Across the Universe - 2007. Dirigido por Julie Taymor, escrito por Julie Taymor, Dick Clement e Ian la Frenais e produzido por Suzanne Todd e Jennifer Todd. Columbia Pictures / EUA
É um desafio em dobro fazer uma resenha de um musical, pois além do que normalmente observamos em um filme, como fotografia, edição, atuações e roteiro, ainda tem a questão das performances e interpretações das canções, que podem nos tocar individualmente dependendo do gosto musical de cada um. No meu caso, o musical que mais me marcou foi The Wall (1982) de Alan Parker, escrito por Roger Waters, com músicas do disco homônimo do Pink Floyd. A primeira vez que assisti a este filme, foi no já longínquo primeiro período da faculdade de comunicação, eu já conhecia as músicas, já era fã do Pink Floyd, mas o produto final daquelas mentes megalomaníacas (de Parker e de Waters) era perfeito em seu conjunto, o roteiro, soberbo, era dos mais inteligentes que já tinha visto e a atuação do personagem principal simplesmente fantástica. Passei então a interpretar cada uma das canções ali entoadas de uma forma totalmente nova. The Wall na verdade foi o primeiro musical do qual realmente gostei. Outros filmes como Chicago (2002), Cantando na Chuva (1952) e Dançando no Escuro (2000) também foram importantes para que eu fizesse as pazes com este gênero cinematográfico, eles ajudaram a curar o estigma que os filmes animados da Disney e suas longas cantarolas me deixaram em minha infância.
É um desafio em dobro fazer uma resenha de um musical, pois além do que normalmente observamos em um filme, como fotografia, edição, atuações e roteiro, ainda tem a questão das performances e interpretações das canções, que podem nos tocar individualmente dependendo do gosto musical de cada um. No meu caso, o musical que mais me marcou foi The Wall (1982) de Alan Parker, escrito por Roger Waters, com músicas do disco homônimo do Pink Floyd. A primeira vez que assisti a este filme, foi no já longínquo primeiro período da faculdade de comunicação, eu já conhecia as músicas, já era fã do Pink Floyd, mas o produto final daquelas mentes megalomaníacas (de Parker e de Waters) era perfeito em seu conjunto, o roteiro, soberbo, era dos mais inteligentes que já tinha visto e a atuação do personagem principal simplesmente fantástica. Passei então a interpretar cada uma das canções ali entoadas de uma forma totalmente nova. The Wall na verdade foi o primeiro musical do qual realmente gostei. Outros filmes como Chicago (2002), Cantando na Chuva (1952) e Dançando no Escuro (2000) também foram importantes para que eu fizesse as pazes com este gênero cinematográfico, eles ajudaram a curar o estigma que os filmes animados da Disney e suas longas cantarolas me deixaram em minha infância.
No entanto, esta resenha se torna um trabalho um pouco menos árduo, por se tratar de um musical composto por algumas das melhores canções dos Beatles. O roteiro de Across the Universe se baseia nas letras de músicas do Fab Four, para construir uma trama simples, porém cheia de referências aos mágicos e lisérgicos anos 60. O filme de Julie Taymor transita por entre acontecimentos e comportamentos, que marcaram toda aquela época e consegue reproduzir com belíssimas imagens (fotografia de Bruno Delbonnel, indicado ao Oscar por O Fabuloso Destino de Amélie Poulain), a contra cultura, os protestos pelos direitos civis, as viagens de drogas, a guerra do Vietnã e todos os sonhos de uma juventude que sonhava em mudar o mundo. O roteiro meio que segue a mesma trajetória da banda de Liverpool, que vai da aparente inocência à politização e ao engajamento, passando pelo experimentalismo e pela lisergia.
Sinopse: Jude (Jim Sturges) é um jovem que mora com a mãe e sobrevive de um sub-emprego em Liverpool. Com a desculpa de que vai tentar ganhar a vida do outro lado do atlântico, ele parte clandestinamente para os Estados Unidos. Seu verdadeiro objetivo é encontrar o pai, que fora soldado durante a segunda guerra e abandonou sua mãe ainda grávida, desaparecendo quando o conflito acabou. Jude acredita que seu pai é um renomado professor de Princeton, mas se decepciona ao saber que ele é apenas um zelador da Universidade e que, por já ter uma outra família, não pode lhe dar a devida atenção. É no campus de Princeton que Jude conhece, por acaso, Max (Joe Anderson), com quem desenvolve rapidamente uma forte amizade. Ao ser convidado para jantar na casa do novo amigo, Jude conhece Lucy (Evan Rachel Wood), a linda irmã de Max. Dispensável dizer que é amor à primeira vista.
Jude se muda para Nova York junto com Max, depois que este abandona a faculdade. Eles alugam um quarto no apartamento da cantora Sadie (Dana Fuchs), e lá conhecem Jo-Jo (Martin Luther McCooy), um guitarrista que entra pra banda de Sadie, e Prudence (T.V. Carpio), uma garota que aparece do nada e acaba sendo acolhida no apê. Sadie é uma clara versão de Janis Joplin e Jo-Jo sem sombra de dúvidas foi inspirado em Jimi Hendrix (talvez uma homenagem da diretora à outros ícones dos anos 60). Prudence, que muitos críticos alegam ser apenas uma “desculpa” pra ter mais um personagem cujo o nome faz referência à uma múcica (Dear Prudence), é na verdade, bem mais que isso, ela mais que nenhum outro personagem, representa as crises existenciais e de personalidade, que muitos jovens sofreram naqueles tempos loucos de antítese social, política e cultural.
As coisas começam a mudar na pequena comunidade alternativa, que se formou no apartamento, quando Lucy chega em Nova York trazendo para Max a carta de convocação para o alistamento no exército americano. Lucy, que já tinha perdido o primeiro namorado na guerra do Vietnã, teme pela vida do irmão e se engaja na militância política e nas manifestações contra a guerra. Paralelamente a isso, os jovens se mergulham no amor livre e nas experiências psicodélicas. A busca por aventura e pelo novo, leva os jovens para Califórnia a bordo de um ônibus com o guru hippie Dr. Robert (Bono Vox), personagem que representa bem a fase “experimentalista” dos Beatles. Dr Robert é quem apresenta o LSD aos garotos, que mergulham de cabeça nas alucinações. As viagens de drogas são ilustradas no filmes através de lindos clipes que simulam o efeito do ácido lisérgico (sequências que lembram passagens de The Wall, que citei acima).
Apesar do roteiro deixar um pouco a desejar, o filme é imperdível, principalmente pelas magníficas interpretações que os personagens dão às canções. I Want to Hold Your Hand, uma das canções mais alegres do Fab Four, no filme é usada para descrever a paixão platônica da jovem Prudence por uma das garotas de sua equipe de líderes de torcida, e é apresentada em uma versão melancólica (lembrando a feita recentemente para o seriado Glee). Strawberry Fields Forever é cantada numa das sequências mais lindas do filme, onde os morangos (strawberries) são analogicamente comparados à corações dilacerados e ao derramamento de sangue nos campos (fields) de batalha.
Acho que deve ser um absurdo existir alguém que não reconheça a importância que os Beatles tiveram para Rock e para a música Pop como um todo, mas mesmo que você não seja fã dos meninos de Liverpool, vale a pena conferir este musical! Razões para isso não faltam, a começar pelas participações especiais de Salma Hayek, Eddie Izzard, Joe Cocker e Bono Vox. O filme é um deleite saudosista sobre uma época que, em mim particularmente, provoca um fascínio maior que qualquer outra da história recente. Penso também que outro ponto positivo de Across the Universe seja talvez o fato de o roteiro não tocar no ponto mais dolorido desta história, frustração do contato com a realidade, ao menos neste longa o sonho não acabou. As impressionantes imagens de Across the Universe ficarão na minha memória por um bom tempo e não deve demorar para que me bata uma vontade louca de reassistir. Recomendo!
Acho que deve ser um absurdo existir alguém que não reconheça a importância que os Beatles tiveram para Rock e para a música Pop como um todo, mas mesmo que você não seja fã dos meninos de Liverpool, vale a pena conferir este musical! Razões para isso não faltam, a começar pelas participações especiais de Salma Hayek, Eddie Izzard, Joe Cocker e Bono Vox. O filme é um deleite saudosista sobre uma época que, em mim particularmente, provoca um fascínio maior que qualquer outra da história recente. Penso também que outro ponto positivo de Across the Universe seja talvez o fato de o roteiro não tocar no ponto mais dolorido desta história, frustração do contato com a realidade, ao menos neste longa o sonho não acabou. As impressionantes imagens de Across the Universe ficarão na minha memória por um bom tempo e não deve demorar para que me bata uma vontade louca de reassistir. Recomendo!
O filme foi indicado ao Oscar na categoria de melhor figurino e ao Globo de Ouro na categoria de melhor filme comédia-musical.
Da diretora Julie Taymor, recomento também: Frida (2002).
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Tinha, assim como você, uma certa barreira para com os musicais.
ResponderExcluirConsegui superar com Dançando no Escuro, A Noviça Rebelde (eu sei ... :/ ), Oliver!, e porque não Across The Universe, do qual gostei bastante.
O gênero certamente é difícil, e sua análise é mais complicada ainda, mas gostei da sua visão equalizada do assunto.
Lírico!!! Você brilhantemente conseguiu captar a mensagem do filme, bjs.
ResponderExcluirBoa crítica! Concordo com tudo ( exceto por não gostar de "Chicago" rs)
ResponderExcluirQuem curte a temática e as músicas com certeza vai gostar.
abraços