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domingo, 8 de janeiro de 2012

Contágio

Contágio (Contagion) - 2011. Dirigido por Steven Soderbergh. Escrito por Scott Z. Burns. Direção de Fotografia de Steven Soderbergh. Música Original de Cliff Martinez. Produzido por Gregory Jacobs, Stacey Sher e Michael Shamberg. Warner Bros. Pictures / USA | Emirados Árabes Unidos.


Tem filmes que tinham tudo para se tornarem obras primas, um elenco escolhido a dedo, um bom mote e um cineasta experiente no comando, no entanto em algum ponto eles acabam tropeçando e põem tudo a perder. Este é o caso de Contágio (2011), a mais nova película de Steven Soderbergh, o longa não é nem de longe um filme ruim, mas fica muito aquém da expetativa alimentada pela sua sinopse e pelos nomes envolvidos... Uma das piores sensações que acredito que possamos ter diante da tela, é a de que o filme está demorando para acabar, pois é, esta foi a sensação a qual fui acometido enquanto assistia Contágio. Eu, que acreditava já estar chegando ao desfecho da trama, tomei um baita susto quando me dei conta de que o filme ainda não estava nem na metade e ele tem menos de duas horas de duração. Eu normalmente não tenho nenhum problema com tramas que se desenrolam lentamente e este nem é o caso deste filme, que tem até um ritmo bem ágil, portanto atribuo minha reação não à uma questão de lentidão, mas ao simples fato de que em sua primeira hora de duração o filme é muito cansativo.

Na segunda parte, o filme ganha um ritmo melhor no entanto permanece uma sensação estranha de que algo esta faltando. Demorei para compreender o que era, afinal as atuações, apesar de não terem nada de tão especial, são boas, tecnicamente também o filme é bom e as diversas histórias contadas são devidamente costuradas. Cheguei à conclusão de que o filme carece mesmo é de propósito, pois ele não tem uma ideia, ou um conceito que possa sustentar sua trama e nem tão pouco pode ser considerado um filme pipoca, dos quais já não esperamos tal tipo de coisa. Apesar de estarem bem ligadas, as pequenas tramas do filme acabam não funcionando tão bem, tropeço que atribuo à excessiva fragmentação do roteiro; isso infelizmente impede Contágio de ter um foco narrativo bem desenvolvido, que poderia muito bem ser a atuação das indústrias de medicamentos, a busca dos cientistas pela cura, o sensacionalismo apocalíptico de parte da mídia ou a reação da população diante da ameaça... Cada um destes temas atá são retratados no filme, porém muito superficialmente.


Exposto aquele que ao meu ver seria o lado negativo do filme, vamos à parte boa, àquela que o livra de ser mais uma obra descartável: Contágio chama a atenção, desde seu princípio, pela sua intensão de envolver a nós espectadores no alarmismo explorado pelo seu roteiro, a câmera passeia e faz closes em maçanetas, copos, alimentos e outros objetos que poderiam facilitar a transmissão do vírus de uma pessoa para outra, isto mostra o quanto todos nós estaríamos suscetíveis a tal tipo de ameaça. Chega a ser impressionante perceber como uma epidemia pode se alastrar tão facilmente e sem nenhum controle, a rapidez com que os infectados morrem é outra peça importante para nos fazer experimentar o pânico vivido pelos personagens. As alusões ao vírus H1N1, agente causador da Influenza A, estão presentes em toda a história, elas servem para nos mostrar o quão perto a trama está de nossa própria realidade e também para colocar em cheque a atuação dos grandes laboratórios de medicamentos e dos centros de controle d doenças geridos pelo estado...


A história de Contágio começa com Beth Emhoff (Gwyneth Paltrow) voltando de uma viagem a Hong Kong; ela faz uma escala em Chicago, onde se encontra às escondidas com um homem, em seguida ela pega um avião de volta para Minneapolis, onde se reencontra com o marido, Mitch Emhoff (Matt Damon) e com o filho. Ao chegar em casa ela já apresenta então alguns sintomas, que poderiam facilmente ser confundidos com uma gripe comum. No dia seguinte seu estado de saúde se agrava subitamente, seu marido a leva às pressas para o hospital, mas ela não resiste, logo em seguida outras mortes acontecem. Outras pessoas de diferentes lugares começam a apresentar os mesmos sintomas, o que indica que a doença até então desconhecida tem um alto poder de propagação. O jornalista e blogueiro Alan Krumwiede (Jude Law) é o primeiro a identificar, através de um vídeo, a rapidez com que a doença pode levar o infectado à morte, ele tenta levar a pauta a um grande jornal, mas eles não lhe dão ouvidos.


Após as primeiras mortes, temendo algo ainda pior, o Departamento de Segurança Nacional dos Estados Unidos nomeia o doutor Ellis Cheever (Laurence Fishburne) para estar à frente de uma equipe responsável por descobrir o agente causador da doença e encontrar rapidamente uma cura para ela. Cheever envia a agente Erin Mears (Kate Winslet) a Minneapolis, para realizar entrevistas e uma pesquisa de campo, que possa ajudar a apontar como a doença se propaga, de onde ela veio e como tratar e isolar os infectados de forma a impedir novos contágios. A Organização Mundial da Saúde (OMS) envia a doutora Leonora Orantes (Marion Cotillard) para Hong Kong, que conforme tudo indica seria o lugar onde ocorreu a primeira morte, ela está incumbida de investigar a origem do vírus com a ajuda de pesquisadores e de autoridades locais. Outros personagens ainda são incluídos na trama, numa tentativa de se dar uma dimensão dramática mais ampla para a pandemia, que afeta todas as esferas da sociedade.



Como eu disse, o filme não é de todo ruim, na maior parte dele os aspectos positivos se sobrepõem aos negativos, no entanto eu não consegui ver nele nada que justifique a badalação feita por parte da crítica, não é nem de longe uma obra prima e chega a ter um gostinho levemente amargo, principalmente quando nos damos conta, que um elenco tão bom poderia ter sido bem melhor usado... Os personagens de Kate Winslet, Marion Cotillard e Matt Damon poderiam ter sido explorados com um pouco mais de profundidade e sem o olhar distante e desfocado, impresso pela direção, que tenta deixar o filme o mais desumano possível para assim atenuar as sequências nas quais a humanidade e o altruísmos dos personagens afloram. Contágio merece sim ser visto, contudo a minha dica é que você o faça sem alimentar tanta expectativa, sem esperar muito de seu roteiro ou das atuações.. assim quem sabe ele não lhe surpreende com seus outros dotes?


Assista ao trailer de  Contágio no You Tube, clique AQUI !

Confiram também aqui no Sublime Irrealidade a resenha crítica 
de  Onze Homens e Um Segredo , também dirigido por Steven Soderbergh.


14 comentários:

  1. Achei Contágio bem fraquinho. Tem um monte de de famosos, mas quase todo mundo perdido em cena...

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  2. Perda de tempo, no fim achei isso, ao término da sessão. Como disse, repito, é sim assistível e tem bons elementos: elenco, direção segura até, montagem, trilha sonora. Mas, o filme é fraco demais, não envolve, é distante, não decola muito, não tem aprofundamento de muita coisa. Achei até rápido, ainda que seja uma narrativa lenta. Pena mesmo. Elenco desperdiçado, totalmente. Abs

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  3. Concordo plenamente com sua resenha J. Bruno, também tive a mesma sensação no cinema, de que o filme já estava "acabando" lá pela metade...Só foi engraçado, como vc comentou, as partes dos closes, algumas pessoas tossiam ou espirravam no cinema e volta e meia alguém olhava em volta desconfiado...Realmente esperava mais do filme. Adorei o texto como sempre!! Bjo!

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  4. Gilberto, Cristiano, Carol, em alguns momentos, enquanto estava escrevendo a resenha, eu achei que poderia até estar sendo injusto com o filme, apesar de não conseguir negar a impressão negativa que ele me passou... É interessante ver que vocês também observaram os mesmos aspectos que eu, realmente uma pena que este tenha sido o resultado final de um filme que tinha tudo pra ser bom...

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  5. Sou um dos poucos que defende verdadeiramente Contágio - você se engana, a crítica, no geral, achou ele bem morno. Gosto muito do ritmo dele, da montagem, fotografia e direção. Adoro esse olhar distanciado, cientifico e frio do Steven sobre os fatos, é esse o propósito, não há o que reclamar - digo, nesse sentido. Reconheço e admito todos os defeitos apontados, mas acho interessante e ponto. Sem conta o elenco, né, que é sensacional!

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  6. Júlio, os principais sites de cinema no Brasil, que atribuem notas e conceitos em suas críticas, o apontaram como um filme acima da média, é baseado nisso que falei da boa recepção por parte da crítica... Eu no entanto o considero bem mediano e carente de algo que o possa fazer ir além disso...

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  7. Vou diminuir minhas expectativas então... hahaha
    Bom, pelo trailer o filme promete bastante. Estou querendo assistir desde o lançamento, mas ainda não tive tempo. De qualquer forma, ainda pretendo assistir.
    BjO
    http://the-sook.blogspot.com/

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  8. Ah sim, é porque me baseio apenas em críticas brasileiras - e algumas poucas americanas. Não costumo conferir nem o IMDB ou aquele dos tomates!

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  9. Grande J.Bruno... como vai?
    Imagino que com certeza se trata de mais um filme esquecível como outros de temas envolvendo doenças e vírus "do momento", já tivemos tantos assim não é....

    Grande abraço,

    T+

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  10. Ah e ia me esquecendo....
    Parece que juntar muitos astros e estrelas em um mesmo filme nunca é mto bom....basta analisar a historia do cinema para se concluir isso....

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  11. Olá, vim retribuir a visita no Essência egocêntrica e agradecê-lo pelo elogios, além de dizê-lo que gostei muito do seu blog, um conteúdo realmente muito util. É sempre bom encontrar resenhas críticas a respeito de filmes e curtas. Esse espaço vai me ajudar muito nas próximas sessões de cinema em casa.
    Um grande abraço.
    Sempre que pudr farei uma visita.

    http://essenciaego.blogspot.com/

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  12. Jefferson, eu também acredito que ele não demorará para ser esquecido, infelizmente, pois poderia ter sido bem melhor... "Nine" é outro exemplo de filme com um elenco estupendo, mas deixa a impressão de que algo está faltando...

    Thiago, seja bem vindo ao meu espaço, me sinto honrado diante dos teus elogios e espero sim recebê-lo por aqui mais vezes... Forte abraço!

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  13. Blake, não deixe de assistir, é sempre bom tirarmos nossas próprias conclusões e o filme, apesar de deixar bastante a desejar, tem sim aspectos positivos que evitam que a sessão seja uma grande furada...

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  14. Eu achei legalzinho, nada demais... Comcerteza o elenco vendeu o filme!

    ;D

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