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sábado, 5 de fevereiro de 2011

A Queda - As Últimas Horas de Hitler

A Queda - As Últimas Horas de Hitler (Der Untergang) 2004, dirigido por Oliver Hirschbiegel, escrito por Bernd Eichinger, baseado nos livros de Joachim Fest, Traudl Junge, Gerhardt Boldt, Ernst Günther Schenck e Siegfried Knappe, produzido Bernd Eichinger. Constantin Film / Alemanha; Itália; Austria.


A segunda guerra mundial, talvez seja o evento do século XX que mais causa fascínio e desperta a curiosidade e tantos outros sentimentos em cineastas e cinéfilos. O conflito entre aliados e o eixo inspirou obras primas, de variados gêneros, como a Lista de Schindler (1993), A Vida é Bela (1997), O Pianista (2002), O Grande Ditador (1940) e O Paciente Inglês (1996) e outras de qualidade um tanto duvidosa como a adaptação de O Menino do Pijama Listrado (2008) e Pearl Harbor (2001). O conflito já foi retratado por diversos ângulos, seja pela visão do eixo, ou pela ótica dos aliados, seja mostrando a guerra como um todo ou apenas um pequeno microcosmo dentro dela. Existe ainda uma série de documentários sobre o tema, a grande maioria deles apenas caça níquéis sem maiores atrativos. Tudo isso já seria motivo de sobra para este ser um assunto saturado para o cinema. Já nos emocionamos, choramos e até rimos (graças a Charplin) bastante com tantas histórias reias ou fictícias sobre a guerra, que ganharam as telas.

A Queda (2004), tinha tudo para ser apenas mais um filme sobre o conflito mundial, do qual já conhecíamos o final. As histórias ali retratadas, os personagens, são os mesmos que estarão presentes no grande número de documentários que achamos em qualquer banca de revista. Mas o filme de Oliver Hirschbiegel foi muita além disso. A Queda, primeiro filme alemão sobre o fim do conflito, tenta reproduzir os últimos 10 dias de Hitler, período em que o Führer e o alto escalão do partido nazista se depararam com a impossibilidade da vitória contra os russos que já haviam invadido Berlim. O filme não tem o apelativo que tantos outros buscaram nos temas relacionados à guerra: a comoção. A Queda não emociona, ele nos assusta, nos deixa perplexos de imaginar até que ponto o ser humano pode chegar ao se apegar à uma idéia.

Bruno Ganz naquela que foi a melhor interpletação do Führer já feita no cinema.

A primeira reação que tive assistindo ao filme, foi a de que os suicídios de Hitler, Eva Braun, Joseph Goebbels e de muitos outros membros do partido, pareciam surreal demais, isto viria naquele momento reforçar outras teorias sobre o que de fato teria acontecido. A aparente “inocência” de alguns personagens também me parecia ser forçada demais. Como o caso do Dr. Ernst Günther Schenck, que se mostra muito preocupado com os civis, com os feridos e com os soldados que mantinham a resistência na cidade tomada. Eu ficava cá imaginando, como alguém que se mostra tão compassivo pôde colaborar com o esquema que exterminaria mais de 6 milhões de judeus? Cheguei à conclusão de que talvez tudo, com exceção dos suicídios (que ainda me deixam com uma pulga atrás da orelha), tenha, possivelmente, acontecido como foi mostrado. (Sempre tive um pé atrás com os ditos "baseados em fatos reais").


Um resenha pode até não ser o melhor lugar para discutir isso, mas vamos lá! Imaginem que de repente o BOPE comece a invadir favelas e executar pessoas como se todas fossem criminosos, some a isto a ideia pré concebida que já temos das ambas as partes envolvidas e um influente aparelho de comunicação social (como o de Goebbels), para reforças estes preconceitos e justificar cada uma das ações. Nestas circunstancias é bem possível que pessoas comuns, mesmo as capazes de sentir compaixão, apóiem estas ações, uma vez que não têm um envolvimento próximo e pessoal com os executados. Tal proposição pode parecer dura e radical demais, mas na verdade não é. A consciência coletiva social pode ser “induzida” a coisas que nem imaginamos ou preferimos não imaginar.

Alexandra Maria Lara - atuação memorável na pele da ex-secretária de Hitler, Traudl Junge.

Talvez a maior qualidade de A Queda seja a facilidade com que ele nos assusta com a possibilidade de sermos tão facilmente induzidos a seguir um lunático, como a secretária pessoal de Hitler, Traudl Junge o foi. Tal possibilidade fica clara com a contra posição entre duas cenas da sequência final, que chega a ser perturbadora. Na primeira cena, Junge transita entre os soldados russos, sendo acompanhada por Peter, um garoto membro da juventude hitlerista, a expressão facial de ambos mostra, numa passagem sem diálogos, o desapontamento e a frustração com a derrota dos nazistas. Quando esta cena termina, inicia a final onde a ex-secretária, já velha, em depoimento lamenta sua atuação ao lado de Hitler e o fato de não ter percebido o monstro que ele era.


O ator suíço Bruno Ganz, cuja a interpretação de Hitler beira a perfeição, conseguiu fazer o que muita gente temia, ele humanizou o Führer , reforçando a ideia de que a monstruosidade nos é mais familiar do que gostaríamos que fosse. A linda atriz romena Alexandra Maria Lara, que também esta no elenco de Control (2007) e de O Leitor (2008), está ótima em sua atuação como a secretária Traudl Junge, sua constante expressão de espanto, com olhos arregalados é memorável. Juliane Köhler, como Eva Braun e Ulrich Matthes, como Goebbels, também merecem destaque. A Queda por tantos predicativos a favor acabou de entrar para o meu ranking de melhores filmes de guerra. Vale a pena assistir não só pela curiosidade história, ou pela produção técnica do filme, com certeza é um filme que tem algo a mais. Totalmente indicado!

A Queda recebeu uma idicação ao Oscar na categoria de Melhor Filme de Língua Estrangeira, prêmio que perdeu para a produção espanhola Mar Adentro.

Assistam ao trailer de A Queda - As Últimas Horas de Hitler
no You Tube, clique AQUI !


6 comentários:

  1. Todo filme "baseado em fatos reais" incomoda um pouco. Em se tratando de filmes que mostram facetas diferentes, sejam políticas ou de demais personagens, das que estamos habituados a ver ou ler nos livros, a coisa muda de fugura: assustam! Não pelo personagem e si, mas pela diversidade do contexto até então conhecido. Penso que seja o caso de A Queda, que não faz meu estilo favorito de filme, mas assiti há alguns anos.
    Mais uma excelente dica! Vale a pena assistir!

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  2. Excelente filme, muito bem abordado. grande dica!

    abraço,
    www.todososouvidos.blogspot.com

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  3. Gosto muito de história das guerras em geral... filme com história real de guerra sempre eu curto muito!!!

    Abraço e Sucesso!

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  4. ja assisti esse filme,e achei bem diferente pois mostra um outro lado da historia que não é muito abordado nos cinemas, otimo blog parabens

    http://futrockmma.blogspot.com/

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  5. Como pesquisador da 2º Guerra Mundial, lógico que tenho esse dvd em meu videoteca. Muito bom o filme.

    Recentemente comprei o tão aguardado livro que faltava em minha coleção "Mein Kempf", ainda não li todo, mas vemos a contradição de um homem que com numa hora mostrava coragem para invadir outros países para implantar um governo ditatorial chamado Reich, e no momento final, covardemente se mata demonstrando medo de encarar seus opositores.

    Excelente post.

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  6. Eu também sempre tive curiosidade de ler "Mein Kempl"... O livro foi a base de todo o aparato midiático que Goebbels ajudou a criar e que "inauguraria" a comunicação de massa. Acho que o livro pode ajudar a enterder o porque não foi tão difícil pro povo alemão comprar a loucura de Hitler como um ideal...

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