um de suas tentativas, o filme também destila sua crítica ferina contra a indústria cultural e sua fábrica de ídolos instantâneos. O sarcasmo característico do roteiro fica ainda mais evidente em sequências como aquela na qual Brüno consulta assessoras especializadas em recomendar uma filantropia ideal para cada famoso, ou naquela em que ele vai a um programa de auditório, num especial sobre pais solteiros, para apresentar seu filho adotivo (uma das passagens mais hilárias do filme). Nestas passagens, são feitas referências diretas a grandes astros que se envolvem com a caridade como Bono, Madonna, Angelina Jolie e George Clooney.
Em uma outra passagem do filme, Brüno pondera: "Estava prestes a desistir de meu sonho de celebridade, mas de repente algo me veio à mente. Todas as estrelas do mundo, Tom Cruise, John Travolta, Kevin space, todos têm uma coisa em comum, são todos héteros. Para me tornar famoso, teria que largar os homens. Eu só precisava achar um 'Viciados em Pica Anônimos'...". A ironia deste pensamento do personagem está, obvio, na ideia de que os três atores citados por ele já tiveram suas sexualidades questionadas; no entanto o que nos surpreende é o fato de que ele realmente encontra uma instituição que alega 'tratar' e 'converter' homossexuais, uma igreja do Alabama. Os diálogos dele com o pastor e as etapas do tratamento, mostradas na sequência, são alguns dos melhores momentos do filme.
Em diversas passagens fica difícil dizer se determinada cena ou diálogo foram feitos com atores ou com pessoas reais, se foram ensaiados ou espontâneos, no entanto isso só torna o filme ainda mais divertido, pois movidos pela dúvida passamos a prestar mais atenção em sua parte técnica, na tentativa de achar indícios que possam apontar se aquela determinada cena foi espontânea ou não.
Apesar de ser uma comédia, Brüno não é um filme fácil, o tipo de humor que ele explora se torna em diversos momentos indigesto, principalmente porque nós expectadores somos por vezes o alvo de tais críticas. Eu, no entanto, admiro esta postura que ele adota, principalmente poque a crítica social que ele faz poderia render aos seus realizadores graves consequências, além de diversos processos judiciais (como de fato rendeu) e ainda assim eles a fizeram.
Durante boa parte do filme, eu me perguntei, como aquelas pessoas puderam ter caído na farsa do personagem e por que entravam tão facilmente no jogo dele? Ainda não sei se tenho uma resposta definitiva para a questão, mas creio que isto aconteça em parte motivado pela xenofobia de cada um. Tenho a impressão de que os comentários seriam bem mais contidos caso o interlocutor fosse um americano e não um austríaco. Mas não podemos também tirar o mérito do Sacha Baron Cohen, ele está simplesmente formidável no filme e é admirável a forma com que ele entra em seu personagem a ponto de convencer a todos que ele é de fato real. Tenho ainda que tirar o chapéu para a grande coragem que ele tem de se meter em situações arriscadas, das quais ele poderia sair no mínimo com alguns ferimentos.
Recomendo Brüno para todos (mas, por favor, fiquem atentos à classificação etária), ainda que muitos, infelizmente, só sentirão o incômodo e o constrangimento que ele é capaz de provocar... Não assista com a família!
A revelação das passagens aqui comentadas não compromete a apreciação da obra.
J. Bruno, quando assisti Bruno quase morri de rir, confesso(não era para menos!)... mas, realmente não é uma comédia comum. Essa película foge totalmente do que estamos acostumados a ver. O filme tem toda uma crítica que muitos não enxergam(por incrível que pareça, não enxergam mesmo!). No cinema, me deparei com um tantão de pessoas "pudicas" que começaram a se sentir mal diante das cenas desse filme. Falso moralismo então, nem se fala... impera nessas horas... e como!
ResponderExcluirbjks JoicySorciere => CLIQUE => Blog Umas e outras...
Este falso moralismo e esta onda de politicamente correto me incomoda muito, porquê na verdade eles só dissimulam uma faceta da sociedade sob a qual não gostamos muito de falar... Não é mesmo uma comédia comum, e quem tentar assisti-lo tal certamente irá se decepcionar!
ExcluirVi esse filme há uns dois anos em DVD, pois também tinha gostado de Borat, e o achei bastante engraçado. Estou ancioso para conferir O Ditador, filme que volta a parceria de Larry Charles e Sacha Baron Cohen.
ResponderExcluirOla Mateus, pelo trailer de "O Grande Ditador" parece que ele vai deixar dela a fórmula que esteve vigente em "Bruno" e em "Borat", pelo visto não haverá flerte com cenas e situações reais... Tomara que ele não perca o viés crítico!
ExcluirOlá, Bruno!!
ResponderExcluirVim agradecer seu carinho e visita!!
tenha uma semana,maravilhosa!!
Bjs carinhosos no core.
Soninha.
Igualmente pra ti Soninha!
ExcluirPor mais que muitos tenham gostado, vi pouca graça em "Borat". Tirando alguns absurdos ditos pelos entrevistados que mostravam seus preconceitos sem perceber, o restante do filme lembra os programas humorísticos que tentam constranger celebridades e anônimos.
ResponderExcluirPor isso ainda não tive vontade de assistir "Bruno".
Abraço
Definitivamente não vejo desta forma Hugo, diferente dos programas que você citou, há na grande maioria das piadas e tradas dos filmes (tanto em "Bruno" quanto em "Borat") uma contundente crítica de social ou de costumes. O que nos causa incômodo é que em diversas cenas o filme aponta o nosso próprio preconceito...
ExcluirNão consigo achar graça de Borat nem desse filme, acho-o, aliás, uma ofensa ao bom senso.
ResponderExcluirkkk
ExcluirEu acho ele engraçadíssimo Luís, acho ofensivas as coisas que ele critica! Não por acaso, considero o Sacha Baron Cohen um dos melhores comediantes da atualidade!
Não vi Bruno mas confesso que agora vc me deixou bastante curioso. Ótimo texto como sempre.
ResponderExcluirAbç
Obrigado Léo, que bom que consegui lhe deixar curioso, não deixe de assisti ao filme e volte aqui depois para comentar o que achou dele! abraços
ExcluirOlá!Boa noite!
ResponderExcluirTudo bem?
...confesso que ao ler sua crítica , "deu uma curiosidade", mas fui ver o "you tube", desisti por ora...
agendado!
Obrigado pela visita!
Boa semana!
Abraços
Olá Felisberto, à primeira vista o parece ser outra coisa, talvez uma espécie de besteirol, mas ele vai muito além disso! Quando você tiver alguma oportunidade assista!
ExcluirHummmmmmmmm Brunão, sei não mas alguma coisa me diz que essa sua resenha é melhor que esse filme aí! Hahahahahahahahahahaha, não vou assistir não!
ResponderExcluirkkkkkkkkkkk
ExcluirQue bom que você gostou da resenha André, mas não deixe de assistir o filme se você tiver alguma oportunidade, talvez você mude de opinião!
Oi Bruno,
ResponderExcluirTudo bem? Não assisti ao filme e fico muito feliz quando venho aqui e conheço o meu filho que aos 10 anos, além do que eu um dia serei nos longas.
Não sei se me empolgaria com o filme, mas a ideia de repúdio ao mito do heroi, já deve valer o longa.
Beijos.
Lu
É um filme controverso, como você pode observar pelos comentários, mas é, na minha opinião, indispensável pela visão crítica e despudorada da sociedade contemporânea, assista!
ExcluirOlá, José Bruno.
ResponderExcluirAssisti Borat um tempo atrás e simplesmente detestei, achei um humor chulo e sem graça (mesmo entendendo que as situações mostradas no filme foram reais, e não ensaiadas, o que rendeu diversos processos ao ator (bizarro que as pessoas que participaram do filme assinaram os termos de uso de suas imagens sem ao menos ler o que estavam assinando porque "não acharam que era algo importante").
Concordo que a crítica a xenofobia que o filme faz é necessária, mas não é o tipo de filme que me agrada.
Abraço.
Discordo de seu ponto de vista Jacques. Eu acho tanto "Borat" quanto "Bruno" engraçadíssimos e o fato de serem chulos ou não, depende do que enxergamos nele, se a crítica ou tão somente a piada...
ExcluirÉ, ainda bem que você apontou para a atenção na classificação etária!
ResponderExcluirApesar de se o filme mais fraco de Sacha, eu ainda adoro todos os trejeitos de Brüno!
Poses e Neuroses
Sem dúvidas o Sacha é um grade ator, acho que isso nem mesmo os que não gostaram dos filmes pode negar. Eu prefiro "Borat" a "Bruno", mas gostei muito deste também, principalmente pelas críticas, como eu já tinha dito...
ExcluirEu não gostei de Borat, então talvez provavelmente eu não vá gostar de Bruno, apesar de reconhecer que parece haver críticas construtivas na trama.
ResponderExcluirSua resenha, como sempre, muito bem detalhada e sem spoiler, está de parabéns.
Já ouvi falar do filme, porém nunca cheguei a assistir.
ResponderExcluirA coragem deste ator deve misturar-se com um pouco de inconsequência, pois o risco que sua integridade física corre é relativamente grande (já vi parte do filme Borat).
Sacha põe o dedo nas feridas ocultas do preconceito de forma muito contundente.
Parabéns pela resenha!
Olá Bruno... antes de comentar sobre seu post, preciso dizer que seu comentário sobre o Rock (o caozinho achado) me deixou extremamente emocionada, eu estou simplesmente sem palavras... Obrigada!
ResponderExcluirBem!! Agora é que são elas... vou fuçar a net atrás desse filmeee... fiquei mega curiosa pra assistir, vou ver se essa semana ainda baixo e assisto... eu amo este tipo de comédia, com uma pitada de polemica e tudo mais que vc disse, as pessoas são do tipo assim: Eu não tenho nada contra os gays, mas meu filho não!
Este tipo de gente é muito hipocrita, se meu filho fosse gay, eu o amaria da mesma forma e ficaria feliz tbm... o que eu não quero é que meu filho seja um assassino, pedofilo, estuprador e essas coisas, o filme parece daqueles que vai me deixar com a impressão otima... hahahahaha... se eu gostar faço uma postagem no meu Blog e digo que foi aqui que eu recebi altos elogios do filme... Bj bj!!
http://www.artesdosanjos.com.br/
Entre todos esses comediantes do cinema (Ben Stiller, Adam Sandler, Will Farrell), Sacha Baron Cohen é o meu favorito.
ResponderExcluirPara quem acompanhava seu seriado na HBO (The Ali G Show), Bruno foi uma grande decepção. O filme não conseguiu ser tão bem executado quanto Borat.
Visite também:
http://peliculacriativa.blogspot.com.br/
Não curto nem um pouco Ben Stiller, nem Adam sandler, nem Will Farrel. O humor deles , na minha opinião, é estereotipado demais, americano demais, exatamente o oposto de Sacha Baron.
ResponderExcluirGostei demais de Borat, o humor não é de comedias pastelão, é um humor mais cerebral, e ácido, sarcástico, irônico. Só assim pra eu ver comédias. Acho que é um cult, o que eu chamo de "um filme pra ter". Gostei inclusive do "inglês" dele.
Ainda não vi Brüno, mas claro que vou ver. Se eu vou gostar ou não, isso já é outra história rs.
Um abraço pra você .
Bruno, antes um adendo:
ResponderExcluir"Brüno (2009), o segundo longa-metragem protagonizado pelo comediante inglês Sacha Baron Cohen" -> seria o seu terceiro, tem o Ali G e Borat.
No mais, gosto do personagem que Sacha Boran Cohen criou, mas acho que os argumentos desta vez são menos engraçados e satíricos como foram os de Borat.
Não é um filme fraco, mas decepcionante.
Olá Márcio, lhe agradeço pela correção, eu não sabia que o personagem Ali G também tinha ganho um filme próprio, falha minha. Corrigirei no texto!
ExcluirCohen me lembra Carey: chato e caricato.
ResponderExcluirO Falcão Maltês
As partes que mais achei graça foram as com o bebê... Aquela onda do "tudo pela fama" que corre no filme é até chocante, mas, não parece tão longe da realidade... Daí a graça.
ResponderExcluir;D
E realmente não está longe da realidade, haja vista a sequências que mostram os pais inscrevendo os filhos para participarem da sessão fotográfica com o filho do Bruno...
ExcluirPois é!
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