Uma Garota Dividida em Dois (La Fille coupée en deux) - 2007. Dirigido por Claude Chabrol. Roteiro de Cécile Maistre e Claude Chabrol. Direção de Fotografia de Eduardo Serra. Música de Matthieu Chabrol. Produzido por Patrick Godeau. Alicéléo / França | Alemanha.
Claude Chabrol é um dos nomes seminais da Nouvelle Vague Francesa, ele foi um dos primeiros colaboradores da lendária revista Cahiers du Cinéma, periódico que publicou também artigos de François Truffaut, Jacques Rivette e Jean-Luc Godard. Chabrol tal como seus colegas se engajou na defesa do cinema autoral, que insurgia como contraponto ao cinema dito “de produtoras”. Um das características mais marcantes do cineasta foi o humor negro, que ele frequentemente usava como elemento de construção de suas sátiras da burguesia francesa. Ele desenvolveu um olhar perspicaz sobre os vícios, a hipocrisia e a baixeza do comportamento burgues, um olhar que criticava o conformismo sem perder o senso de humor.
Claude Chabrol é um dos nomes seminais da Nouvelle Vague Francesa, ele foi um dos primeiros colaboradores da lendária revista Cahiers du Cinéma, periódico que publicou também artigos de François Truffaut, Jacques Rivette e Jean-Luc Godard. Chabrol tal como seus colegas se engajou na defesa do cinema autoral, que insurgia como contraponto ao cinema dito “de produtoras”. Um das características mais marcantes do cineasta foi o humor negro, que ele frequentemente usava como elemento de construção de suas sátiras da burguesia francesa. Ele desenvolveu um olhar perspicaz sobre os vícios, a hipocrisia e a baixeza do comportamento burgues, um olhar que criticava o conformismo sem perder o senso de humor.
Uma Garota Dividida em Dois (2007) foi o último filme de Claude Chabrol, que morreu em 12 de setembro de 2010. Neste longa ainda estão perceptíveis alguns dos temas que marcaram sua trajetória como cineasta: a satirização dos costumes e da pompa da burguesia e o questionamento de tabus e valores, que variam conforme o meio e a classe social. A trama foi inspirada na história real do arquiteto nova-iorquino Stanford White, morto em 1906, as situações e os personagens são alterados e a narrativa é transportada para Paris dos dias de hoje. A história gira em torno do triangulo amoroso, que tem em uma das pontas Gabrielle (Ludivine Sagnier), uma bela garota do tempo de um jornal de TV a cabo, em outra Paul Gaudens (Benoît Magimel), um jovem playboy, herdeiro de uma grande fortuna e na terceira Charles Saint-Denis (François Berléand) um renomado escritor de meia idade.
Gabrielle está dividida entre os dois e tudo que eles passam a representar em sua vida, que passa também por transformações intensas na área profissional. Paul e Charles no entanto não poderiam ser mais diferentes, um é a materialização do antagonismo do outro. Enquanto Paul representa a segurança de uma vida familiar estável dentro dos padrões sociais, Charles representa o oposto disso tudo, ele a conquista é pela inconstância e pela antítese de seu comportamento, que ela enxerga como indicativo de experiência de vida. O escritor está frequentemente cercado por mulheres lindas, dentre elas Capucine (Mathilda May), sua editora e assessora de comunicação e sua esposa, a quem ele chama de “santa”, pelo comportamento recessivo dela diante de suas constantes traições.
Gabrielle estava vivendo uma louca paixão por Charles, até ser colocada pra escanteio, ao se cansar do caso que estava vivendo com ela, ele, sem dar explicações, apenas troca a fechadura do apartamento de solteiro onde eles se encontravam no centro de Paris. Ela inconsolada com o término repentino da relação, se deixa seduzir por Paul, com quem parte em uma viagem para Portugal, lá ela acaba aceitando seu pedido de casamento, como uma forma de tentar silenciar aquilo que ainda sentia por Charles. Ao vermos a forma com que os três personagens se deixam dominar pelas suas paixões e as tentativas de Gabrielle, de se adaptar a um mundo com o qual não se identifica e a vida conjugal com alguém que não ama, percebemos que a história caminha para um final trágico, que vai sendo desenhado sutilmente, com uma imensa naturalidade, pelo roteiro.
Ao contrário do que alguns críticos afirmam, eu não creio que o filme seja uma afirmação das opiniões ou do estilo de vida de algum dos personagens, ele funciona mais uma observação à distância de um mundo de hipocrisia e aparências, do que como uma ferramenta moralizante ou desmoralizante. O filme não é nenhuma obra prima, nas atuações não tem nada de tão espetacular e alguns cortes abruptos que surgem nos momentos mais improváveis são um tanto estranhos. Mas ainda assim o filme vale a pena, principalmente por não ser dramalhão e por não descambar no romantismo pedante. Curioso o fato de eu tê-lo assistido justamente no dia dos namorados, pois tal como o ótimo Closer (2004), de Mike Nichols, este retrata os relacionamentos como eles são de verdade, na maioria das vezes, sem magia, sem romantismo e sem glória no final.
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