Singles – Vida de Solteiro (Singles) - 1992. Dirigido e escrito por Cameron Crowe. Direção de Fotografia de Tak Fujimoto e Ueli Steiger. Música Original de Paul Westerberg. Produzido por Cameron Crowe e Richard Hashimoto. Warner Bros. Pictures / EUA.
Singles – Vida de Solteiro (1992) conseguiu a façanha de ser um daqueles filmes que acabam associados à uma época e à determinada manifestação cultural. No caso deste, que foi o segundo longa de Cameron Crowe, a época é o início dos anos 90 e o contexto é o da explosão da cena grunge em Seatle. O hype que trouxe visibilidade para bandas como Nirvana, Alice in Chains, Pearl Jan e Soundgarden, não chega a ser, na minha opinião, um sub-estilo de rock. O grunge, como movimento, foi mais uma cena local do que qualquer outra coisa criada a posteriori pela indústria cultural. Singles foi bem sucedido ao não se ater a conceitos que fossem além da ebulição musical que a cidade americana passava naquele período.
O roteiro do filme tem como foco principal os relacionamentos de dois jovens casais, ambos na faixa de vinte e poucos anos, a história deles é contada tendo como pano de fundo o circuíto de clubes noturnos da cidade, que abriam espaço para as bandas de garagem se apresentarem. A cena Grunge talvez tenha sido uma das primeiras e mais contundentes antíteses da geração X. A juventude mostrada no filme é aquela que vive de sub-empregos, que está incerta quanto ao próprio futuro e aos rumos da sociedade e que compensa a falta de ideologias com o barulho do rock alternativo. Diferente de outros movimentos que o antecederam e o influenciaram, o hype grunge não recorreu à politização ou ao engajamento, se mostrando mais como uma expressão simples e brutal de jovens que estavam desiludidos e entediados.
Em Singles, Linda Powell (Kyra Sedgwick) é uma garota que acabou de sair de um namoro curto e traumatizante, ela é idealista e sofisticada, sua promessa de não se envolver de novo com alguém tão cedo é quebrada quando ela conhece Steve Dunne (Campbell Scott), um rapaz que trabalha em uma empresa de controle de tráfego, ele não é do tipo que curte os “jogos” amorosos e dentre os personagens é o único que cogita abandonar a vida de solteiro. Janet Livermore (Bridget Fonda) é a namoradinha de Cliff Poncier (Matt Dillon), o vocalista da banda Citizen Dick, ela passa o tempo todo tentando atrair a atenção dele para si, mas ele só pensa em sua banda e enxerga o namoro como um relacionamento aberto.
Analisando os dois casais percebemos que o primeiro é quase uma oposição do segundo, Linda e Steve estão completamente deslocados na geração da qual fazem parte, enquanto Janet e Cliff são a personificação dos jovens daquela época À medida que a trama vai se desenrolando vamos percebendo que eles são mais parecidos do que imaginávamos e que por trás das aparências e dos modos embrutecidos, no caso de Cliff, eles nutrem o mesmo desejo de abandonarem a inconsequência e o desapego da vida que levam no conjunto de apartamento de solteiros onde moram, eles apenas não sabem lidar bem com isso, ainda.
O mais legal do filme, além da trilha sonora, são as referências à cultura underground de Seatle dos início dos anos 90. O figurino do personagem de Matt Dillon, por exemplo, foi composto basicamente por peças do guarda-roupas de Jeff Ament, baixista do Pearl Jan. O nome da banda fictícia do filme, Citizen Dick é uma referência à banda Citizen Sane, cujo o nome é uma paródia de Citizen Kane (Cidadão Kane). No longa podemos ver breves apresentações do Soundgardem e do Alice in Chains, ambas no início da carreira, em um dos clubes da cidade. O filme também tem uma curta cena gravada no túmulo de Jimi Hendrix. Outra curiosidade sobre Singles é que o filme poderia ter virado uma série de TV, o que foi recusado por Cameron Crowe, a ideia no entanto não foi abandonada, o seriado inspirado no filme seria lançado com o nome de Friends, o que já é história para, quem sabe, um outro post.
Em alguns momentos, bem no início, cheguei a pensar que o filme fosse me decepcionar, mas a história foi me cativando aos poucos, até que eu chegasse à conclusão de que Singles se trata, na verdade, de uma das comédias românticas mais legais dos anos 90. Embora a trama tenha injustamente ficado em segundo plano, devido ao sucesso da trilha sonora, o longa vale muito a pena e merece ser conferido, mesmo por quem não goste de nada da cena musical de Seatle. Para a garotada de camisa de flanela, que ainda insiste que grunge é um estilo musical e que o Nirvana salvou o rock, o filme sempre será obrigatório e um verdadeiro deleite. Recomendo!
Assistam ao trailer de Singles - Vida de Solteiro no You Tube, clique AQUI !
De Cameron Crowe, recomendo também: Vanilla Sky (2001), Quase Famosos (2000) e Jerry Maguire - A Grande Virada (1996).
Deu vontade de assistir, adoro filmes dessa linhagem!!
ResponderExcluirAlex diz: Assista comigo Ju!
ExcluirOlá! Obrigada pela visita! Gostei do seu blog, parabéns!!! Seguindo vc, espero que agora consiga me seguir tbm (risos) :D beijosss
ResponderExcluirhttp://angelmartinss.blogspot.com/
Seu blog está excelente!
ResponderExcluirEstá muito rico e organizado.
Tem tanta coisa que senti falta até de uma ferramenta de busca aqui. haha É sério. Fiquei meia hora para achar o post sobre A Origem. Eu queria encontrá-lo porque me lembrei que ainda não tinha visto se vc havia respondido ao que eu escrevi lá.
Parabéns mesmo! Está muito legal!
Beijos