Operação França (The French Connection) - 1971. Dirigido por Willian Friedkin e escrito por Ernest Tidyman, baseado no livro de Robin Moore. Direção de fotografia de Owen Roizman e produção de Phillip D'Antoni. 20th Century Fox / EUA.
A New York Magazine classificou Operação França (1971) como “Um excelente entretenimento... ágil, realista, forte e corajoso”. Tal caracterização classifica bem este ousado filme de Willian Friedkin. Posso estar acometido por um devaneio, mas creio que dá pra fazer um paralelo entre este filme e Tropa de Elite (2007 - 2010) de José Padilha. Ambos retratam cidades tomadas pelo crime e policiais com métodos nada ortodoxos que insurgem como uma esperança de ordem, em meio ao caos que se instaurou. Mas meu paralelo, um pouco forçado, termina por aqui, na verdade os filmes são bem diferentes em sua proposta e forma de retratar o crime organizado. Enquanto Tropa de Elite possui um tom mais denuncista, o clássico de 1971, apesar de ser baseado em uma história real, ele, tal como a New York Magazine o rotulou, não vai muito além do entretenimento, um ótimo entretenimento.
Operação França tende para o suspense policial, mais que para a ação, sua história nos leva a pontos obscuros e sombrios de Nova Iorque, mas sem deixar de mostrar a beleza da cidade, captada em um excelente trabalho de fotografia. A história começa quando os detetives Jimmy “Popeye” Doyle (Gene Hackman) e Buddy Russo (Roy Scheider), tentando desmantelar uma rede de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro e acabam descobrindo, que por traz de tudo estava uma estruturada quadrilha, que organizava uma mega operação. O plano era entrar com uma grande quantidade de heroína nos Estados Unidos, que seria trazida da França. A conexão França, como foi apelidada pela polícia, mobilizava pequenos e grandes bandidos e até um ator francês, usado como laranja para transportar a droga na viagem de navio.
Gene Hackman no papel de Jimmy "Popeye" Doyle,
atuação que lhe rendeu o Oscar de Melhor ator em 1972.
Popeye e Russo arriscam as próprias vidas para conseguirem provas concretas que justifiquem uma abordagem mais direta por parte de polícia, e tudo se torna ainda mais difícil, quando eles recebem ordens para trabalhar neste caso numa ação conjunta com os federais Bill Mulderig (Bill Hickman) e Bill Klein (Sonny Grosso). Popeye, que já não é muito respeitado no departamento, começa então a ter atritos com o agente Muldering, que ironiza sobre a eficácia de seu instinto de policial. Conforme é contado no filme, o "infalível" institinto de Jimmy já flhou uma vez e provocou a morte de seu antigo parceiro, numa ação frustrada. Os personagens Popeye e Russo foram inspirados nos policiais, atualmente aposentados, Eddie Egan e Sonny Grosso, que fazem uma ponta no filme como supervisores do departamento de polícia.
Operação França tem uma das mais clássicas cenas de perseguição do cinema, que é imitada até hoje em filmes policiais de ação. Boa parte desta sequência foi gravada pra valer e as colisões que ocorrem no percurso são reais e não foram planejadas pela equipe. Foram percorridos 26 quarteirões à velocidade de mais de 140 quilômetros por hora. O realismo das cenas de ação e a tensão que se desenvolve durante o decorrer do filme o mantiveram atual e lhe renderam o status de uma dos maiores clássicos modernos. Mesmo depois de 40 anos Operação França continua sendo uma grande pedida para gosta de ação e de uma boa trama policial, ele é digno de toda a reputação que conquistou. Recomendo!
Operação França ganhou em 1972 os Oscars de Melhor Filme, Diretor (William Friedkin) Roteiro Adaptado, Ator (Gene Hackman) e Montagem, sendo ainda indicado às estatuetas de Melhor Ator Coadjuvante (Roy Scheider), Som e Fotografia. Ganhou também o Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme, Diretor ( Roy Scheider) e Ator – Drama (Gene Hackman), tendo sido indicado ainda ao prêmio de Melhor Roteiro.
Do diretor William Friedkin, recomendo também: O Exorcista (1973).
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