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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Barton Fink - Delírios de Hollywood

Barton Fink - Delírios de Hollywood (Barton Fink) 1991. Dirigido por Joel Coen, escrito por Ethan Coen & Joel Coen, produzido por Ethan Coen. Circle Films - Working Title Films / EUA


O ano é 1941, depois de muitos elogios recebidos da crítica pela sua mais recente peça, o dramaturgo Barton Fink (John Turturro) é convidado a se mudar para Hollywood e escrever seu primeiro roteiro para o cinema. A princípio ele se mostra relutante, pois não quer perder a sua maior fonte de inspiração, que são as pessoas simples de Nova Iorque e os acontecimentos banais de sua vida. Após entender que poderia escrever muitas outras peças com o que ganhasse na nova empreitada, o escritor idealista faz as malas e se muda temporariamente para a cidade do cinema. Barton Fink se instala em um hotel barato, que está caindo aos pedaços, para tentar escrever o que lhe foi encomendado, um roteiro sobre luta livre, com uma menina e um órfão dentre os personagens. Porém os dias vão passando e ele não consegue encontrar a inspiração que precisa.

A cada dia que passa Barton se vê sob uma crescente pressão do excêntrico Jack Lipnick (Michael Lerner) diretor do estúdio Capitol Pictures, , que o contratou, e de seus assistentes, Ben Geisler e Lou. O escritor tenta então buscar a ajuda de um de seus ídolos, a quem encontra por acaso na cidade, W.P. Mayhew, que também é roteirista, e através deste acaba conhecendo Audrey, secretária e amante de Mayhew, que pode ser a fonte de inspiração que buscava. A primeira pessoa com quem Barton Fink consegue se relacionar e desabafar sobre seu bloqueio criativo, é Charlie (John Goodman), o hóspede do quarto ao lado do seu, um bom homem (sempre desconfie desses tipos no filmes dos Coen), que trabalha no ramo de seguros(!).


Poderia ser um filme qualquer com um roteiro sem nada de anormal, mas esta é uma das produções dos irmãos Coen. E como é de se esperar de Joel e Ethan, em Barton Fink – Delírios de Hollywood tem algo a mais. Tal como em Fargo (1996), em E aí, Meu Irmão, Cadê Você (2000) e em Queime Depois de Ler (2008), neste longa nos deparamos com um humor ácido e sarcástico e com os personagens caricatos, típicos dos trabalhos da dupla. A história, um tanto absurda como de costume, pode ser entendida como uma sátira sobre a criação no cinema e uma crítica às produtoras que interferem no processo criativo e limitam os cineastas ao enquadra-los em seus padrões.

Personagens caricatos inseridos em uma trama absurda.

O Hotel Earle, onde Barton está hospedado, é mostrado no filme como uma sucursal do inferno, e não é força de expressão, alguns dos detalhes e coisas que acontecem no local, são no mínimo curiosos; o calor insuportável, o recepcionista que aparece de alçapão que se abre no chão atrás do balcão, o suturno ascensorista que menciona o número “6”, referente ao sexto andar, três vezes na subida do elevador e ao ser questionado por Barton se lê a bíblia, ele responde, “Sim, suponho que sim. Já ouvi falar dela”. Isso tudo sem mencionar o final, que pode soar um pouco absurdo e surreal demais para quem não se deu conta das pistas durante o deserolar do filme. Cada um pode chegar a outras conclusões ao assistir Barton Fink – Delírios de Hollywood, o enredo da margem para isso, mas a conclusão a que chego é a de que talvez o escritor tivesse simbolicamente “vendido a sua alma”, ao aceitar o convite de escrever o roteiro, uma alusão à traição de seus princípios como artista intelectual e engajado.

 

Não sei, mas Barton Fink – Delírios de Hollywood também pode ser uma alusão à trajetória de Orson Welles no cinema, depois de dirigir Cidadão Kane (1941 - ano em que o filme dos Coen se passa), o cineasta teve roteiros reprovados por não se enquadrarem no padrão dos produtoras e nunca mais repetiu o sucesso de seu filme de estreia na sétima arte, que figura até hoje na listas de melhores de todos os tempos. Fica então a pergunta, será que Joel e Ethan assinaram a “apólice” oferecida pelo lado negro de Hollywood para garantirem o sucesso e a carreira estável? E, até que ponto eles teriam sofrido com a síndrome de Barton Fink?


Tenho algumas outras considerações a fazer sobre o roteiro, mas prefiro guardá-las comigo, pois funcionariam com spoilers nesta resenha. O melhor mesmo é que você assista e tire suas próprias conclusões. No fundo, o filme pode ser mais simples do que chegamos a supor... “Temos a oportunidade de forjar algo verdadeiro, a partir da vida cotidiana. Criar um teatro para as massas que se baseie em poucas verdades...”, esta declaração do personagem Barton Fink, no início da trama, descreve o que pode ser o propósito por trás do filme. Barton Fink – Delírios de Hollywood pode não ser um dos melhores filmes dos Coen, na minha opinião, mais é super recomendado. Uma ótima pedida para quem valorize produções que subvertam o convencionalismo proposto pelos magnatas da indústria cinematográfica.

Barton Fink - Delírios de Hollywood foi indicado ao Oscar de melhor figurino, direção de arte e ator coadjuvante (Michael Lerner). No Festival de Cannes, ganhou a Palma de Ouro e ainda foi indicado nas categorias de melhor diretor e melhor ator (John Turturro). 


Assista ao trailer de Barton Fink no You Tube ! (clique no link)
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2 comentários:

  1. Soturno, e pode até não ser o melhor filme, e se porém, então MAS.

    Acho q já vi em alguma madrugada na globo, mas não lembro de mta coisa. Fiquei interessado em rever qdo for possível.

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  2. Acredito que se trata sim de um inferno mas n o inferno convencional e sim um inferno "psicológico" em q autores entram quando estão com bloqueio criativo. O personagem de John Goodman pra mim seria uma espécie de inconsciente de Barton

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