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terça-feira, 19 de abril de 2011

O Senhor dos Anéis - Trilogia

 O Senhor dos Anéis – A Sociedade do Anel (The Lord of the Rings: The Fellowship of the Ring) - 2001. Dirigido por Peter Jackson. Roteiro de Fran Walsh; Phillipe Boyens & Peter Jackson, baseado na obra de J. R. R. Tolkien. Música de Howard Shore. Direção de Fotografia de Andrew Lesnie. Produzido por Peter Jackson; Barrie M. Osborne; Fran Walsh & Tim Sanders. New Line Cinema; Wing Nut Films & The Saul Zwertz Company / EUA-Nova Zelândia.

O Senhor dos Anéis – As Duas Torres (The Lord of the Rings: The Two Towers) - 2002. Dirigido por Peter Jackson. Roteiro de Fran Walsh; Phillipe Boyens & Peter Jackson, baseado na obra de J. R. R. Tolkien. Música de Howard Shore. Direção de Fotografia de Andrew Lesnie. Produzido por Peter Jackson; Barrie M. Osborne & Fran Walsh. New Line Cinema; Wing Nut Films & The Saul Zwertz Company / EUA-Nova Zelândia.

O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei (The Lord of the Rings: The Return of the King) - 2003. Dirigido por Peter Jackson, baseado na obra de J. R. R. Tolkien. Roteiro de Fran Walsh; Phillipe Boyens & Peter Jackson. Música de Howard Shore. Direção de Fotografia de Andrew Lesnie. Produzido por Peter Jackson; Barrie M. Osborne & Fran Walsh. New Line Cinema; Wing Nut Films & The Saul Zwertz Company / EUA-Nova Zelândia.




Dia desses uma amiga me disse que, conforme havia percebido, o tema “relacionamentos” era recorrente em minhas resenhas. Não posso negar que realmente este é uma aspecto que sempre observo com um cuidado maior nas histórias, mas não era de fato um tema recorrente. Às vezes busco assistir a determinados filmes com uma visão que vá além daquela limitada, com a qual o público médio o assistiria, sempre busco a profundidade das tramas e o que está por detrás daquilo que para muitos seria apenas banalidade. Na condição de criação artística, principalmente os filmes autorais, refletem alguns dos sentimentos, ideais e reflexões de seus realizadores e com isso cada produção já traz em si algo implícito, dito muitas vezes nas entrelinhas e não é só isso, nossa carga psicológica também influencia decisivamente na forma com que decodificamos a mensagem fílmica, isso é algo totalmente pessoal, que faz com que cada tenha um ponto de vista e que enfoque determinados ângulos da obra. Em cada resenha que posto aqui no Sublime Irrealidade tento descrever cada uma de minhas reações e impressões ao assistir cada produção e isso não quer dizer que deva, por obrigação, analisar cada um dos aspectos da obra.

 

Esta pequena introdução se fez necessária pela dimensão do que me propus a fazer, resenhar a trilogia O Senhor dos Anéis (2001, 2002, 2003). Assisti à trilogia (quase um filme atrás do outro) pela primeira vez em 2006, na ocasião eu fiquei bestificado com a tamanha qualidade, tinha descoberto o porquê do sucesso de crítica e de público, conquistado pelos três filmes do diretor neozelandês Peter Jackson. Decidi fazer apenas uma resenha da trilogia, poque entendo que seria um erro fazê-lo de forma diferente. Tal como no caso do livro, do qual foram adaptados, os três filmes devem ser vistos como uma única obra (de mais de 9 horas). Pensar sobre o que falar de algo tão perfeito, quando os clichês já pareciam estar prontos em minha mente, seria o primeiro desafio. Poderia escrever um grande número de laudas para falar dos efeitos (que são espetaculares), da fotografia (idem - a maioria das paisagens são reais, as locações foram feitas na Nova Zelândia, país do natal de Peter Jackson) ou da trilha sonora (fantástica). Poderia falar das atuações ou até mesmo analisar a história à luz da filosofia, da mitologia ou da teologia e acreditem isso não seria tão difícil, afinal as analogias e metáforas estão tão latentes no filme. Mas escolhi analisar o filme sobre outro aspecto, adivinhem... Sim, o dos relacionamentos.


O curioso é que mesmo o filme sendo protagonizado por criaturas fantásticas e miológicas, cada um dos personagens são dotados de humanidade e a essência da história são os relacionamentos que desenvolvem e as decisões que precisam tomar. Toda a trama, que se passa na Terra Média, gira em torno do Um Anel, que fora criado por Sauron, que intentava controlar cada um dos povos a quem tinha presenteado com outros anéis menos poderosos. Em tempos remotos, homens e elfos se uniram contra Sauron, conseguiram bani-lo da Terra Média, mas sua influência continuou a ser exercida através do Um Anel que passou de mãos em mãos até chegar ao hobbit Frodo, que o herdou do tio Bilbo. Sauron arquitetava sua volta, que só poderia ser impedida com a destruição do Um Anel. Para a realização da missão, foi criada a Sociedade do Anel, que congregava os humanos Aragorn (Viggo Mortensen) e Boromir (Sean Bean), os hobbits Frodo (Elijah Wood), Sam (Sean Astin), Merry (Dominic Monaghan) e Pippin (Billy Boyd ), o elfo Legolas (Orlando Bloom), o anão Gimli (John Rhys-Davies) e o mago Gandalf (Ian McKellen). O Um Anel despertava em seu portador o egoísmo, a ira e a ganância. Nenhum dos que temiam o retorno de Sauron tinham coragem de possui-lo, então Frodo, que já era o portador, foi o encarregado de transportá-lo até o único lugar onde ele poderia ser destruído, lugar este que ficava bem no centro do território inimigo.

  

Ao contrário do que podem pensar os desavisados ao verem as cenas de ação, o foco do filme não são as batalhas contra os inimigos e sim as batalha da cada um contra si mesmo. Neste caso o que conta não é a força física ou o poder que se detém. A escolha de Frodo para ser o portador do anel é prova disso, ele é membro de uma das raças mais menosprezadas e subestimadas da Terra Média e o sucesso de sua missão não será determinado por isso, e sim pelas amizades que construiu e pela constante luta contra seus próprios sentimentos, que vão sendo corrompidos à mediada que o tempo passa, pela influência maligna do Um Anel. Outros personagens se vêm diante de dilemas totalmente humanos, que os levam ao aprendizado sobre o valor da amizade, o perdão, a humildade e o auto-controle. Sob este ponto de vista, pode-se considerar a obra bastante moralista, da forma mais positiva possível. A trama nos alerta sobre o perigo de nossa ganância e sobre a forma com que os sentimentos negativos pode nos levar a uma espécie de morte em vida. O personagem Gollum é um dos mais interessantes da trama. Ele personifica a ruína de um ser tomado pelo ódio, pela auto-piedade e pela ganância. Gollun fora um hobbit um dia, seu nome era Sméagol, porém ao se apoderar do Um Anel, ele vai se definhando até se transformar numa criatura nojenta e repugnante. Sméagol funciona como uma metáfora sobre a forma com que nossos sentimentos, quando não controlados, podem levar à destruição irreversível de nossa alma.

  

É extraordinária a forma com que o filme (leia-se a trilogia) trata de assuntos profundos e complexos, como a relação familiar, a brevidade da vida (encarada pelos personagens quando se deparam com a iminente ameaça de morte) e o auto-sacrifício. Ainda não li o livro, já o procurei na biblioteca do Centro Cultural Banco Brasil, onde posso pegar emprestado, mas não o achei, creio que vou ter que comprá-lo, pois a reflexão que o filme proporcionou nesta minha segunda maratona (assisti aos 2 primeiros no último domingo e ao terceiro na segunda-feira) foram ainda além do que aquelas que eu tinha ensaiado no meu primeiro contato com a obra em 2006. Ao invés de baboseiras descartáveis, como as que a saga Crepúsculo nos proporcionou, a trilogia do O Senhor dos Anéis nos mostrou como se faz um grande filme, grande em todos os sentidos, e não se faz só com um belo par romântico e um bocado de efeitos especiais (meia boca no caso das adaptações da obra de Stephenie Meyer). Como já disse, O Senhor dos Anéis pode ser objeto de inúmeros estudos, das mais diversas áreas, que vão deste a linguística, às teorias gerais do estado e à psicologia.

 
 
Mesmo em meio a tantos efeitos especiais, que revolucionaram a forma de fazer cinema, percebo que as melhores cenas não são as de batalha e sim aquelas em que os personagens estão imersos em reflexões e temores quanto aos tempos ruins que se aproximam. A simplicidade dos hobbits é em cada cena, em que aparecem, extremamente comovente e a relação entre Frodo e Sam é o ápice disso, o hobbit gorducho talvez seja o maior de todos os responsáveis pelo desfecho da história. O final melancólico (não se preocupe, não pretendo o revelar) mostra como cada personagem evoluiu no decorrer da trama, mesmo após o início dos créditos finais, fica ainda um sentimento estranho, que parece nos dizer que o preço pago talvez tenha sido alto demais e a verdade de que “algumas feridas não se cicatrizam jamais” é um tanto dolorosa, só amenizada pela certeza, que o filme nos dá, de que uma verdadeira amizade é a melhor arma quando nos encontramos na mais profunda escuridão. Numa das cenas mais profundas Gandalf consola Frodo: “Todos que atravessam tempos difíceis lamentam sua sorte mas não podemos decidir a hora que vamos viver. A nós cabe apenas decidir o que fazer com o tempo que temos”. Simplesmente um clássico absoluto!



O Senhor dos Anéis - As Sociedade do Anel ganhou os Oscars de Melhor Fotografia, Trilha Sonora, Efeitos Visuais e Maquiagem, tendo sido indicado também nas categorias de Melhor Filme, Direção, Ator Coadjuvante (Ian McKellen), Direção de Arte, Edição, Figurino, Mixagem de Som, Roteiro Adaptado e Melhor Canção Original


O Senhor dos Anéis - As Duas Torres ganhou os Oscars de Melhor Edição de Som e Efeitos Especiais, tendo sido indicado também nas categorias de Melhor Filme, Edição, Direção de Arte e Mixagem de Som.

O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei ganhou cada um dos Oscars a que concorreu, sendo eles os de Melhor Filme, Direção, Roteiro Adaptado, Edição, Direção de Arte, Figurino, Maquiagem, Canção Original, Edição de Som, Efeitos Especiais e Trilha Sonora Original.


Um comentário:

  1. Matrix e Senhor dos Anéis talvez tenham sido as grandes produções cinematográficas comercias da década passada. Comparando com S. dos Anéis H. Potter parece novela da globo, tipo Malhação. Que me desculpem os fãs!
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    http://algunsfilmes.blogspot.com/

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