E Aí, Meu Irmão, Cadê Você? (O Brother, Where Art Thou?) 2000, escrito dirigido por Joel Coen, produzido por Ethan Coen. Buena Vista Pictures, UP / USA
Em E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?, o Ulisses, que não é nem um pouco heróico, aos modelos gregos, junto com seus companheiros, irá viver siuações que remetem às vividas pelo personagem de Homero, porém adaptadas para o contexto e a realidade onde a trama se desenvolve. O cego Tirésias, por exemplo, que segundo a mitologia grega fora privado de sua visão e em troca ganhou o dom de prever acontecimentos, foi convertido em um ferroviário cego que faz professias para os foragidos quanto ao sucesso de sua empreitada. Não só personagens, mas situações também passam por uma releitura. Na obra literária as tribulações começam e persistem para Ulisses devido a um desentendimento com Poseidon, deus dos mares, a quem ele se nega a oferecer sacrifícios em agradecimento pela vitória na guerra. O imperador dos mares passa então usar de todo seu poder e recursos para desviá-lo do caminho de casa. Já no filme, analogicamnte, as dificuldades sobrevêm para o trio depois que Ulysses se nega a participar de um batismo nas águas, que membros de uma igreja protestante realizam em um rio(!).
Outras referências estarão presentes em todo o roteiro, mas mesmo para quem ainda não leu A Odisséia o filme não deixa de fazer sentido, alguns poderão até achar estranho acreditar-se que um dos personagens possa ter sido transformado em um sapo, por sedutoras lavadeiras que cantam uma canção hipnotizante na beira de um lago. Também figuram no roteiro personalidades famosas nos Estados Unidos da década de 30, como o cantor de Blues Tommy Johnson, que supostamente teria vendido a alma ao diabo em troca do dom tocar violão extraordináriamente, e George Nelson Facebaby, conhecido assaltante de bancos da época.
A qualidade do filme não prima apenas pelo roteiro, que recebeu uma indicação ao oscar na categoria "melhor roteiro adaptado", a fotografia e as locações são um destaque à parte. A estática da obra remete à fotografias dos anos 30, com o tom amarelado que ajuda a trazer ainda mais um ar de clássico para o longa. Assista ao filme e leia o livro!
De Joel e Ethan Coen, indico também: Fargo (1996), Onde os Fracos Não Têm Vez (2007), Queime Depois de Ler (2008) e Bravura Indômita (2010).
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Depois de fazer o post dos filmes de mitologia grega lá no blog, fiquei doido para assistir a esse filme, depois de ler sua resenha então... Preciso assistir agora! Achei bacana o fato dos seres mitológicos serem apresentados de uma forma "moderna".
ResponderExcluirJosé Bruno, vc tem muito bom gosto para cinema, muito parecido com o meu. Todos os filmes sobre o qual escreve são filmes que eu adoro, por isso faço questão de ler, com muito prazer, suas resenhas. Adoro o seu blog, sinceramente.
E, novamente, agradeço muito por ter aceitado a parceria. Abração!
Para mim é um prazer enorme Gabriel, seu blog é excelente, certamente eu ainda tenho muito a aprender sobre a mitologia grega e ele será uma ótima oportunidade de fazê-lo!
ExcluirAbração!