Django Livre (Django Unchained) - 2012. Escrito e dirigido por Quentin Tarantino. Direção de Fotografia de Robert Richardson. Produzido por Reginald Hudlin, Pilar Savone e Stacey Sher. Weinstein Company, The e Columbia Pictures / EUA.
Django Livre (2012) é um filme raso, historicamente incoerente e ultra violento. Pode parecer contraditório, mas é justamente nestas características que se encontra sua genialidade. Em sua trama, Quentin Tarantino reúne um apanhado de referências à clássicos do western, doses cavalares de violência e um humor ácido, corrosivo, destilado mesmo nos momentos mais improváveis da história. Não há nada de novo em sua narrativa, o que vemos nela é apenas uma reciclagem de velhas fórmulas, que agora aparecem sob uma nova roupagem estética. É como se neste filme o revisionismo histórico, feito pelo cineasta em Bastardos Inglórios (2009), tivesse sido apenas transferido para o sul dos Estados Unidos, no período que antecede a guerra civil e a abolição da escravatura no país. No entanto, mesmo sendo agressivo e sem tanta profundidade dramática, o filme se afirma como uma obra de altíssima qualidade, cumprindo com folga aquilo a que se propõe. Django Livre não tenta recriar fatos com verossimilhança, nem ir fundo nas questões acerca da escravidão, o que ele propõe é apenas uma tentativa de se fazer justiça, ainda que poética, acerca de um dos períodos mais sombrios da história.
Quem não gosta do estilo do Tarantino deve passar longe do filme, porque a assinatura do diretor está grafada em cada um dos seus aspectos técnicos e artísticos, não tenho dúvidas de que este é um trabalho que só ele poderia ter feito, nas mãos de outro realizador provavelmente o resultado seria um grande fiasco, uma vez que em Django Livre cada elemento tem sua importância e a falta de qualquer um deles poderia comprometer e muito o resultado final. Para aqueles que reconhecem o Tarantino como um dos mais importantes cineastas da atualidade, o longa é um verdadeiro deleite, pois ele traz cada um dos elementos que já se espera encontrar em um de seus filmes, porém, longe de soar como repetição, estes elementos funcionam de uma maneira extraordinária, o que vejo como o resultado de um total domínio da linguagem cinematográfica, o que pode ser notado no uso da fotografia, na trilha sonora, na montagem e no ritmo no qual a trama se desenrola, aspectos estes que comentarei mais adiante.
A história de Django Livre começa com o encontro entre Django (Jamie Foxx) - um escravo que acabara de ser comprado por dois fazendeiros - e o excêntrico Dr. King Schultz (Christoph Waltz) - um cirurgião dentista alemão que se tornara caçador de recompensa nos Estados Unidos. Schultz estava à procura de três feitores foragidos, a quem ele não conhecia pessoalmente. Ele vai ao encontro de Django, que pertencera à mesma fazendo onde os três procurados trabalharam, na esperança de que ele possa lhe ajudar a identificá-los. Como recompensa o alemão promete ao escravo sua alforria e uma alta quantia em dinheiro. Django então se junta ao forasteiro e acaba se tornando seu sócio, no entanto, sua maior ambição não são as recompensas pagas pela captura ou morte de bandidos, mas conseguir resgatar a esposa, Broomhilda (Kerry Washington), que fora vendida para Calvin Candie (Leonardo DiCaprio), um cruel produtor de algodão, que se diverte apostando em lutas sangrentas entre escravos. Candie é ajudado pelo sinistro Stephen (Samuel L. Jackson), que apesar de ser negro, é tão cruel com os de sua etnia quanto o patrão.
Desta trama relativamente simples, o cineasta consegue explorar um infinidade de temáticas, sem se aprofundar em nenhuma delas, o que é uma característica marcante de sua obra. O longa transita por diversos gêneros, dentre eles a comédia (uma das passagens, que debocha da Ku Klux Klan, me lembrou bastante o estilo de humor despudorado do Monty Python), o suspense psicológico, o drama e o western spaghetti e as referências vão de Os Três Mosqueteiros, obra clássica de Alexandre Dumas (escritor francês que era filho de uma negra) a Beethoven (cuja música 'Für Elise' toca em uma sequência que me lembrou uma passagem de Laranja Mecânica do Kubrick). O nome do personagem central foi tirado do filme Django (1966), dirigido pelo Sergio Corbucci, um dos diretores mais importantes do faroeste à moda italiana; já o nome da esposa dele, Broomhilda, é uma referência à uma personagem da mitologia nórdica, uma das Valquírias mencionadas na ópera Anel do Nibelungo de Richard Wagner. Este caldeirão de citações e influências ajuda a tornar a trama ainda mais superficial, mas é justamente ele quem a torna tão divertida e, contraditoriamente, original.
Django Livre não funciona como um acerto de contas com o passado, ele tão pouco irá lavar a alma daqueles que ainda sofrem com o preconceito e com a segregação racial (da mesma forma que Bastardos Inglórios também não funcionou como um revisão da barbárie provocada pelo nazismo), o que ele proporciona com sua trama revisionista é uma oportunidade de realizar-se, ainda que através da ficção, o desejo de ver a justiça sendo feita em um momento histórico no qual ela inexistia em favor de alguns. O estranho prazer que é possível sentir durante a projeção vem da ânsia de vingança, mas também do desejo que a própria sociedade (representada pelos espectadores) tem de purgar seus próprios erros. Quando Django açoita um feitor com um chicote é como se toda a história estivesse sendo reescrita em favor do lado oprimido e o prazer que emana, mesmo de cenas tão violentas, nos conduz à uma espécie de catarse. Junto com a preço pago pelos senhores de escravos e seus capangas é saldado também o preço que nós como sociedade devemos pelo nosso passado.
Para que a catarse aconteça de fato, é necessário que cada elemento esteja em seu devido lugar, Aristóteles já defendia isso desde a antiguidade ao falar da tragédia grega e o Quentin Tarantino aparenta ter plena ciência disso, uma vez que o mesmo efeito também foi alcançado por ele no final de Bastardos Inglórios. Mesmo na diminuição do ritmo da trama, que acontece nas passagens que antecedem o ato final (que alguns críticos apontaram como um problema), é possível ver um propósito. Através do suspense psicológico, que é criado no momento em que o desenvolvimento da história se torna arrastado, o roteiro nos prepara para as sequências finais, que é onde a catarse acontece de fato. Acredito que se a trama seguisse um ritmo ininterrupto este fenômeno provavelmente não aconteceria da mesma forma, pois nós expectadores não estaríamos tão ansiosos e apreensivos pelo desfecho e sendo assim não estaríamos tão sujeitos a sermos impactados pela descarga emocional do último ato.
Como eu disse acima, o alto nível de qualidade alcançado por Django Livre se deve, em grande parte, ao domínio da linguagem cimatográfica que o Quentin Tarantino demonstra ter, no entanto o mérito não é só dele, todo o elenco central do filme está extraordinário. O Christoph Waltz dá vida a um personagem que em vários momentos lembra seu Coronel Hans Landa de Bastardos Inglórios, no entanto, fica evidente que ele não está reinterpretando o mesmo papel. Eu ousaria dizer que o Dr. King Schultz tem muito mais consistência dramática do que o oficial nazista (que era tão somente um estereótipo maniqueísta, tal como o Calvin Candie neste) e o Waltz expressa muito bem cada nuance deste que é um dos personagens mais complexos do filme. Na trama ele é um dos poucos que vive um dilema moral capaz de mudar as motivações de seus atos, o que me leva a crer que não é por acaso que um personagem alemão tenha sido incluído na trama...
O Leonardo DiCaprio está muito bem, o que não é nenhuma novidade. O Jamie Foxx e a Kerry Washington (que já tinham contracenado em Ray (2004)) também entregam grandes atuações, que não deixam nada a desejar em nenhum momento. Mas penso que o Samuel L. Jackson foi o mais injustiçado dentre os atores, não pelas premiações, mas pelo público, que parece não ter notado a genialidade da composição de seu personagem, que consegue algo que é muito difícil: provocar ao mesmo tempo o asco e o riso, seu Stephen também é um personagem que possui um nível de complexidade que o distingue dos demais. O elenco secundário também entrega bons desempenhos, o que não permite que o nível de qualidade das atuações esteja abaixo do aceitável em nenhum momento. Prestem atenção nas participações especiais do Franco Nero, que interpretou o personagem principal no Django do Sergio Corbucci e na do próprio cineasta, que aparece em uma ponta como de praxe (a dele é de longe a atuação mais fraca do filme).
A grandiosidade do longa é sustentada pelo seu conjunto de aspectos técnicos, que também não deixa absolutamente nada a desejar. A fotografia valoriza tanto as tomadas abertas, quanto os closes sugestivos. Alguns enquadramentos buscam destacar a figura do personagem central, no que beira um rito de mitificação, cujo propósito é associar a imagem de Django a outros pistoleiros de filmes do gênero que já conquistaram algum espaço em nosso imaginário. Na trilha sonora estão composições de Ennio Morricone e Luis Bacalov, que foram usadas originalmente em clássicos de western spaghetti, estas canções ajudam a pontuar o ritmo do filme (repare que algumas passagens, o filme adquire por completo o ritmo da música que toca de fundo, seja através do trotar dos cavalos ou de um simples batido de uma ferramenta) e ainda reverenciam o gênero como um todo. A trilha ainda conta com canções de músicos de diversos estilos, como James Brown, John Legend, Johnny Cash e RZA, o curioso é que cada uma delas parece ter sido feita para o filme, o que prova o quanto elas foram bem usadas nele.
Django Livre não é o melhor filme de seu realizador e talvez ainda seja cedo demais para dizer se ele pode ou não ser considerado uma obra prima, mas, independente disso ele sem nenhuma sombra de dúvida um filmaço, certamente um dos melhores da temporada. Não indico para os sensíveis à violência, para os demais ele é ULTRA RECOMENDADO!
Django Livre ganhou o Globo de Ouro nas categorias de Melhor Roteiro e Ator Coadjuvante (Christoph Waltz). No Oscar ele está indicado nas categorias de Melhor Filme, Ator Coadjuvante (Christoph Waltz), Roteiro Original, Fotografia e Edição de Som.
A revelação das passagens aqui comentadas não compromete a apreciação da obra.
Confiram também aqui no Sublime Irrealidade a crítica de Pulp Fiction - Tempo de Violência, também dirigido pelo Quentin Tarantino!
O novo filme do Tarantino não deixa a desejar, por sua violência estética marcante, textos deliciosos e as participações sublimes - desculpe o trocadilho. Como bem citado, "A grandiosidade do longa é sustentada pelo seu conjunto de aspectos técnicos", que dão profundidade e qualidade a um bom Tarantino, que não perde o estilo nem a pose.
ResponderExcluirEu cheguei a ter medo quando percebi que minhas expectativas estavam muito altas, a decepção poderia ter sido grande, mas como eu disse ele fui tudo aquilo que eu esperava dele e mais um pouco!
ExcluirUai Brunão! Eu vou assistir porque estava curioso e pelas suas últimas palavras, mas pelo começo da sua resenha eu não assistiria, hahahahahahahahaha. Parece que vc se empolgou e acabou ultrarecomendando! Hahahahahahahaha, mas eu confio em vc! Um abraço amigão!
ResponderExcluirPode parecer contraditório André, mas é justamente os fatores que mencionei no primeiro parágrafo que caracterizam a marca autora do Quentin Tarantino, ele os utiliza tão bem neste filme que minha avaliação final não poderia ser diferente. É ultra recomendado mesmo, assista sem medo!
ExcluirUm forte abraço André!!!
Confesso que não irei assistir,rs.
ResponderExcluirGosto do Mestre Tarantino e detesto DiCaprio :(
Outro ponto que fiquei pensativa foi a colocação do Spike Lee: " Tarantino é singular e ótimo. Porém, neste filme ele faltou com respeito às comunidades AfroAmericanas no que se ref ao humor(sarrista demais)"
Seu texto como sempre - Funcional, Inteligente e com aquele gostinho: quero ver o filme(mesmo com o DiCaprio) rs.
besos
Olá Patrícia, entendo sua opinião sobre o Leonardo, eu no entanto o considero um dos melhores atores da atualidade, mas sei o quanto é difícil mudar de opinião quando há antipatia...
ExcluirSobre a questão do preconceito, acho que é na verdade um equívoco, o Spike Lee manisfestou sua opinião sem sequer ter visto o filme (isso sim é preconceito). O que acontece é que a trama do filme não se apega ao politicamente correto, o que é um dos seus pontos mais positivos e uma característica marcante em todos os filmes do Tarantino...
Não deixe de ver tão somente por estes dois pontos, você estará perdendo um filmaço, que pode ser raso e incoerente historicamente (como eu disse na resenha), mas ele não é nem de longe um desrespeito às 'comunidades afroamericanas'...
Filmaço! Ótima resenha! Concordo quanto a não ser o melhor filme de Tarantino, mas sem dúvida, é um filme muito acima da média. Gostei muito da trilha sonora e da fotografia, mas sabe que senti falta de mais cavalgadas? Quanto ao elenco: perfeito!!
ResponderExcluirBelo texto.
ResponderExcluirConcordo do primeiro parágrafo, quando diz da genialidade da violência e da simplicidade do filme e de Tarantino.....ao final quando diz que é recomendado.
Perfeito.
E viva Tarantino.
Brunildo, vc fez neste texto ótimas observações sobre o filme.
ResponderExcluirA impressão que tive ao ver o filme foi, justamente como vc disse: QT não quis fazer um ''filme-justiça'' sobre a escravidão. Quentin usou uma época sombria de nossa história para homenagear um gênero cinematográfico que adora, e o fez muuito bem.
Não consigo usar a palavra RASO para me referir a Django, porque Tarantino com suas marcas cinematográficas tão fortes e tão ''dele'', consegue fazer com que o filme fique grandioso, com uma gama de referências que dão até tontura...não dá para ficar desatento com as referências dos filmes de Tarantino....Não sei se podemos chamar Djando de MASTERPIECE,mas com certeza é um filme de muito impacto.
Foxx me surpreendeu com sua atuação tão forte, tão verdadeira! DiCaprio é demais, e isso não há como contestar. Christoph é um mega ator...Me fez esquecer seu personagem em Bastardos...a única coincidência é os dois serem alemães!
A atuação de Tarantino é fraca, mas genial !
Vale a pena o repetir o que eu já disse aos quatro ventos : Em Django, Tarantino prova mais uma vez que mostra tudo sem pudor. É sangrento, boca suja, chocante... Com diálogos insanos/indispensáveis.
RECOMENDO FOREVER!!
Vi o filme ontem e fiquei maravilhada com tudo!
ResponderExcluirJá estava com a expectativa bem alta antes da estréia, afinal é um filme de um dos meu diretores favoritos! E é Tarantino do ínicio ao fim, como vc mesmo citou!
Eu vou fazer minha crítica lá no blog ainda esta semana, mas ler a sua me enriqueceu, principalmente pela parte da trilha sonora no filme, foi bem observado.
Que filmaço não é? Bom, pra mim ele tem chances disparadas de ser o melhor trabalho de Tarantino que sem dúvida subiu uns tantos degraus na qualidade de seu trabalho como diretor e roteirista.
ResponderExcluirÓtimo texto Bruno. Ele conseguiu um elenco formidável e ressuscitou um ícone do faroeste. Vou rever ainda muitas e muitas vezes!
Abraço.
Eu gosto do filme, mas coloco-me como um dos poucos que só gostaram. Vejo muita exultação e só consigo lembrar de certos detalhes que não me convenceram, embora, como mesmo tenha afirmado, a não vinculação a eventos históricos bem definidos, a maneira com que não faz juízos de valor político a escravidão e brinca com o estilo do faroeste sejam elementos bem fortes na narrativa.
ResponderExcluirUm dos pontos que achei mais interessante é que Tarantino manteve bem seu estilo e traço, mas fugiu um pouco e colocou um filme menos complexo na narrativa e mais funcional, conservador eu diria. Parece ele, mas é um filme mais linear. E o que mais achei proveitoso foi a chance de trazer um elenco com atuações ricas e interessantes. De fato, Samuel, concordo contigo, tem em mãos um papel mais difícil e devia ter sido mais elogiado. Concebe o nervoso, o asco, mas em outras cenas traz o riso e diverte. E ele estava excelente. DiCaprio, mais uma vez, esquecido no Oscar...pena, né? Dane-se, é um filmaço e acho que merece o Oscar de roteiro original, será que leva?
ResponderExcluirBelo texto, abraço
Concordo contigo, Bruno. Samuel L. Jackson foi injustiçado. Talvez se Candyland entrasse mais cedo na trama a situação seria outra, não sei. Seu personagem, como você mesmo afirmou, é ambíguo: diverte e enoja. Desde a cena em que a caravana chega na fazenda, de cara, fica implícito que ali está o real nêmesis de Django (enquanto Calvin parece cumprir o mesmo papel em relação á Schultz). Não só porque ele é um negro no meio de um mundo branco e racista, mas porque Stephen, assim como Django, parece estar representando também. Enquanto um finge ser um especialista em lutas, o outro finge ser um escravo servil, mas basta os seus senhores estarem longe que ele abandona a bengala, fica ereto e muda o tom de voz. Eu achei muito mais interessante essa composição de personagens que a trama em si. Do ponto de vista técnico não tenho muito o que criticar de Django, a não ser alguns flashbacks que me pareceram um tanto mal editados, quebrando o ritmo da narrativa em certos momentos. Fora isso, um filmaço com certeza.
ResponderExcluirOlá, José Bruno.
ResponderExcluirTarantino é um dos poucos cineastas hollywoodianos que conseguem criar blockbusters e imprimir sua própria identidade a seus filmes ao mesmo tempo (semelhante ao que Nolan fez em A Origem).
Acho que o maior mérito dele como profissional é conseguir criar boas histórias e se divertir ao filmá-las ao mesmo tempo.
Li alguns comentários de pessoas reclamando que a música moderna que aparece em alguns momentos do filme estaria fora de contexto, mas acho que a música em um filme é algo que simplesmente está acima do contexto (um bom exempo disso é a cena em Star Trek onde o jovem James Kirk coloca Beastie Boys pra tocar enquanto foge com o carro de seu tio).
Abraço.
Muito boa a resenha José Bruno, realmente o filme traz todas as marcas do Tarantino, e eu como fã dele, amei. Meu marido também estava receoso quanto ao Leonardo DiCaprio como o Monsieur Candie, por achar que o papel não combinava com o "rostinho de BB do Leo", mas, adorou o filme. Ri muito com o brinde do Monsieur Candie e o doutor Shultz: "Prost - German", e com a referência ao Bastardos com um dos personagens dizendo "Arrivederci". Mais uma vez parabéns!!! Bjos
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